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 Dia 11.03.02

     

 

Caro Dimenstein,

Preciso discordar do seu artigo "Essa crise política é uma farsa". Você reduz o episódio da apreensão de documentos da empresa Lunus, de Sarney, a uma decisão judicial absolutamente descolada da política. Isso contribui para piorar o nível intelectual e moral do estudante de ética e cidadania em nestes tristíssimos e sombrios tempos tucanos.

Visitando frequentemente a sua página, "Projeto Aprendiz", vejo o quanto é rica, diversificada, interessante e presta serviços extraordinários aos estudantes. Recomendo-a sempre aos meus alunos. Mas preciso fazer a ressalva: ao conseguir tanto patrocínio de empresas privadas e estatais você está definitivamente comprometido com o poder constituído neste país e, claro, isto limita a sua consciência possível quanto à radical percepção da realidade.

Para usar os adjetivos que você mesmo emprega em seu artigo, é preciso ser muito ignorante - ou fazer-se de ignorante, ou estar comprometido com o poder constituído, como parece ser o caso - para julgar que algo deste porte tenha "estourado" como escândalo justamente neste momento por mera coincidência. É de se supor que Roseana e outros associados do presidente Fernando Henrique Cardoso, venham fraudando a SUDAM há muito tempo. Que interesses teriam levado a uma investigação justamente neste momento?

A uma primeira análise, penso em duas hipóteses:

1) Trata-se de um meio de, por vias tortuosas, alavancar ainda mais a campanha da candidata a partir do apelo advindo de uma queixa e grande marketing informando da "truculência" e "arbitrariedade" que pode lhe angariar simpatias. FHC pode estar "jogando duplo": apóia Serra abertamente mas reforça a candidatura de Roseana particularmente entre aqueles que têm alguma restrição ao governo FHC mas se mantém na órbita do conservadorismo.

2) Trata-se de medida voltada simplesmente a forçar Sarney a aceitar a vice-presidência na chapa de José Serra após grande costura política.

O PFL está no poder há 38 anos, no mínimo, e, sempre que se afastou aparentemente do poder foi temporariamente (e mesmo assim mantendo alguns espaços dentro do ventre do monstro, como ocorre neste momento) por perceber ser este o melhor caminho para manter-se e perpetuar-se mais adiante.

Naturalmente, você em breve estará em bons termos com o novo poder dos pefelistas, tal qual aderiu tão acriticamente ao projeto político nefasto de FHC a ponto de cegar-se e tornar-se incapaz de ver o óbvio: esta manobra política palaciana, neste exato momento histórico, pode ser uma porção de coisas, menos coincidência...

Lázaro Curvêlo Chaves - lazarochaves@uol.com.br
Professor de história

 

 
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