Poucos
jovens trabalham no campo
A maioria dos produtores rurais brasileiros tem idade avançada, nível
de escolaridade baixo e renda insatisfatória, concluiu um estudo da Confederação
Nacional da Agricultura.
O presidente da CNA, Antônio de Salvo, destacou que só 20% dos
agricultores têm menos de 45 anos, o que indica que os jovens não
querem ficar no campo.
A pesquisa apontou que 62% dos produtores tem apenas o 1o. grau e há
4% de analfabetos. Mais da metade dos entrevistados realiza atividades complementares
para compensar a baixa renda que a atividade proporciona.
(Gazeta Mercantil)
Jovens evitam trabalhar no campo
Depois de ouvir 39.904 proprietários rurais em quase todo o país,
a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) divulgou estudo sobre
o perfil do agricultor brasileiro. Foram incluídos apenas donos de propriedades
com mais de 50 hectares, e o cenário não é animador. O presidente
da CNA, Antônio de Salvo destacou que apenas 20% dos agricultores têm
menos de 45 anos, indicando que os jovens não querem permanecer no campo.
A pesquisa aponta que uma parcela de 62% dos produtores tem apenas o 1o. grau,
sendo que há 4% de analfabetos. "O estudo descreve um perfil de produtor
rural de idade avançada, nível de escolaridade baixo e renda insatisfatória",
diz.
A renda mensal de 53% dos produtores rurais que dependem exclusivamente do
trabalho no campo é de R$ 500. Apenas uma parcela de 15% recebe mais de
R$ 2 mil por mês. O produtor de Mato Grosso do Sul é o que acumula
a melhor renda no país: R$ 2.661. O pior resultado foi registrado no Amapá,
onde o produtor tem, em média, renda mensal de R$ 403.
Segundo o presidente da CNA, devido à baixa renda no campo, a tendência
dos produtores é buscar outras fontes de renda. Cerca de 64% dos agricultores
realizam atividades complementares. "A atividade agrícola está
se transformando em complementação de renda. No Vale do Itajaí,
em Santa Catarina, é comum o produtor pela manhã trabalhar em fábricas
e à tarde cuidar de sua propriedade".
A principal dificuldade dos agricultores é o crédito, com 34%
das respostas. Em segundo lugar, com 13% das respostas, ficou o item "custos
elevados para a produção". Os agricultores reclamaram dos juros
altos, da dificuldade de acesso ao mercado de crédito e da burocracia dos
bancos. Uma fatia de 68% dos agricultores comerciais não tem trator. Outra
parcela de 44% não tem energia elétrica na fazenda e apenas 6% têm
acesso a sistemas de irrigação. Acesso a computador é restrito
a apenas 17%. Entre os produtores de leite, mais de 90% não têm ordenhadeira
mecânica, tanque de resfriamento ou acesso a programas de melhoramento genético
do rebanho.
As entrevistas foram realizados pela CNA entre o final de 1998 e o início
de 1999. Cada produtor respondeu 54 perguntas, com respostas induzidas e espontâneas.
(Gazeta Mercantil)
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Latino
trabalha tanto quanto o japonês
Relatório divulgado ontem pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT) mostra que o trabalhador da América
Latina trabalha tanto quanto o japonês e mais que o europeu.
De acordo com a entidade, o mercado da região está,
de uma maneira geral, passando por um processo de privatização,
informalização, terceirização e precarização.
O estudo se
baseou em dados oficiais - como os do IBGE e do Dieese, no caso
brasileiro - e detectou uma discriminação disseminada
às mulheres e aos negros no mercado. Segundo o diretor- adjunto
da OIT, Jaime Mezzera, o racismo é "peculiarmente"
expressivo no Brasil, por causa do grande número de negros
do país. "Esse problema é mais aparente no acesso
ao mercado de trabalho. Depois de empregado, o negro sofre menos
preconceitos", afirmou. Nos outros países, compara o
diretor, o preconceito mais marcante é contra a população
de origem indígena.
Para justificar
o processo de privatização e terceirização
do mercado, Mezzera cita que 95% dos novos postos são criados
no setor privado e que 83% dessas novas vagas são criadas
no setor de serviços. Cerca de 60% dos trabalhadores latino-americanos
estão no mercado informal, sendo que 55% deles não
têm quaisquer proteções sociais, como Previdência,
por exemplo.
Segundo o estudo,
chamado Panorama Laboral 2000, a jornada de trabalho semanal média
na América Latina é de 40,8 horas, o que representa
1.862 horas/ano. Nos EUA, esse índice é de cerca de
2.000 horas e no Japão, de 1.898 horas. Na média dos
países europeus, diz Mezzera, esse período não
ultrapassa as 1.600 horas.
De modo geral,
os salários mínimos pagos pelos países da América
Latina cresceram, em média, 0,5% nos últimos dois
anos. Os "salários industriais" tiveram reajuste
superior, de 1,2%.
A OIT utiliza
o preço do pão para comparar os salários mínimos
dos países. Segundo esse critério, o maior poder aquisitivo
é o do Panamá, onde um salário mínimo
permite a compra de 372 quilos de pães por mês. No
Brasil, essa comparação fica em torno dos 85 quilos,
resultado inferior ao de oito países. "Houve uma melhora
na renda das pessoas mais pobres, pelo menos no que diz respeito
ao pão", disse o diretor-adjunto da OIT.
Para comparar
os salários industriais, a OIT usou o preço do "carro
popular", e a situação brasileira melhora um
pouco no ranking regional. O país fica em quinto lugar (atrás
da Argentina, Chile, Panamá e Uruguai) entre os de maior
poder aquisitivo. Um funcionário da indústria no Brasil
precisa de 19 salários para comprar um automóvel.
Na Argentina, precisa-se de 12 meses. Em Honduras, onde foi registrado
o pior salário médio, o trabalhador consegue comprar
um carro popular depois de poupar ao longo de 84 meses (sete anos).
No levantamento
relativo à evolução do progresso laboral, que
avalia o nível de salário, taxa de desemprego e estabilidade
funcional, o Brasil caiu uma posição na última
década, passando do nível "alto" para "médio-alto".
Agora, o país está no mesmo patamar da Argentina e
do Panamá e abaixo do Chile, do México e da Costa
Rica. "Os anos de 1999 e de 1998 foram muito ruins para o Brasil,
mas já há sinais de melhora em 2000", avaliou
Mezzera.
(Valor)
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