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07/01/2004 - 22h40

Jovem preso no RS confessa ter matado 12 adolescentes no Estado

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TIAGO ORNAGHI
da Agência Folha

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul começou nesta quarta-feira a reunir provas que corroboram as confissões feitas por Adriano da Silva, 25, de que ele teria matado 12 adolescentes no norte do Estado. Ele foi levado para a Penitenciária de Charqueadas (61 km de Porto Alegre). Na penitenciária, Silva será mantido afastado dos demais presos para garantir a segurança dele.

Durante o seu depoimento para quatro delegados e dois promotores, Silva disse que havia escondido um dos corpos sob uma churrasqueira em uma casa em Soledade.

A polícia descobriu no exato local indicado um cadáver em adiantado estado de decomposição. O corpo seria de Douglas de Oliveira Haas, 10, que estava desaparecido desde abril de 2003.

Desde o início do ano passado, pelo menos 13 jovens foram mortos ou estão desaparecidos na região de Passo Fundo (310 km de Porto Alegre).

A confissão dos crimes surpreendeu a Polícia Civil. Até agora, os investigadores preferiam tratar os casos como não sendo interligados. De acordo com os delegados envolvidos, os crimes têm poucas características em comum.

No depoimento à polícia, Silva disse que "uma outra pessoa tomava conta" do corpo dele quando praticava os crimes. Segundo a confissão, ele tinha "uma bobeira" que o impedia de evitar os assassinatos mesmo sabendo que estava cometendo um crime. "Eu sei que tenho uma dívida e preciso pagá-la", disse Silva à polícia, de acordo com o delegado Celso Rigatti, que coordenou o depoimento.

Sobre as confissões de casos que a polícia já dava como solucionados, Silva falou que "tem gente inocente presa".

Prisão e provas

Silva foi preso nesta terça-feira (6), em uma operação conjunta das polícias Civil e Militar do Estado, no município de Maximiliano de Almeida (na divisa com Santa Catarina). Ele estava sendo caçado desde a manhã de sábado por um efetivo da Brigada Militar deslocado de Caxias do Sul, quando foi visto entrando em um mato, na saída do município.

O secretário-adjunto de Justiça e Segurança do Estado, Fábio Medina Osório, afirmou que "é fundamental que mais provas sejam conseguidas para reforçar as confissões. Apenas o que disse Silva disse não é suficiente".

"Vamos conferir as confissões feitas por Silva com perícias, exames de DNA e com as reconstituições dos crimes", afirmou Osório.

Fio de náilon

O delegado Rigatti disse que já existem provas definitivas para ligar Silva com a morte de Daniel Bernardi Lourenço, 13. O adolescente, que era vendedor de picolés, foi estrangulado com um fio de náilon. O corpo de Lourenço foi encontrado na sexta-feira pela Brigada Militar, em Sananduva. Além das marcas deixadas pelo estrangulamento, os médicos legistas encontraram indícios de violência sexual no cadáver.

Rigatti, porém, disse que a coleta de mais provas é fundamental antes que os demais assassinatos confessados por Silva possam ser dados como solucionados.

Para o psiquiatra do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e professor da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) Paulo Belmonte de Abreu "é precioso um exame completo em Silva para saber de quais distúrbios ele pode sofrer".

Abreu faz uma ressalva. "O comportamento homicida não necessariamente está ligado com alguma patologia psiquiátrica. Ele pode ter tudo, inclusive nada."

Silva deve ficar preso em Charqueadas por pelo menos 30 dias. O prazo de um mês foi o estipulado para a sua prisão temporária. Esse tempo pode ser prorrogado.

Colaborou GERSON LOPES, da a Agência Folha, em Passo Fundo

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