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08/10/2002
-
13h15
da Folha Online
O professor Erivaldo da Silva Teixeira, de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, disse ter sido vítima de abuso de autoridade e discriminação na delegacia do município. A denúncia foi feita às comissões de Direitos Humanos e do Negro e Assuntos Antidiscriminatórios da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em São Paulo.
Teixeira, que dá aulas para 1.600 alunos das redes estadual e municipal de Ubatuba, disse que, no último dia 4, quando seguia para o ponto de ônibus com destino a São Paulo, onde faz curso de especialização em Psicologia e Educação na USP, foi abordado por policiais. Eles desconfiaram que ele era o maníaco de Guarulhos, que violenta e estrangula mulheres.
Segundo o professor, ele foi revistado e detido para averiguação. Quando começou a chorar, os policiais ficaram agressivos e gritaram. "Ele afirmou que os policiais disseram coisas absurdas, que são impublicáveis", disse o advogado Alexandre Trevizzano, da Comissão de Direitos Humanos.
De acordo com o professor, o delegado do município afirmou que ele tinha 95% de chance de ser o maníaco. Ele disse para advogados da OAB que foi mantido no pátio interno da delegacia, onde foi exposto "à curiosidade popular". "Lá, ele disse que ficou incomunicável e as pessoas ficavam olhando para ele e comentando que ele parecia o maníaco", disse Trevizzano
Teixeira afirmou que, depois, foi levado para a sala do delegado, onde teve bolsa e documentos revistados. O professor disse também que o delegado perguntou-lhe sobre nomes em agenda, canhoto de cheque, sobre sua origem nordestina e opção sexual. O professor afirmou que teve a casa revistada e que não lhe foi mostrado o suposto mandado de busca e apreensão.
Depois, ainda segundo o professor, ele ficou cerca de uma hora em uma pequena cela, quando foi submetido a identificação de uma mulher que teria sido vítima de um maníaco.
Intervenção
Segundo Trevizzano, o professor foi liberado posteriormente após a intervenção de uma advogada. "Um professor amigo dele ficou sabendo do caso e pediu ajuda para a advogada, que trabalha para quilombolas remanescentes na região", disse.
"Se a polícia tem uma suspeita, ela tem o direito e dever de abordar a pessoa e levá-la para a delegacia, mas de forma digna. Ninguém pode ser colocado em uma situação constrangedora", afirmou o advogado. Segundo ele, todos têm o direito de ligar para advogados, amigos ou parentes de dentro do DP.
A OAB vai encaminhar a denúncia para a Secretaria da Segurança Pública e pedir apuração. A secretaria informou que não comenta o caso até receber os documentos. O mesmo foi dito pelo delegado do Deinter 1 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), Antonio Carlos Gonçalves. "Estamos aguardando a comunicação da OAB. Não podemos trabalhar sem nada nas mãos. Quando recebermos a denúncia, tomaremos providências", disse.
O delegado acusado pelo professor foi procurado pela Folha Online, mas ele não estava na delegacia.
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MILENA BUOSIda Folha Online
O professor Erivaldo da Silva Teixeira, de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, disse ter sido vítima de abuso de autoridade e discriminação na delegacia do município. A denúncia foi feita às comissões de Direitos Humanos e do Negro e Assuntos Antidiscriminatórios da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em São Paulo.
Teixeira, que dá aulas para 1.600 alunos das redes estadual e municipal de Ubatuba, disse que, no último dia 4, quando seguia para o ponto de ônibus com destino a São Paulo, onde faz curso de especialização em Psicologia e Educação na USP, foi abordado por policiais. Eles desconfiaram que ele era o maníaco de Guarulhos, que violenta e estrangula mulheres.
Segundo o professor, ele foi revistado e detido para averiguação. Quando começou a chorar, os policiais ficaram agressivos e gritaram. "Ele afirmou que os policiais disseram coisas absurdas, que são impublicáveis", disse o advogado Alexandre Trevizzano, da Comissão de Direitos Humanos.
De acordo com o professor, o delegado do município afirmou que ele tinha 95% de chance de ser o maníaco. Ele disse para advogados da OAB que foi mantido no pátio interno da delegacia, onde foi exposto "à curiosidade popular". "Lá, ele disse que ficou incomunicável e as pessoas ficavam olhando para ele e comentando que ele parecia o maníaco", disse Trevizzano
Teixeira afirmou que, depois, foi levado para a sala do delegado, onde teve bolsa e documentos revistados. O professor disse também que o delegado perguntou-lhe sobre nomes em agenda, canhoto de cheque, sobre sua origem nordestina e opção sexual. O professor afirmou que teve a casa revistada e que não lhe foi mostrado o suposto mandado de busca e apreensão.
Depois, ainda segundo o professor, ele ficou cerca de uma hora em uma pequena cela, quando foi submetido a identificação de uma mulher que teria sido vítima de um maníaco.
Intervenção
Segundo Trevizzano, o professor foi liberado posteriormente após a intervenção de uma advogada. "Um professor amigo dele ficou sabendo do caso e pediu ajuda para a advogada, que trabalha para quilombolas remanescentes na região", disse.
"Se a polícia tem uma suspeita, ela tem o direito e dever de abordar a pessoa e levá-la para a delegacia, mas de forma digna. Ninguém pode ser colocado em uma situação constrangedora", afirmou o advogado. Segundo ele, todos têm o direito de ligar para advogados, amigos ou parentes de dentro do DP.
A OAB vai encaminhar a denúncia para a Secretaria da Segurança Pública e pedir apuração. A secretaria informou que não comenta o caso até receber os documentos. O mesmo foi dito pelo delegado do Deinter 1 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), Antonio Carlos Gonçalves. "Estamos aguardando a comunicação da OAB. Não podemos trabalhar sem nada nas mãos. Quando recebermos a denúncia, tomaremos providências", disse.
O delegado acusado pelo professor foi procurado pela Folha Online, mas ele não estava na delegacia.
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