Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
20/03/2008 - 18h02

Leia íntegra do bate-papo com Alencar Izidoro sobre pacote para tentar desafogar trânsito em SP

Publicidade

da Folha Online

O jornalista Alencar Izidoro, 30, participou nesta quinta-feira de bate-papo sobre o pacote anticongestionamento lançado hoje pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

Participaram do bate-papo 186 pessoas.

O texto abaixo reproduz exatamente a maneira como os participantes digitaram suas perguntas e respostas.

*

Bem-vindo ao Bate-papo com Convidados do UOL. Converse agora com o jornalista Alencar Izidoro sobre o pacote anticongestionamento anunciado ontem pela prefeitura de São Paulo. Para enviar sua pergunta, selecione o nome do convidado no menu de participantes. É o primeiro da lista.

(05:02:26) Alencar Izidoro: Caros e caras, muito boa tarde, estou à disposição de todos.

(05:04:50) diego fala para Alencar Izidoro: quais são as principais mudanças trazidas pelo pacote?

(05:06:42) Alencar Izidoro: Caro diego, são poucas. As principais são: 1) maior restrição de estacionamento e carga e descarga em 17 trechos de vias; 2) 19 pequenas obras principalmente em corredores de ônibus; 3) Divulgação de 175 rotas alternativas.

(05:06:57) Paulistano fala para Alencar Izidoro: Oi Alencar... Essas medidas foram para inglês ver, não foi? Pois as rotas alternativas todo mundo sabe....

(05:08:52) Alencar Izidoro: Caro Paulistano, realmente essa é a sensação. A prefeitura diz que elas são resultado de seis meses de estudos. Mas a sensação é de que só pegaram um conjunto de medidas básicas operacionais, que já vinham sendo feitas sem alarde, para divulgá-las em forma de pacote, como uma resposta aos recordes seguidos de trânsito.

(05:09:04) anasp fala para Alencar Izidoro: olá, alencar... vc acha que o impacto dos tuneis da marta foi positivo? valeu o investimento? resolveu alguma coisa? bjs

(05:11:03) Alencar Izidoro: Cara anasp, acredito que não foi positivo e não valeu aquele investimento. Os congestionamentos continuam naquela região e mesmo a fluidez do ônibus no corredor está afetada: justamente aquele cruzamento da Rebouças com a Faria Lima é um dos principais "gargalos" do transporte coletivo.

(05:11:21) carloM fala para Alencar Izidoro: porque é tão difícil proibir de vez a circulação de caminhões pela cidade entre 7h e 20h? Moro perto da rua Alvarenga, no butantã, que é uma verdadeira rodovia no meio da cidade (dos caminhões que vão da marginal pinheiros para a régis).

(05:13:15) Alencar Izidoro: Caro carloM, uma das principais dificuldades é que essa medida envolve impactos econômicos. O comércio, por exemplo, teria que se estruturar para ter gente à disposição para receber as entregas em horário alternativo.

(05:13:27) Fernanda fala para Alencar Izidoro: Oi, Alencar. Muito se falar em pedágios urbanos e alguns países já adotaram esse sistema? O que vc acha da implementação em SP? E sobre promover um espécie de "rodízio" para caminhões. Tenho a impressão de que eles comprometem mto o tráfico nos horários de pico.

(05:16:35) Alencar Izidoro: Cara Fernanda, acredito que, logo depois das eleições deste ano, SP deverá testar alguma restrição mais radical ao uso do carro, como algum pedágio urbano. Ainda que seja de forma gradual, será inevitável _porque a quantidade de carros nas ruas só aumenta e não há como expandir a malha viária nesse ritmo. O grande problema é a falta de alternativas do transporte coletivo. Mas quando a classe média for "forçada" a deixar seu carro na garagem, certamente vai aumentar a pressão da opinião pública para a melhoria rápida dos ônibus e crescimento acelerado do metrô.

(05:16:41) Cristiano fala para Alencar Izidoro: Alencar...insisto...fale um pouco sobre as condições de trânsito da rua Teodoro Sampaio

(05:18:32) Alencar Izidoro: Caro Cristiano, as condições de trânsito na Teodoro Sampaio são péssimas, inclusive aos sábados. O problema é que se trata de uma via comercial estreita e com grande tráfego não só de carros como também de ônibus. O pior é que, aos sábados, por exemplo, os ônibus nem mesmo têm a faixa da direita exclusiva.

