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12/07/2003 - 17h04

Feldman diz que SP vive "infarto" nos transportes

SILVIO NAVARRO
da Folha Online

O médico e deputado federal Walter Feldman, 49, é o único tucano que assume que disputará a prévia do PSDB para tentar a sucessão municipal em São Paulo.

Divulgação

Walter Feldman

No entanto, para emplacar a sua candidatura terá que derrubar um nome indicado pelo governador Geraldo Alckmin, provavelmente um dos seus secretários. Ex-presidente da Assembléia Legislativa paulista, Feldman acha que São Paulo vive um caos no setor de transportes e defende o tempo todo a integração município-Estado.

Leia a seguir trechos da entrevista concedida à Folha Online.

Folha Online - O senhor pretende ser candidato à Prefeitura de SP em 2004?
Walter Feldman - Concorrer à Prefeitura de São Paulo é o sonho da minha existência, sonho um dia ser candidato e vou disputar a prévia do meu partido. Acho que a definição do candidato deverá sair em outubro, a um ano da eleição, é uma boa data.

Folha Online - Se candidato, qual seria a prioridade da sua campanha?
Feldman - Se desse certo, creio que as prioridades seriam encontrar a solução para o transporte e depois criar meios para o desenvolvimento, como incentivar o turismo. Outros dois pontos fundamentais seriam o combate à criminalidade e a ampliação do metrô.

Folha Online - Qual seria a vantagem que uma prefeitura tucana teria em relação à do PT?
Feldman - Como o governador é do PSDB, o caráter ético, a certeza de que o dinheiro estaria sendo bem aplicado. E ajudaria a encontrar saída para regiões metropolitanas. Presido a comissão metropolitana na Câmara e tenho me dedicado a achar soluções para essas áreas, o que também seria bom. Outra coisa: o PSDB não aumenta impostos e não podemos dizer o mesmo do PT que, aliás não tem um exemplo de paradigma de governo.

Folha Online - Para o senhor, quais são os principais problemas que a cidade enfrenta na atualidade?
Feldman - O problema mais grave é o transporte. Como médico, acho que nada funciona se vivemos num "infarto", temos anginas, qualquer deslocamento na cidade é dramático.

Folha Online - Mas como resolver esses problemas?
Feldman - É preciso atuar fortemente no transporte coletivo, necessariamente integrada com o governo estadual. Por exemplo, se você faz uma Linha 5 do metrô e a prefeitura não integra, não tem sentido... Todo o transporte de São Paulo deveria estar integrado, porque é precido priorizar qualquer investimento na ampliação do coletivo para desestimular o uso do automóvel. E acho que as ferrovias também, que hoje são subutilizadas. Às vezes, apesar de todo o esforço do Estado, a prefeitura não se interessa.

Folha Online - Como o senhor resolveria o problema dos camelôs, o mercado informal?
Feldman - Na cidade falta autoridade, é o equívoco dos setores mais à esquerda, que desaprenderam o uso da autoridade. Sou favorável ao comércio com lugares definidos, com tributo, mas de forma que não concorram com o comércio formal. E isso tem ligação com as subprefeituras, que são coniventes, porque falta fiscalização e há corrupção. O PT que nos acusava está privatizando o espaço público.

Folha Online - Como o senhor vê a crise que a prefeita enfrentou com as companhias de ônibus?
Feldman - A verdade é que houve uma deteriorização do sistema de ônibus de longa data. Todas as tentativas tiveram resultados parciais ou até recuaram e com isso houve ampliação inaceitável do transporte alternativo, que numa cidade como São Paulo precisaria ser complementar e regulamentado. As peruas e as lotações tentaram substituir os de grande capacidade e aconteceu o desastre.

Folha Online - O senhor concorda com as taxas do lixo, da iluminação e as mudanças no cálculo do IPTU? A cidade pode viver sem esses recursos?
Feldman - O Brasil está acima da capacidade de contribuição. sou membro da comissão de reforma tributária na Câmara e tenho estudado muito esta questão. O Estado hoje é o padrasto do desenvolvimento, porque se tributa muito e a contrapartida é pequena. Sempre que você tributa mais você arrecada menos, porque reduz a base, e essa sanha arrecadatória se manifesta muito forte na gestão da cidade. A Marta entrou com a seguinte ação: o cidadão paulistano paga pouco, então vou aumentar tudo o que for possível, vou aumentar o IPTU, criar taxas e o que acontece? Quem paga paga por outros que não pagam. Esse é um equívoco. Em suma, a sanha arrecadatória da prefeita não terá como contrapartida melhoria dos serviços, só resulta em protestos, ações na justiça, sonegação. Na minha avaliação grande parte da arrecadação irá para atividades que possam dar uma maquiagem à cidade.

Folha Online - O senhor acredita no impacto das reformas tributária e previdenciária nas contas do município?
Feldman - Essa matéria aprovada no Senado, do ISS [Imposto sobre Serviços], vai melhorar a arrecadação na cidade, mas tem o conflito ISS e ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] que pode gerar um desbalanço. Nós estamos fazendo lá [na Câmara federal] uma reforma de tributos, não uma reforma tributrária, porque aquela que o governo precisa é a da redução da carga e desoneração dos investimentos. O bolo tributário é mal distribuído, fazendo com que Estados e muinicípios percam percentualmente para a União. Ou seja, essa reforma não resolve.

Folha Online - Se prefeito, o senhor manteria as subprefeituras?
Feldman - As subprefeituras são fundamentais. Mas seria melhor se tivessem poder local real e orçamento próprio. Não se pode somente repassá-las para manter a maioria na Câmara. Isso é inaceitável.

Folha Online - A prefeita acerta nos recentes projetos de obras e na continuação do Paulistão (antigo Fura-Fila)?
Feldman - A obra do Fura-Fila é equivocada, mas foi iniciada e não pode ser abandonada. Eu jamais faria porque concorre com o metrô, gastou-se muito, mas é preciso terminá-la. Não pode deixar aquelas colunas horríveis, que passam imagem de abandono. Quanto ao corredor na avenida Rebouças, é preciso avaliar e ter cuidado porque pode degradar a cidade. Outra coisa: é uma administração intempestiva, ela [Marta Suplicy] vai fazendo e fazendo, não aprofunda as discussões na Câmara, a coisa só vai indo e pode deixar uma cicatriz na cidade.

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