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Dia 12.09.02

O Ibirapuera inacabado de Niemeyer

Criado para os 400 anos de São Paulo, o parque Ibirapuera é uma das frustrações do arquiteto Oscar Niemeyer. "Ficou capenga", reclama, lembrando que faltaram, entre outras coisas, um teatro e uma entrada imponente.

Como foi agraciado com a longevidade - aos 94 anos, está em plena atividade -, Oscar Niemeyer prepara-se para comemorar os 450 anos da cidade, em janeiro de 2004, e terminar o que iniciou há cinco décadas. Ele concluiu nesta semana a maquete de um auditório e o desenho de uma nova entrada, mais charmosa, para o parque. "Vejo ali um espaço cultural para atrair os jovens", anima-se Niemeyer. Há uma chance de as melhorias saírem da prancheta.

Com base em um plano da secretária municipal do Meio Ambiente, Stela Goldenstein, a prefeita Marta Suplicy começou a seduzir nesta semana empresários para bancar as obras. "O parque vai mal", lamenta a secretária. "Virou mais uma área de estresse."

A prefeitura quer dividir o parque: de um lado, a contemplação e, de outro, agitos culturais, como shows e exposições. Promete acabar com os estacionamentos e transformá-los em jardins, além de desalojar e transferir para o centro da cidade a Companhia de Processamento de Dados do Município (Prodam), que ocupa um prédio no Ibirapuera.

Entregar um Ibirapuera revigorado na festa dos 450 anos é tentar, pelo menos simbolicamente, estabelecer vínculo com o clima dos anos 50, tempos de otimismo econômico e efervescência cultural, quando São Paulo enriquecia com a industrialização impulsionada por Juscelino Kubitschek. "Acreditávamos que fôssemos construir um país generoso", diz Niemeyer.

Pelo menos para ele, a maquete do auditório restabeleceu o vínculo com o passado, quando deixava por todos os lados a marca da utopia arquitetônica e agregava em seus espaços, tanto em Brasília como no Copan, em São Paulo, ricos e pobres - nem um nem outro resistiu, porém, às grades urbanas.

Naqueles tempos, São Paulo não podia parar. Sobravam empregos, atraíam-se migrantes de todos os cantos do país e podia-se andar na rua sem medo. Ninguém, a começar de Niemeyer, imaginava que, 50 anos depois, Brasília seria cercada por um cinturão de miséria e o Ibirapuera por uma grade para protegê-lo da violência.

 

 
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