(05:18:32) Maurício-SP fala para Alencar Izidoro: mas alencar, note que essa "pressão" é feita às avessas... é o poder público forçando a classe média para forçar o poder público!

(05:21:00) Alencar Izidoro: Caro Maurício-SP, infelizmente acredito que seja inevitável, porque a classe média pouco se mobiliza para a melhoria do transporte coletivo. Todo mundo reclama que quer andar mais rápido com seu carro. Mas isso é inviável. As reclamações por mais corredores de ônibus e até metrô são muito menos enfáticas. E aposto que muita gente não deixaria seu carro na garagem mesmo se tivesse uma estação de metrô ao lado de casa.

(05:21:06) jefferson fala para Alencar Izidoro: e o transporte público nao esta no limite? viu o que aconteceu quando veio o bilhete unico - estacoes de trem e metro lotadas! imagina se vier pedagio na cidade... nao acha que será o inferno? há condições de se absorver toda a demanda que virá?

(05:24:56) Alencar Izidoro: Caro jefferson, concordo que hoje não haveria condições de absorver essa demanda. O ideal é que haja um plano acelerado simultâneo, com prazos fixados: a partir de 2010, por exemplo, prefeitura e Estado se comprometem que haverá mais x corredores de ônibus e y km de metrô (algo que seja viável, dos planos que já estão em andamento, e não aquele sonho de já aumentar de 60 km para 200 km a malha metroviária no curto prazo). E nessa mesma data começa a cobrança de pedágio urbano.

(05:25:08) zedo fala para Alencar Izidoro: Olá todos. Acho primeiramente que todas as obras anunciadas são emergenciais, mesmo que relativamene caras, e não atacam a raiz dos problemas. As perguntas mais imediatas são: 1) Se se pede ao morador que deixe seu carro em casa, ele vai como para o trabalho ? Se se paga pedágio, o que se fará com o dinheiro? E o projeto carona, porque não se fala mais dele?

(05:28:25) Alencar Izidoro: Caro zedo: hoje muitos não vão ao trabalho de transporte público por conta das más condições e superlotação, mas outros muitos, que eu conheço de perto, não fazer isso porque simplesmente é e sempre será mais cômodo andar de carro (essa é uma lógica mundial). O plano ideal, na minha opinião, é que esse dinheiro do pedágio seja carimbado por lei na expansão do transporte público (e buscar meios de evitar que seja mais uma cpmf...) Quanto ao projeto carona, é realmente importante, como forma de uso racional do automóvel, mas nada que seja uma solução estrutural do trânsito.

(05:28:31) Dennis50 fala para Alencar Izidoro: bom tarde. é fácil perceber o que está errado com o corredor de ônibus da rebouças, em especial nos cruzamentos com a faria lima e com a paulista: existem mais de 30 linhas diferentes passando exatamente pelo mesmo corredor, que deveria funcionar como uma "linha de metro". Com um plataforma de embarque pequena e cada passageiro querendo pegar "O" seu ônibus "especifico", não ha como não haver as filas de até 40 ônibus parados nesses cruzamentos. minha dúvida: PORQUE NÃO TEMOS EM SÃO PAULO UM SITEMA COMO OS DE CIDADES COMO MADRI, BERLIM E PARIS, EM QUE UMA ÚNICA EMPRESA É RESPONSÁVEL POR COORDENAR TODOS OS ÔNIBUS DA CIDADE? QUAL É PODER DA SPTRANS? ELA APITA DE FATO ALGUMA COISA OU PRECISA AGRADAR A TODAS AS EMPRESAS DE ONIBUS, DEIXANDO QUE MAIS DE 30 LINHAS DIFERENTES CIRCULEM PELA MESMA VIA APENAS PARA GANHAREM DINHEIRO?

(05:32:32) Alencar Izidoro: Caro Dennis50, essa opção de uma única empresa responsável pelos ônibus só seria viável em SP se ela fosse pública, como a antiga CMTC (com os devidos impactos que isso pode acarretar, como alta dos custos). Ter um monopólio privado na mão de um único operador em SP poderia deixar a cidade ainda mais refém das viações em período de greve, por exemplo.

