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12/07/2003 - 17h02

Pinotti diz que Marta é bem intencionada, mas aboliria taxas

SILVIO NAVARRO
da Folha Online

Voz ainda tímida à sucessão municipal em São Paulo, o médico e deputado federal José Aristodemo Pinotti, 68, deverá ser o nome do PMDB para tentar retomar a prefeitura paulistana após mais de duas décadas.

Divulgação

José A. Pinotti

Para lançar seu nome, Pinotti terá ainda que dobrar a resistência de uma parte do próprio partido. E, uma vez em campanha, defenderia o fim de tributos criados pela atual gestão e até um leilão da dívida ativa do município --cerca de R$ 6 bilhões.

Leia abaixo trechos da entrevista concedida à Folha Online.

Folha Online - O senhor pretende concorrer à Prefeitura de São Paulo em 2004?
José Pinotti - O meu partido se reuniu e fez uma prévia e foi votado por 98%. Agora tem que ser referendado.

Folha Online - O PMDB aceitaria integrar uma chapa com o PT?
Pinotti - No primeiro turno a vontade expressa pelo partido na última reunião foi de candidato próprio.

Folha Online - O senhor concorda com as taxas do lixo, da iluminação elétrica e as mudanças no cálculo do IPTU?
Pinotti - Eu acho que a Marta deve ter sido até bem intencionada, mas não dá para agravar a situação fiscal quando já temos um imposto que beira 37% do PIB [Produto Interno Bruto] e tem cara de confisco. O Brasil é o terceiro ou quarto país do mundo em taxação fiscal.

Folha Online - E qual a alternativa para arrecadar sem esses impostos?
Pinotti - Temos que ter mais criatividade, fazer estratégias financeiras, por exemplo, São Paulo tem R$ 6 bilhões de dívida ativa, por que não colocá-la em leilão? Mesmo que se obtenha R$ 2 bilhões ou R$ 3 bilhões já é dinheiro bastante para evitar impostos. O povo não tem mais condições de pagar mais impostos. Se fosse prefeito aboliria a taxa do lixo e não faria nenhuma taxa nova.

Folha Online - Para o senhor quais são os principais problemas que a cidade enfrenta na atualidade?
Pinotti - Para ser bem sintético, o grande problema é o enorme fosso entre a potencialidade da cidade e a péssima qualidade de vida. Para melhorar é preciso uma boa administração... outras cidades melhoraram.

Folha Online - E qual área o senhor acha que passa por mais dificuldades? Como fazer para revertê-las?
Pinotti - Seguramente o que o povo mais pede é segurança, transporte e saúde. Penso que isso deve ser resolvido de maneira mais global, através da descentralização da administração, da escolha de um secretariado que tenha boas condições, porque em São Paulo você tem a opção de buscar pessoas de altíssima qualidade. E através da integração desses setores.

Folha Online - Como o senhor vê a crise que a prefeita enfrentou no setor dos Transportes. Acredita que o problema será sanado?
Pinotti - Acho que o que ela está fazendo um grande e louvável esforço, que vai redundar em vantagens, mas tem alguns problemas, porque o "sistema tronco alimentado" é um modelo que requer baldeação, o que é incômodo para os passageiros. Torço para dar certo, mas acho que não vai dar. Penso que a solução é através de crescimento do sistema de alta capacidade, o metrô e o CBTU [Companhia Brasileira de Trens Urbanos], que é fantástico em São Paulo. São 270 quilômetros de linha térrea pouco ativada, dá para concluir três ou quatro linhas, com custo mais barato que o do metrô, e transportaria 5 milhões de pessoas por dia. Não há nenhuma cidade no mundo onde o governo federal não ajuda as cidades.

Folha Online - A prefeita acerta em continuar a obra do Paulistão (antigo Fura-Fila)? O senhor concorda com a construção de corredores de ônibus?
Pinotti - O Fura-Fila foi uma obra do Duda Mendonça [publicitário] que o Pitta [Celso, ex-prefeito] levou a sério. Já se gastou muito dinheiro, mas tenho impressão que é melhor dar continuidade do que parar. O Fura-Fila é mais barato do que metrô e a essa altura, já que ela optou e foi gasto tanto dinheiro, é melhor seguir em frente. Quanto aos corredores de ônibus, eles deixam a cidade feia, mas melhoram o transporte coletivo. Esse dilema se resolve com transporte de massa e com linhas férreas.

Folha Online - E como resolver questões com os camelôs espalhados pela cidade?
Pinotti - O problema dos camelôs é um problema social que decorre da situação econômica do Brasil.

Folha Online - O senhor acredita que haverá impacto das reformas nas contas do município?
Pinotti - A reforma tributária, se for aprovada do jeito que estamos imaginando, vai dar uma melhorada no município, porque uma parte dos recursos arrecadados vai ficar no município. A proposta do governo para a previdenciária tem um lado que melhora e outro que piora. Piora na agressão ao funcionário público, instrumento fundamental para as políticas públicas, que é o que o município mais faz. O lado bom é que se permite que o município crie fundos de pensão próprios.

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