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22/08/2004 - 20h46

Tráfico é principal suspeito por ataques a moradores de rua

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da Folha Online

Um acerto violento de contas entre traficantes e pequenos vendedores de drogas na cobrança de dívidas. Essa é a linha de investigação que recebe uma maior atenção das autoridades da segurança pública de São Paulo ao especularem sobre as motivações da série de ataques contra moradores de rua no centro da capital.

A Folha Online ouviu hoje uma conversa entre o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, e o padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua, que acompanha o caso. O secretário falava sobre a dificuldade da polícia de avançar nessa linha de investigação por causa do pacto de silêncio dos moradores de rua sobre a venda de drogas nas calçadas do centro, durante a madrugada.

Ao notar a presença da reportagem, o secretário se irritou e pediu à sua assessoria para intervir. Os dois conversavam antes de entrar no auditório do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), onde ocorreria uma entrevista coletiva aos jornalistas.

Oficialmente, o secretário evita declarar que a suspeita do envolvimento do tráfico de drogas é a mais forte nas investigações sobre a chacina. Ele reafirmou quatro hipóteses para as agressões: briga entre "facções" de moradores de rua, ação de um grupo de intolerância [como o que atacou homossexuais na praça da República em 2000], tráfico de drogas e crime encomendado por comerciantes do local.

Mas o próprio secretário admitiu que a hipótese de briga entre "facções" de moradores de rua está cada vez mais "frágil". Ele explicou que, nesse tipo de ocorrência, a arma mais comum é a faca, ou geralmente são encontrados cacos de vidro de garrafa. Por enquanto, o secretário diz que só sabe que, nos ataques, foram usados "instrumentos contundentes", que podem ser bastões de madeira ou de ferro.

Sobre a hipótese de esquadrão de extermínio contratado por comerciantes, o secretário disse que essa possibilidade é "a mais remota de todas".

"Dormir na rua não é crime"

Para conseguir avançar nas investigações, além de ter infiltrado policiais do serviço reservado (que atuam sem farda) na região, a polícia está em contato com grupos religiosos que desenvolvem atividades sociais nas noites do centro. Nesse trabalho, o secretário mencionou a pastoral do padre Lancellotti e uma federação espírita.

O padre não participou da entrevista coletiva do secretário. Ele deixou o prédio logo após a conversa, mas disse ter sido informado que "a polícia não descarta nenhuma hipótese".

O secretário cobrou a abertura de mais vagas em abrigos pela Prefeitura de São Paulo para "recolher" os moradores de rua durante as investigações ("Quem ficou na rua ficou à disposição do assassino").

Mas ele tentou evitar generalização sobre um possível envolvimento de moradores de rua com o tráfico de drogas ("Não é crime dormir na rua"), mas citou que eles sofrem problemas como embriaguez e já chegam a ocupar áreas mais nobres como a avenida Paulista.

O centro de São Paulo é apontado como um dos principais pontos de distribuição de drogas da capital. A Sé fica próxima à cracolândia --região em torno da estação da Luz que se tornou conhecida pelo alto consumo de crack e pelo flagrante de uma negociação de propina por policiais para liberar traficantes em imagens gravadas em 2001 pelo Ministério Público.

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