(05:32:44) Maurício-SP fala para Alencar Izidoro: e na sua opinião, quais seriam as formas mais viáveis para essas reclamações fossem levadas em conta, ou que fossem mais enfáticas? quais as formas mais eficazes de se pressionar o poder público neste aspecto?

(05:35:35) Alencar Izidoro: Caro Maurício-SP, são muitas as formas de pressionar poder público. Por exemplo, as manifestações que fizeram dias atrás na zona sul, na M´Boi Mirim, já trouxeram algum resultado. Imagine algo do tipo nos Jardins ou em Pinheiros? Esse é só um exemplo. Toda reclamação (tanto para a imprensa, como para a prefeitura, como na conversa e na discussão do dia-a-dia) pode ter algum impacto quando começar a se acumular.

(05:35:41) ponciano fala para Alencar Izidoro: A iniciativa privada poderia contribuir de alguma forma para diminuir o numero de carros na cidade?

(05:37:30) Alencar Izidoro: Caro ponciano, depende do que vc quer dizer com iniciativa privada. Por exemplo, se as empresas adotarem maior flexibilidade nos horários de trabalho, certamente ajuda a atenuar os congestionamentos. Se elas adotarem sistemas alternativos de transporte de seus funcionários (por exemplo, ônibus fretados), também. O problema não é necessariamente a quantidade de veículos, mas a utilização que se faz dele.

(05:37:36) paradometro fala para Alencar Izidoro: para a melhoria do transito em São Paulo, não seria suficiente apenas retirar de circulação os veiculos em mau estado de conservação, os que estão com os impostos atrasados, os que os valores das multas superam em muito o proprio valor, os clonados e os roubados?

(05:39:12) Alencar Izidoro: Caro paradometro, essa certamente seria uma medida urgente e importante, embora não suficiente por si só. Hoje estima-se que um terço da frota é irregular (não paga IPVA, licenciamento nem multas). Mas muitos também buscariam a regularização se houvesse risco grande de apreensão.

(05:39:12) diego fala para Alencar Izidoro: O Kassab só está está tentando aparacer? ou esses medidas são realmente importantes?

(05:40:30) Alencar Izidoro: Caro diego, essas medidas são, em geral, boas, mas com efeito muito tímido, pouco expressivas. Ações desse tipo nem precisavam de alarde (muito menos de suposto estudo de seis meses), deveriam ser corriqueiras.

(05:40:36) anasp fala para Alencar Izidoro: a maior parte das medidas dizem respeito à zona sul da cidade... porque ela é a de transito mais complicado? porque chegou a esse ponto?

(05:41:09) zedo fala para Maurício-SP: Caros, o trânsito não pode ser visto como um problema de hidráulica, mas sim de urbanismo. A prefeitura tem que escolher as áreas na cidade para estruturar totalmente, fomentando novos usos e novo sistema viário. O cara tem de morar, trabalhar e se divertir no bairro. A iniciativa privada já inventou isso, com os condomínios híbridos res/com.

(05:43:36) Alencar Izidoro: Cara anasp, por um lado a zona sul é realmente a mais carente em transporte (pelo fato de ser servida de forma bem precária pela rede sobre trilhos; a linha 5 do metrô, hoje, não liga praticamente nada). Por outro lado, certamente a maioria foi para a zona sul como resposta ao protesto ocorrido lá nas últimas semanas e à crise de transporte que a região vive desde final de 2007, quando uma cooperativa de ônibus deixou de operar, prejudicando desde então milhares de pessoas.

(05:43:48) Fornalha fala para Alencar Izidoro: Alencar, o que acha de ampliar radicalmente o rodízio: um dia só circulam os pares e no outro os ímpares e assim sucessivamente?

(05:45:34) Alencar Izidoro: Caro Fornalha, eu acho que não seria ideal porque repetiria aquele fenômeno de estimular as pessoas a comprar um segundo veículo só para escapar da restrição. A taxação diária pelo uso do carro, na minha avaliação, seria mais eficiente e permitira angariar verba para expansão do metrô e dos corredores de ônibus.

(05:45:34) Claudio fala para Alencar Izidoro: Olá, eu sempre pensei numa possibilidade que seria pouco confortável para ser feita, que é a mudança de horário na saida e entrada do trabalho ordenadamente. Por exemplo, firmas que trabalham em setores de informática poderiam entrar, vamos supor, as 10 da manhã e sair as 19 horas. Outros entrar as 8, 9 e 11 da manhã e sair mais tarde ou mais cedo dependendo da hora que entra ou sai, concluindo 9 horas de trabalho. A questão de todo mundo sair e entrar mais ou menos sempre na mesma hora no trabalho, não atrapalha demais também?

