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05/08/2003 - 21h00

Diretor de Bangu 3 é assassinado em avenida do Rio

MARIO HUGO MONKEN
da Folha de S.Paulo, no Rio
da Folha Online

O diretor do presídio de segurança máxima Bangu 3, Abel Silvério, foi assassinado por volta das 19h50 desta terça-feira na avenida Brasil, na altura da Vila Kennedy, zona oeste do Rio.

O crime ocorreu nove dias depois de o traficante Márcio Amaro de Oliveira, o Marcinho VP do morro Dona Marta (zona sul), ter sido encontrado morto dentro de Bangu 3 e menos de duas semanas após o assassinato do coordenador de segurança do complexo penitenciário de Bangu, Paulo Roberto Rocha.

O subsecretário estadual de Segurança, Marcelo Itagiba, considerou a morte de Silvério um "fato lamentável" e disse que a secretaria só deverá se pronunciar oficialmente sobre o crime amanhã.

O diretor de Bangu 3 havia prestado depoimento ontem à Corregedoria do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário) sobre a morte de Marcinho VP. No depoimento, ele disse acreditar que o traficante foi morto por causa dos seus relatos sobre os bastidores do tráfico contidos no livro "Abusado", do jornalista Caco Barcellos. O presídio abriga 792 presos, todos ligados à facção criminosa Comando Vermelho.

Segundo informações da Polícia Militar, Silvério estava em frente a um posto de gasolina quando foi atingido por tiros disparados por ocupantes de um Tempra preto e de um Vectra, armados com fuzis, pistolas e escopetas. Os criminosos estariam encapuzados e vestidos de preto.

Ferido e sem o controle de seu carro --um Corsa--, o diretor de Bangu 3 bateu em um ônibus. Silvério morreu na hora, mas os criminosos continuaram atirando. O grupo chegou a trocar tiros com policiais civis que passavam pelo local, mas conseguiram fugir.

Até as 21h, a cúpula do sistema penitenciário do Estado ainda não sabia do crime. O subsecretário de Administração Penitenciária, Aldney Peixoto, disse que, por volta das 19h, havia conversado com Silvério pelo telefone.

Violência

A morte do coordenador de segurança do complexo penitenciário de Bangu, Paulo Roberto Rocha, 47, no dia 24 de julho, ocorreu em circunstância semelhantes à de Silvério e no mesmo local, a avenida Brasil.

Rocha saiu do trabalho e estava ao volante do seu Gol quando, na altura de Irajá (zona norte), foi alvejado por dois homens que estavam em uma motocicleta.

Segundo a família, ele vinha recebendo ameaças de morte de traficantes ligados à facção criminosa Terceiro Comando Puro desde que passou a investigar, por conta própria, a morte do irmão, Edmílson Antônio Rocha, ocorrida no ano passado. A polícia ainda não conseguiu esclarecer o crime.

A morte de Marcinho VP também continua sendo um mistério. Seu corpo foi encontrado dentro de uma lata de lixo no pátio de Bangu 3, no dia 28 de julho.

Segundo laudo do Instituto Médico Legal, ele morreu por asfixia mecânica. O preso Luiz Guilherme Soares, o Smith, que estava em uma cela vizinha à do traficante, foi indiciado pela morte de Marcinho VP. Segundo a polícia, Smith, que estava com três costelas quebradas, teria participado de uma briga na cadeia que culminou com a morte do traficante. Apesar do indiciamento, a polícia não descartou outras hipóteses para o crime.

Outra vítima

Um crime semelhante ao sofrido por Rocha e Silvério até hoje não foi solucionado: o assassinato em setembro de 2000 da então diretora do presídio de segurança máxima Bangu 1, Sidneya dos Santos de Jesus.

Assim como Rocha, Sidneya era conhecida como uma pessoa rígida, que reduziu os privilégios que os presos tinham na cadeia. Ela foi morta com três tiros em frente a sua casa, na Ilha do Governador (zona norte do Rio).

Encarregado das investigações, o titular da Delegacia de Homicídios, Luiz Alberto de Oliveira, afirmou que três traficantes, que estavam em Bangu 1 na época em que Sidneya foi assassinada, são suspeitos.

O delegado Zaqueu Teixeira, que presidiu o inquérito na época do crime, disse que não conseguiu esclarecer o assassinato porque não conseguiu ouvir ninguém que tivesse presenciado o crime.

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