Quinze
crianças que pediam donativos ou vendiam objetos e
balas pelas ruas de Ribeirão Preto foram recolhidas
nos dois últimos dias por equipes da prefeitura e levadas
a um abrigo mantido pela administração municipal.
A operação cumpriu a
portaria do juiz da Vara da Infância e da Juventude
de Ribeirão, Guacy Sibille Leite, publicada na semana
passada. O juiz determinou o recolhimento das crianças
e adolescentes com o objetivo de tentar evitar que eles sejam
explorados pelos pais ou sejam inseridos no mundo das drogas
e do crime.
O promotor da Infância e da
Juventude, Marcelo Pedroso Goulart, afirmou que estudará
a portaria para ver se há ilegalidade.
Desde anteontem, funcionários
da Secretaria da Cidadania foram aos principais pontos de
mendicância e vendas de objetos nas esquinas de avenidas
de maior fluxo de veículos. O antigo prédio
do Centro de Atendimento à Criança e Adolescente
Vitimizados foi improvisado como abrigo.
Na tarde de ontem, dez crianças
-com idades entre dez e 13 anos- ainda permaneciam no prédio
aguardando autorização do juiz para voltar para
casa. Antes de liberá-las, os responsáveis passavam
por uma audiência com o magistrado.
"Ontem [anteontem] na delegacia,
queriam bater no meu marido, que é deficiente. Me falaram
que eu iria perder a guarda da minha filha. Não tem
exploração nenhuma. Todo dinheiro que minha
filha ganha é para comprar as coisinhas dela",
disse a dona-de-casa Maria Cristina Vieira de Moraes, 38,
que teve a filha recolhida.
Segundo o secretário da Cidadania,
Jorge Parada, as crianças, após serem liberadas
pela Justiça, serão acompanhadas por equipes
de sua pasta para tentar evitar o retorno delas às
ruas.
O juiz foi procurado na tarde de ontem
para comentar o assunto, mas afirmou, por meio de funcionários,
que não podia atender a reportagem porque estava em
audiência. À TV, disse que os pais terão
que explicar porque permitem que seus filhos sejam submetidos
ao perigo nas ruas.
ROGÉRIO PAGNAN
Da Folha Ribeirão
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