Crise
de energia irá derrubar emprego, salário e o crescimento
econômico
Rodrigo Zavala
Equipe GD
No começo
deste ano, pesquisa Vox Populi divulgada pela Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo) indicava otimismo
por parte dos empresários em relação a 2001.
Mais: 53% das empresas aumentariam seus investimentos na área
de qualificação profissional. Entretanto, a redução
das perspectivas de crescimento da economia por conta da crise de
energia irá alterar o cenário de emprego, salário
e lucratividade das indústrias.
Segundo pesquisa
Fiesp/Vox Populi publicada ontem, dia 29 de maio, antes do racionamento,
74,9% das 400 empresas ouvidas tinham planos de expandir seus negócios.
Agora, esse percentual caiu para 29,8%."O racionamento de energia
pegou a indústria na contramão", disse o diretor
do Departamento de Infra-estrutura Industrial (Deinfra) da Fiesp,
Pio Gavazzi.
O racionamento
de energia elétrica, explica, irá acarretar a paralisação
da produção, demissões e queda nos lucros nas
indústrias de São Paulo. Para Gavazzi, a paralisação
das máquinas será o principal efeito da crise energética.
"Com o
corte na produção, a redução nos lucros
e a demissão de funcionários serão imediatas",
explica. Gavazzi aponta ainda que as demissões irão
se concentrar nas grandes e micro empresas, com impacto menor sobre
as médias e pequenas.
E não
é para menos. Pesquisa divulgada pelo Simpi (Sindicato da
Micro e Pequena Empresa do Estado de São Paulo) mostra que
as pequenas indústrias não só deixarão
de gerar 150 mil empregos este ano, como também estima em
180 mil o número de trabalhadores que serão desligados
das empresas. "As micro e pequenas empresas estão completamente
despreparadas para enfrentar a crise de energia", afirma Joseph
Couri, presidente da entidade.
Outra entidade
a se manifestar foi o Sindicato dos Metalúrgicos de São
Paulo. De acordo com nota à imprensa, as negociações
entre sindicatos e empresários estão sendo travadas
para garantir o emprego dos trabalhadores. A mudança de tom
nas discussões afasta mais uma vez a perspectiva de retomada
do crescimento salarial.
A Fundação
Dieese trabalhava com essa perspectiva diante da retomada do crescimento
econômico alardeado no começo do ano, mas já
mudou sua abordagem. Apesar de assumir que ainda é cedo para
prever o que acontecerá com o emprego no racionamento, as
demissões na indústria e a geração de
postos de trabalho de pior qualidade são inevitáveis.
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