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27/02/2003 - 13h34

Alckmin afirma que Beira-Mar não ficará mais de um mês em SP

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da Folha Online

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou que o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, não ficará no Estado por mais de 30 dias.

O Rio pediu a saída do traficante ao governo federal, que estabeleceu acordo com o governo de São Paulo para que Beira-Mar fique por um mês no Estado.

O criminoso foi levado nesta madrugada ao presídio de Presidente Bernardes (589 km de SP), considerado o mais seguro do país.

"Foi um apelo do governo federal, dele ficar por 30 dias, não mais do que isso", ressaltou Alckmin. "Ele ficará em São Paulo até que o governo federal, nesses 30 dias, arrume uma solução."

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, discutem hoje a violência no Rio e o destino do traficante.

Alckmin disse ainda que a transferência ocorreu em uma situação de emergência e de crise no Rio de Janeiro.

"O governo federal não tem uma penitenciária de segurança máxima, e São Paulo tem a mais segura do país. Considerando que há uma situação de emergência, e temos condições de ajudar, é nosso dever prestar essa colaboração", disse.

Alckmin lembrou que traficantes ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) já permaneceram em presídios de outros Estados, como o Rio Grande do Sul.

Beira-Mar pertence ao Comando Vermelho, facção apontada pelo governo do Rio como responsável pela onda de violência na cidade nos últimos dias.

Transferência

Beira-Mar chegou por volta das 3h45 no aeroporto de Presidente Prudente, distante cerca de 20 quilômetros de Presidente Bernardes, em um monomotor Cessna da FAB.

A escolta do traficante até o presídio foi feita sob um grande aparato policial, que contou com cerca de 44 homens das polícias Civil, Militar e Federal, em 12 carros.

Inaugurado em abril do ano passado, o presídio foi o primeiro a contar com um sistema de bloqueador de celular, principal meio de articulação de facções criminosas.

O presídio tem capacidade para 160 detentos, mas abriga 61. Para o local, são transferidos os criminosos de maior periculosidade, como integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) estão na penitenciária. Eles ficam em celas isoladas, com 2,5 metros por 2,5 metros. As portas são abertas para cima, e não lateralmente.

Os presos não têm direito a visitas e não mantêm contato direto com advogados: as conversas ocorrem por meio de vidros. Os advogados também precisam passar por detectores de metal.

Cada preso pode tomar sol por apenas uma hora diária. Eles saem das celas em grupos de cinco pessoas.

A muralha tem oito metros de altura. Outros dois metros de concreto ficam sob o solo, além de uma placa de aço, para evitar a construção de túneis.

O presídio possui um sistema interno de câmeras de vigilância. Além dos PMs de muralha, 92 agentes penitenciários se revezam em três turnos. Alguns ficam espalhados pelo pátio com cães treinados.

O secretário Nagashi Furukawa, e o coordenador de unidades prisionais da área oeste, Carlos Augusto Panucci, visitam e conversam com o diretor do local pelo menos uma vez ao mês.

Gravações

Beira-Mar é apontado como o responsável pelas ações criminosas que atingem o Rio desde segunda-feira.

Gravações feitas com autorização judicial pela Polícia Civil do Rio captaram conversas em que detentos dos presídios Bangu 3 e 4 transmitiam a traficantes em liberdade, via telefone celular, instruções para as ações violentas que trouxeram pânico à capital e a mais cinco cidades do Grande Rio.

Os presos diziam, segundo a polícia, que seguiam ordens de líderes da facção criminosa CV (Comando Vermelho) presos em Bangu 1.

Nas gravações, os detentos citaram como mandantes Fernandinho Beira-Mar, Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, Isaías da Costa Rodrigues, o Isaías do Borel, Marcus Vinícius da Silva, o Lambari, e Marcos Antônio da Silva Tavares, o Marquinhos Niterói.

Também na última segunda-feira, um panfleto distribuído em vários pontos do Rio reivindicava para a organização a autoria dos ataques incendiários a ônibus, ameaças a comerciantes, saques a mercados e atentados com bombas de fabricação caseira.

Polêmica

A possibilidade de transferir Beira-Mar já havia sido cogitada anteriormente. No entanto, não havia obtido sucesso por conta da polêmica entre os governantes.

Em setembro de 2002, o secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, disse que não fazia objeções à transferência de Beira-Mar.

Nesta quarta-feira, após discussões sobre o destino do traficante, o secretário da Administração Penitenciária do Rio, Astério Pereira dos Santos, afirmou que a transferência de Beira-Mar, além de ser de interesse público, tinha amparo legal.

Segundo o secretário, afastar os criminosos de maior periculosidade do local de origem é importante para desarticular o crime organizado

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