(05:46:21) zedo fala para Todos: Essa foto lembra um trem meio besta, onde todos os vagões são locomotores. A prefeitura escolheu corredores ao invés de trens de superfície, na esperança de inaugurá-los na sua gestão e com menos dinheiro.

(05:48:47) Alencar Izidoro: Caro Claudio, sem dúvida atrapalha e é ideal que haja um novo escalonamento dos horários. Mas não é uma solução definitiva. Primeiro porque os congestionamentos crescem de forma ainda mais acentuada fora dos picos (ou seja, quem sai de casa às 11h hoje já enfrenta engarrafamento). Segundo porque é preciso que SP passe por um planejamento urbano de longo prazo para que as pessoas morem mais próximas dos pólos de trabalho. É prejudicial para todas as partes quando um trabalhador tem que rodar 40 km para chegar ao serviço.

(05:48:53) prego fala para Alencar Izidoro: Alencar o tão falado Rodoanel será solução definitiva para o problema nas marginais? e a regiaão central? Será também beneficiada?

(05:51:02) Alencar Izidoro: Caro prego, longe de ser uma solução definitiva. Ela ajudará, mas não tanto como alguns pensam. A maioria dos caminhões não entra em SP só de passagem, mas sim para fazer entregas, abastecer comércio inclusive da região central. Ou seja, Rodoanel ajuda, mas não de forma radical. E os problemas do trÂnsito de SP não são só os caminhões.

(05:51:14) Wanderley pergunta para Alencar Izidoro: Porque os caminhôes e carros velhos circulam facilmente pelas avenidas? Se tirá=los de circulação, o transito vai melhorar 50%, falta Atitude das autoridades

(05:53:30) Alencar Izidoro: Caro Wanderley, eles circulam facilmente porque hoje não há ações significativas da PM para fiscalizá-los (essa é atribuição da PM, não da CET). Quantas vezes vc já foi parado numa blitze dentro da cidade para verificar sua habilitação e seu carro? Eu, em 12 anos de CNH, fui parado só uma vez.

(05:53:35) bob fala para Alencar Izidoro: nossas vias esburacadas, cheias de valetas e lombadas tambem não contribuem para o aumento do transito, eliminando estes obstaculos tambem não teriamos melhoras?

(05:53:42) zedo fala para Todos: O poder público poderia diminuir o ISS de empresas que estimulassem os seus funcionários a morar num raio de até 3 Km dela. O funcionário poderia vir até a pé.

(05:55:06) Alencar Izidoro: Caro bob, isso tem pouco efeito no congestionamento. Haveria melhoras só pontuais (e, em alguns casos, em prejuízo da segurança no trânsito).

(05:55:06) Mattoso pergunta para Alencar Izidoro: Você acha que o exemplo de Londres, que implantou um controle eletrônico para taxar os carros que circulam nas regiões de maior movimento, teria chance de dar certo em SP?

(05:56:12) Alencar Izidoro: Caro Mattoso, acho que teria chance de dar certo não como medida de curto prazo, mas de médio ou longo, conectada com um plano de melhoria do transporte coletivo.

(05:56:24) Claudio fala para Alencar Izidoro: Como conscientizar pessoas que usam o carro e não trabalham tão longe para ir de carro?

(05:58:56) Alencar Izidoro: Caro Claudio, a tendência natural do ser-humano é ser egoísta, quase todo mundo sempre vai preferir andar de carro, no ar-condicionado, sem ficar grudado com ninguém. A consientização envolev não só falar bastante desse tema (nas escolas, na mídia) como também pelas consequências práticas. Quando esse cara ficar 1 hora parado para andar 1 km de carro (enquanto um ônibuz faz em 10 minutos pelo corredor) talvez ele tome consciência.

(05:59:20) Alencar Izidoro: Caros e caras, agradeço pelas perguntas e pelo debate. Satisfações

(05:59:32) Moderador/UOL: O Bate-papo UOL agradece a presença de Alencar Izidoro e de todos os internautas. Até o próximo!

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página