Pesquisadores
ligam legalização do aborto a diminuição
da criminalidade
Rodrigo Zavala
Equipe GD
Em artigo publicado
no Havard's Quaterly Journal of Economics, os professores John Donohue
e Steven Levitt, da Universidade de Stanford e da Universidade de
Chicago, respectivamente, afirmam que existe uma forte ligação
entre a legalização do aborto e a diminuição
da delinqüência em até 30%.
Para chegar
a essa conclusão, a dupla de estudiosos comparou os estados
de Alaska, Califórnia, Hawai, Nova York e Washington, que
aprovaram o aborto em 1970, com os demais estados dos EUA, que só
o aprovaram em 1979. Segundo eles, os estados pioneiros apresentam
desde 1991 uma constante queda na criminalidade, o que só
se reparou nos demais estados em 1996.
Em outras palavras,
Donohue e Levitt calculam que as crianças abortadas nos anos
70 teriam em 1991 a idade mais propícia para se cometer delitos
(18 a 24 anos). Esse argumento baseia-se no princípio de
que a maioria das gestantes que optam pelo aborto são menores
de 20 anos, solteiras, com pouca educação e recursos,
o quê, por sua vez, envolve a criança em um ambiente
propenso à delinqüência.
Há dados
ainda mais polêmicos. Os autores citam uma investigação
de 1996, publicada pela National Bureau of Economic Reserch Working
Paper, na qual afirmam que "a queda nos nascimentos era duas
vezes maior para adolescentes e mães não brancas,
do que para a população branca não adolescente".
Ou seja, Donohue e Levitt sustentam que jovens não brancos
tendem a ser delinqüentes.
Segundo pesquisador
do Núcleo de Estudos da Violência da USP, Luis Antônio
Souza, o estudo deve ser encarado com desconfiança, devido
à sua falta de critérios. "Eles utilizaram dados
sobre dois temas distintos e que não apresentam qualquer
relação e tentaram mostrar uma tendência"
Souza acredita
que a hipótese despreza as políticas de combate à
criminalidade promovida pelo governo norte-americano. "Não
se faz qualquer relação com as iniciativas públicas
contra a violência ou mesmo com o impacto que a legalização
do aborto teve no crescimento vegetativo da população",
critica.
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