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economia
22/10/2003
Nakano pede ‘canetada’ para cortar juro

Para o economista Yoshiaki Nakano, ex-secretário da Fazenda do Estado de São Paulo e atual diretor da Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a redução dos juros precisa ser muito rápida, na base da “canetada”. “Se vale a canetada para subir, por que não vale para baixar?”, pergunta. “Essa coisa de baixar juros devagarinho só vale para país desenvolvido.” Na opinião de Nakano, a redução gradual não funciona no Brasil, porque uma crise no exterior pode forçar o governo a interromper a trajetória de queda da Selic.

Na opinião de Luiz Carlos Bresser Pereira, ex-ministro da Fazenda, é possível desvalorizar o câmbio para um patamar de R$ 3,50 por dólar e reduzir os juros reais (valor nominal da Selic, descontada a inflação) para algo em torno de 3% ao ano. “Do ponto de vista de política econômica, é possível derrubar a taxa de juros e o câmbio simultaneamente, num curto período de tempo”, diz Bresser, com a ressalva: “Desde que se reduzam os gastos do governo”.

Bresser prevê que, caso o Brasil mantenha os juros altos e o câmbio valorizado, o País irá enfrentar outra crise de balanço de pagamentos entre dois anos e meio e três anos. “Duvido que a conta corrente vá ter um bom desempenho no ano que vem”, disse o economista, que relançou ontem seu livro “Desenvolvimento e Crise no Brasil”. Com um eventual reaquecimento da economia, mantendo-se o câmbio valorizado, as importações voltarão a crescer e as exportação vão cair, projeta Bresser.

Na avaliação do ex-ministro, um crescimento da ordem de 3,5% em 2004 será medíocre. “Este governo estará condenado à estagnação econômica se não promover mudança na política monetária”, afirmou.

A implementação do novo receituário, acrescentou, terá de acontecer num prazo de seis meses, com início, no máximo, em março do próximo ano. “Esse é o prazo do ciclo político. Se o governo adota essas medidas, por exemplo, em dezembro de 2004, e precisa apertar o cinto, não sai do ciclo e retoma o crescimento até a eleição presidencial”, disse.

“A grande diferença entre Ásia e América Latina é que os países asiáticos administram bem a taxa de câmbio”, prosseguiu. “Não há como sobreviver sem um câmbio competitivo.”

Simultaneamente às medidas macroeconômicas, eles sugerem a redução dos gastos correntes do governo, especialmente no custeio da máquina pública. “Se o presidente da República ou algum governador decidir, é possível cortar o gasto corrente porque há muita ineficiência e desperdício”, opinou Nakano.

Para ele, ao ajustar essas medidas, o governo abre espaço para a eliminação do déficit nominal e, dessa forma, direciona seus gastos a investimentos públicos voltados para o desenvolvimento econômico.

 

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
JANDER RAMON
De O Estado de S. Paulo

   
 
 
 

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