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12/07/2003 - 17h06

Erundina busca alianças e critica educação municipal

SILVIO NAVARRO
da Folha Online

A candidatura da deputada federal Luiza Erundina, 68, (PSB) à Prefeitura de São Paulo em 2004 não surpreende. Mas a hipótese da ex-petista concorrer ou ser apoiada pelo PSDB pegaria o eleitorado de surpresa.

Divulgação

Luiza Erundina

Para os tucanos, Erundina --que perdeu a eleição para Marta Suplicy em 2000-- seria uma alternativa para barrar o PT caso o partido não emplaque um nome. A estratégia da ex-prefeita (1988-92) é apontar falhas justamente na Educação, vitrine de Marta para a reeleição.

Leia a seguir trechos da entrevista concedida à Folha Online:

Folha Online - A senhora pretende ser candidata à Prefeitura de São Paulo em 2004?
Luiza Erundina - Ainda não sou candidata. Mas o meu nome é cogitado porque o PSB tem interesse de lançar um nome.

Folha Online - A senhora seria candidata pelo PSDB?
Erundina - Uma aliança com o PSDB não está descartada. Tenho ouvido manifestações do PSDB de caminharmos juntos. Se não for possível no primeiro turno, talvez no segundo. Eu pretendo não só disputar as eleições com um amplo arco de alianças, mas governar com essas forças políticas partidárias.

Folha Online - Quais seriam as prioridades de sua campanha?
Erundina - Educação, Saúde e Transportes. Começaria pela Educação, retornando os recursos que foram cortados; conseguimos na época aprovar a destinação de 30% do Orçamento para a área e a prefeita [Marta Suplicy] cortou para 25%. Se você não investir em Educação, não melhora os indicadores sociais.

Folha Online - E Saúde e Transportes?
Erundina - Na Saúde retomaria o programa saúde da família e o implantaria num prazo mais curto possível. A prefeitura atual preferiu comprar ambulância e investir em hospitais. Além disso investiria em programas especiais para saúde integral da mulher, do idoso, programas de saúde mental e de prevenção à AIDS. Quanto aos transportes acabaria dando uma dimensão mais intensa ao setor.

Folha Online - Quais os erros que a senhora julga ter cometido quando estava à frente da administração municipal e que não cometeria hoje?
Erundina - Só não erra quem não faz, fui a primeira a reconhecer que erramos. O principal ponto foi a relação com a Câmara, porque só governamos com o PT. A aproximação com PSB e PDT, por exemplo, foi tardia, já no final do terceiro ano de mandato. Quero, desde a campanha, um amplo arco de alianças.

Folha Online - Quais são os principais problemas que a cidade enfrenta hoje?
Erundina - O desemprego, que é fruto da política econômica no país e repercute nas condições de vida população, por exemplo aumentando a violência e criminalidade. São Paulo sofre com os impactos das políticas nacionais. O país vive uma política recessiva, a economia está desaquecida e isso diminui a receita da cidade. Se a pessoa trabalha, paga escola, tem plano de saúde, atende necessidades e melhora a condição de vida.

Folha Online - Que problemas a senhora aponta e o mudaria na Educação?
Erundina - Na educação a gente ouve o temor da rede pública de que o problema está muito complicado. As escolas de lata são um problema, porque é o retrato da precariedade. Além disso, nessa pasta houve um rodízio de secretários muito grande, falta definição de uma política de educação. E política de educação É mais do que erguer prédios, é qualidade de ensino, professores motivados e condições para os alunos.

Folha Online - E em relação à Saúde?
Erundina - A Saúde até agora não conseguiu melhorar. O Eduardo Jorge [ex-secretário da gestão Marta] iniciou um programa de saúde da família associado à rede básica, que é mais voltada para prevenção do que só para o atendimento hospitalar. Lamentavelmente há muitas queixas nesta área. Queixas também dos funcionários sobre os baixos salários. A insatisfação é muito grande.

Folha Online - Como o senhora vê a crise que a prefeita enfrentou no setor dos Transportes? Teria adotado a mesma atitude da prefeita de enfrentar sindicalistas?
Erundina - Não conheço detalhes da medida da prefeita de eliminar linhas e criar outro sistema. Mas sei que a implantação tem dificuldades. Quanto ao sindicato, o presidente era o mesmo na minha gestão. E na época o Edivaldo Santiago era do PT. Tive o mesmo problema, que também prejudicou o governo... A dificuldade dela eu também tive, mas no final do terceiro ano de mandato nós conseguimos melhorar significativamente o transporte na cidade.

Folha Online - Seria possível administrar a cidade sem os recursos das taxas do lixo e da iluminação?
Erundina - Sou contra essas taxas todas, porque são improdutivas, não aumentam a receita e sim a inadimplência. Se você tem muito imposto para pagar, você só paga os mais importantes. É melhor ter menos impostos sobre serviços do que ter perspectiva grande de arrecadação e o resultado ser outro. E é tão complicado o gerenciamento desses impostos que só se pode prever aumento da inadimplência, da sonegação.

Folha Online - A senhora manteria as subprefeituras?
Erundina - Sim, mas radicalizaria a democracia da gestão. Fortaleceria a subprefeitura com a eleição de conselheiros. O subprefeito seria escolhido por meio de uma tríplice frente, indicada pelos conselheiros. Aí dividiria a escolha com a comunidade.

Folha Online - A senhora acredita no impacto das reformas federais nas contas no município?
Erundina - Uma critica que faço às reformas é que os municípios não estão sendo ouvidos. São muitas propostas, mas o governo não ouve os municípios. Com certeza vai ter impacto. Até hoje não se falou na distribuição do bolo tributário: os municípios só ficam com 14%. Em contrapartida a União fica com grande fatia, o Estado com um pouco mais, e os municípios são sacrificados.

Folha Online - Como a senhora resolveria o problema do déficit nas contas?
Erundina - O município não resolveria sozinho. Mas você tem que investir em produção, democratizar a produção, estimular a concorrência, aumentar licitações. É preciso também, evitar contratos longos. Não digo que resolveria o problema do caixa, mas melhoraria bem.

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