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criatividade
19/07/2004
Bomba-gangorra abastece aldeias indígenas com água potável e diversão

Uma brincadeira de criança está revolucionando o sistema de abastecimento de água de parte da população indígena brasileira. Cobiçada pelas crianças nos playgrounds, a gangorra virou atração em 64 aldeias do Mato Grosso. Com algumas adaptações e muita criatividade, o brinquedo é o ponto alto de um equipamento que extrai água potável de lençóis freáticos. Bomba-gangorra: esse é realmente um bom motivo para se trabalhar com prazer. Os índios agradecem e as crianças se divertem com a invenção do padre salesiano Alois Wurstle, de 66 anos, mais conhecido como mestre Luís, alemão que veio para o Brasil no fim da adolescência e carrega como princípio a ajuda ao próximo.

Ele começou a fazer a alegria dos índios há 20 anos, quando instalou a primeira bomba-gangorra numa tribo xavante que não tinha saneamento básico. Para a estréia ser possível, mestre Luís teve que se dedicar a um outro tipo de brincadeira, que exige doses de paciência: o quebra-cabeça. Foram nada menos que 30 tentativas para conseguir montar o equipamento ideal. “Eu fui insistente e experimentei vários tipos de alavancas. Finalmente, descobri uma bomba de borracha bastante eficiente, capaz de agüentar a pressão da água vinda dos poços artesianos e impulsionada por uma gangorra metálica”, conta. Cada aldeia é abastecida com cerca de três mil litros de água por dia.

Para o inventor, um dos resultados mais importantes foi a melhoria das condições de saúde da população. Anteriormente, baldes e mais baldes faziam fila nos riachos próximos das aldeias. E a espera não era lá muito compensadora. Os moradores se arriscavam com o consumo das águas fluviais, pois parte delas estava contaminada por agrotóxicos e fertilizantes oriundos de fazendas da região. “Fico feliz por ter contribuído para diminuir a mortalidade entre crianças e idosos. Doenças como a verminose costumavam incomodar muitos índios e hoje é difícil ver alguém com esse problema”, diz mestre Luís.

Faça chuva ou faça sol, a rotina do salesiano já está traçada: “nos meses em que chove mais, fabrico as bombas-gangorra com ajuda de dois funcionários e, nos períodos de seca, viajo para instalar os equipamentos nas aldeias de índios xavantes e bororos”, explica ele. O projeto faz parte da Assistência Missionária Ambulante (instituição da Ordem Salesiana) e foi cadastrado no Banco de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil. A iniciativa também já chamou a atenção de organizações não governamentais da Alemanha, Espanha, Suíça e Itália, que atualmente patrocinam o trabalho.

O conjunto da bomba-gangorra é formado por um reservatório com capacidade para 200 litros de água, uma gangorra metálica, uma bomba manual, uma laje de concreto, tubos de revestimento do poço e mangueiras condutoras da água. A etapa mais difícil é a da perfuração, que necessita de compressores, hastes e brocas apropriadas. Depois da identificação do lençol freático, uma torre com a caixa-d’água é instalada. Para deixar o líquido brotar, o serviço é completado por uma torneira e um chuveiro. As crianças chegam a fazer fila para se divertir enquanto puxam a água para o banho.

“Fico muito feliz em poder ajudar esses povos indígenas e receber o carinho deles em troca. Estou empenhado agora em buscar apoio para instalar nas aldeias bombas que utilizam energia solar”, diz o alemão, que se sente um legítimo brasileiro ao contribuir para o fortalecimento da cultura e para a melhoria das condições de vida do povo do Brasil.

As informações são do site Fundação Banco do Brasil.

 
 
 

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