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09/01/2004 - 22h35

Acusado de matar 12 crianças no RS havia sido preso quatro vezes

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GERSON LOPES
da Agência Folha, em Passo Fundo
TIAGO ORNAGHI
da Agência Folha
da Folha Online

Adriano da Silva, 25, que segundo a polícia confessou ter matado 12 adolescentes em municípios do norte do Rio Grande do Sul, já havia sido detido quatro vezes tanto pela Polícia Civil como pela Brigada Militar antes de sua prisão definitiva na terça-feira, em Maximiliano de Almeida (351 km de Porto Alegre). Segundo a Secretaria da Justiça e Segurança, Silva foi detido em Soledade, Marau e Passo Fundo, no norte do Estado.

A secretaria abriu inquérito para investigar por que Silva acabou sendo liberado em todas as oportunidades em que esteve preso.

O secretário da Justiça e Segurança do Rio Grande do Sul, José Otávio Germano, se reuniu nesta sexta-feira com a cúpula das polícias Civil e Militar para decidir quando acontecerá a reconstituição da morte de Daniel Bernardi Lourenço, 13, em Soledade. A reconstituição está programada para durar cerca de três dias.

Na última vez em que esteve detido, em novembro, dois meses antes da morte de Daniel Bernardi Lourenço, no Infoseg (sistema informatizado com as informações sobre condenados e foragidos da Justiça de todo o país) não constava a informação de que Silva foi condenado a 27 anos de prisão por latrocínio --roubo seguido de morte-- e ocultação de cadáver de um taxista. O governo do Paraná não havia atualizado o sistema com os dados.

Utilizando a carteira de trabalho do irmão Gabriel Vicente da Silva, o suspeito conseguiu ser liberado em todas as vezes que foi detido.

Cronologia

Conforme sua confissão, ele já teria assassinado crianças quando foi detido pela primeira vez. A abordagem ocorreu em 25 de junho, em um prédio abandonado, em Passo Fundo. Ao apresentar a carteira de trabalho do irmão, os policiais perceberam a diferença entre a foto do documento e a fisionomia dele.

A desconfiança dos policiais aumentou no momento em que passaram a solicitar dados do documento. "Ele acertou os nomes dos pais, mas não soube dizer quantos anos tinha", disse um policial, que pediu para não ser identificado. Diante disso, conduziram o rapaz para o Centro de Operações da Polícia Civil.

Ele novamente apresentou a carteira de trabalho. A plantonista checou o documento e não constatou nenhuma irregularidade. Silva foi, então, liberado.

Em 23 de julho de 2003, ele acabou sendo preso ao furtar um par de botas de uma loja, em Soledade. Os policiais o conduziram até a delegacia, onde admitiu o furto. Após o registro, foi liberado e passou a responder em liberdade, em nome do irmão, ao inquérito. A Polícia Civil somente lançou o nome do irmão de Silva no sistema no dia 7 de novembro.

Em agosto, em Marau, Silva foi detido pela terceira vez por policiais militares. Na oportunidade, portava uma faca e duas chaves utilizadas para arrombar veículos. A polícia registrou o ocorrido e o liberou.

Em Passo Fundo, na quarta vez em que foi detido, conforme sua confissão, Silva já havia assassinado 11 crianças. Um dia depois do desaparecimento de Leonardo Dornelles dos Santos, 8, em 31 de outubro, o avô do garoto, o policial militar reformado Gideon Dornelles deteve o acusado. Ele foi encaminhado à 1ª Delegacia de Polícia da cidade como sendo o suposto envolvido no desaparecimento do garoto.

Novamente usando a carteira de trabalho do irmão, Silva negou envolvimento no sumiço e foi liberado. Ele chegou a ser intimado para prestar um novo depoimento, mas acabou fugindo. A polícia já havia descoberto a verdadeira identidade de Silva e sua condição de foragido quando ocorreu a 12ª morte, em Sananduva (312 km da capital).

Reconstituição

Na reunião realizada nesta sexta-feira, a secretaria decidiu que realizará nos próximos dias as reconstituições das mortes de 12 crianças que teriam sido vítimas de Silva.

A previsão da secretaria é de que os trabalhos durem cerca de três dias, porém, não informou quando dará início às reconstituições.

Em nota, a secretaria afirma que os trabalhos dependem "da operacionalidade do processo, além do isolamento da área e da transferência do suspeito da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas para a região onde as reconstituições serão realizadas".

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