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20/06/2003 - 21h23

Inglês diz que não sabia ser crime relações sexuais com menores

KAMILA FERNANDES
da Agência Folha, em Fortaleza

O turista inglês David Bregmann, 25, afirmou que não sabia que no Brasil é crime manter relações sexuais com menores de 18 anos. Bregmann foi preso na manhã de ontem ao lado de três adolescentes, uma de 13 anos e as outras duas de 15 anos, em uma casa de praia em Caucaia, região metropolitana de Fortaleza.

Cinco horas antes da prisão, o inglês já havia sido flagrado pela Agência Folha passeando na avenida Beira-Mar, em Fortaleza, com as três garotas. A reportagem chegou a seguir o turista, que usava um carro alugado. Ele deixou as duas meninas de 15 anos em frente a bares na praia de Iracema, hoje um dos principais pontos de prostituição da cidade, e seguiu apenas com a mais nova para a casa na praia.

A Agência Folha apurou que o inglês negou à polícia que soubesse que as adolescentes se prostituíam e disse que nunca pagou nada a elas, a não ser comida. Apesar de desconhecer que no Brasil é proibida a prática sexual com menores, Bregmann disse saber que no Reino Unido é crime.

J.Oliveira/Folha Imagem

Inglês preso com três menores no Ceará

O inglês está preso na Delegacia de Capturas, em Fortaleza, e tem se recusado a dar entrevistas --ele agrediu um fotógrafo. O turista vai responder por crime de estupro, exploração sexual de menores e corrupção ativa.

Ele está no país desde abril, quando chegou ao Rio de Janeiro, e se fixou em Fortaleza no começo deste mês. Logo que desembarcou na cidade, foi para um hotel, mas em seguida decidiu alugar a casa de praia. Hotéis e flats passaram a ter fiscalização redobrada da polícia depois de duas CPIs sobre a exploração sexual de crianças e adolescentes realizadas pela Câmara Municipal de Fortaleza.

Bregmann afirmou ainda que conheceu as três meninas na Beira-Mar logo que chegou à cidade e que elas insistiam em sair com ele. No dia do flagrante, o inglês disse que elas é que foram sozinhas à casa dele, bêbadas, fizeram muito barulho para entrar e que dormiram lá.

As fotos tiradas pela Agência Folha serão anexadas ao inquérito policial que investiga o caso para ajudar a provar que o inglês já estava com as adolescentes horas antes da prisão.

Sobre as duas camisinhas usadas encontradas ao lado da cama onde as meninas dormiam sem roupas, ele disse que haviam sido usadas no dia anterior.

O computador e os CDs encontrados na casa irão passar por perícia e o resultado deverá ser divulgado na próxima semana. Também foram encontrados na casa com o inglês 26 comprimidos de um medicamento similar ao Viagra.

As três meninas já foram liberadas pela polícia, com o aval da família, e terão o acompanhamento do projeto Sentinela, do governo federal, que irá monitorá-las, para que não voltem à prostituição, e encaminhá-las a cursos profissionalizantes.

O advogado do inglês, Mourão Júnior, informou que até segunda-feira irá entrar com pedido de liberdade provisória na Justiça, porque ele é "inocente". "Ele veio para o Brasil estudar literatura, tinha o sonho de conhecer o país. A polícia está exagerando, como colocar estupro se nem houve relação sexual com as meninas?"

Exploração

Para a psicóloga Maria Elismar Santander, ex-agente da Polícia Federal que atuou durante cinco meses com meninas prostituídas na praia de Iracema, as adolescentes não se sentem exploradas. "Elas dizem que elas é que exploram o gringo, pedem dinheiro, comida, roupas."

Por não se sentirem exploradas, as três adolescentes negaram ter tido relações sexuais com o inglês. Elas, porém, chegaram a pedir a policiais, na Dececa (Delegacia de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes), logo depois da prisão, que cobrassem os US$ 50 que o turista teria prometido a elas.


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