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22/09/2002 - 03h42

Catedral da Sé reabre ao público no próximo domingo

SÉRGIO DURAN
da Folha de S.Paulo

A catedral da Sé que reabre as portas no próximo domingo, em missa especial às 10h, não quer ser apenas o templo principal dos católicos paulistanos. Com vários projetos na área de museologia, a igreja quer contar a história da cidade, da qual serviu de cenário.

Em 29 meses de reforma, foram empenhados cerca de R$ 19,5 milhões. O dinheiro foi captado com a utilização das três leis (municipal, estadual e federal) de incentivo à cultura. Mesmo assim, o desafio aceito pelo arcebispo de São Paulo, cardeal dom Claudio Hummes, não foi vencido. Restam R$ 3,5 milhões para captar.

A idéia da catedral-museu permitiu a utilização das leis. Além disso, reflete uma das mais novas preocupações do Vaticano -a catalogação do patrimônio cultural da igreja. Durante o período das obras, foi criada a Comissão para os Bens Culturais da Igreja da Arquidiocese de São Paulo.

O padre, restaurador e artista plástico João Luiz Miqueletti, 38, membro da comissão, considera inúmeras as possíveis exposições da catedral. "Mesmo os arquivos da mitra guardam a história da cidade, de julgamentos por bruxaria, por exemplo, de uma época na qual não havia Estado, só a igreja", diz. "Na Sé, há paramentos e objetos muito antigos."

Segundo o arquiteto Paulo Bastos, autor do projeto de restauro, a reforma abriu diversas possibilidades de visitação. "Uma delas é o telhado da igreja, ao redor da cúpula, que ganhou peitoril. Há certos detalhes da construção que passam despercebidos", afirma. "A Sé assistiu a todo o desenvolvimento econômico e político da metrópole, e tudo isso está lá."

O que desperta mais interesse no arquiteto, no entanto, é a visitação ao alpendre na porta da catedral. "Há uma vista belíssima." É desse local que surgirá a obra mais ousada. Bastos planeja promover escavações na praça para descobrir restos ou fundações do casario da antiga vila colonial.

"Pretendemos marcar no chão o desenho urbano que havia ali, e, onde for encontrada alguma coisa, instalar um piso transparente para que possa ser observada. Na cripta da igreja do Pátio do Colégio, foram encontradas fundações do antigo colégio jesuíta", diz.

A criação e o desenvolvimento da unidade museológica da catedral faz parte da segunda etapa do projeto, que inclui ainda o restauro do órgão de 10 mil tubos, entre outras obras. Por hora, as exposições e atividades serão restritas.

Antes que a arqueologia entre em cena, os visitantes terão uma nova catedral à disposição. "Os problemas da Sé, as trincas, o telhado avariado, a iluminação insuficiente, as instalações elétricas precárias, o granito sujo, tudo isso dava um aspecto de penumbra. Limpa, reformada e iluminada com um projeto especial, parece outra igreja. As pessoas vão se surpreender", afirma a engenheira Maria Aparecida Soukef Nasser, 42, responsável pela obra.

Segundo ela, a situação da catedral era de pôr medo em qualquer um. "As trincas eram generalizadas." Mesmo assim, a interdição do templo pelo Contru (Departamento de Controle de Uso de Imóveis), em julho de 1999, irritou paroquianos e padres.

"Eu enxerguei um pouco de exagero, mas assinei o auto de interdição", conta o cônego José Pedro dos Santos. O motivo da ação foi um tijolo que se desprendeu da parte interna da cúpula e caiu no meio do corredor central.

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