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12/04/2006
-
15h18
da Folha Online
Apesar da grave crise financeira , a Varig permanece como a maior empresa aérea brasileira em vôos internacionais e a terceira no mercado doméstico de aviação.
Com dívidas estimadas em mais de R$ 7 bilhões, a empresa enfrenta há anos dificuldades que, segundo especialistas, são reflexo das perdas geradas pelo congelamento das tarifas aéreas nas décadas de 80 e 90 combinadas com a má administração da companhia.
No começo do governo Lula, o Planalto tentou promover uma fusão entre a Varig e a TAM numa tentativa de reduzir os custos operacionais do setor, que ainda sofria os reflexos da crise deflagrada pelos ataques terroristas de 2001.
O projeto não deu certo e as empresas desfizeram a união. O prejuízo maior ficou com a Varig, que continuou a perder mercado para a TAM, que passou a liderar em vôos domésticos.
A entrada em operação da Gol, em 2001, também contribuiu para o encolhimento da Varig. Com tarifas mais competitivas, a Gol conseguiu rapidamente tirar da Varig o posto de segunda maior empresa em tráfego nacional.
Sem conseguir arcar com compromissos assumidos com credores, a empresa passou a enfrentar a ameaça de ter a falência decretada pela Justiça, mas ganhou sobrevida no ano passado quando seu pedido de recuperação judicial foi aprovado.
Esse instrumento de recuperação, previsto na nova Lei de Falências, protegeu a empresa de ações movidas por credores, mas a Varig continuou obrigada a arcar com despesas correntes, como combustíveis e taxas aeroportuárias.
Há pouco mais de três meses, os credores da Varig aprovaram seu plano de recuperação. A Varig iniciou então um processo de reestruturação que prevê a demissão de funcionários e a venda de subsidiárias, como a VarigLog (de transporte de cargas) e a VEM (de manutenção de aeronaves), medidas que poderiam dar fôlego à empresa.
Na semana passada, entretanto, o presidente da Varig, Marcelo Bottini, veio a público afirmar que a empresa não seria paralisada após uma onda de boatos de que ficaria sem caixa para continuar a voar.
O presidente da Varig admitiu que o caixa da empresa é 'limitado' e afirmou que negociaria com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) empréstimos para a empresa e também pediria uma linha de crédito de US$ 200 milhões a fornecedores --sendo US$ 70 milhões de empresas estatais como a Infraero e a BR Distribuidora.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Dilma Rousseff (Casa Civil) afirmaram, entretanto, que não seria papel do governo socorrer a Varig, que teria que encontrar uma solução sem recursos públicos.
Outra tentativa da Varig, que previa fazer um acordo de compartilhamento de vôos com a OceanAir, foi vetada nesta semana pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Continua nas mãos da Varig agora proposta de compra apresentada por sua ex-subsidiária VarigLog, que ainda não teve sinalização positiva por parte de credores e trabalhadores da empresa.
A proposta ainda será oficialmente analisada, mas trabalhadores já criticaram a demissão de mais de 5.000 funcionários prevista no plano.
Já os credores mostraram-se insatisfeitos porque a empresa seria dividida em duas: a nova e a velha Varig. Da nova Varig, que ficaria com a parte boa da empresa, os credores teriam uma participação de apenas 5%.
Também pode ajudar a Varig julgamento na Primeira Seção do STJ (Superior Tribunal de Justiça), em que a empresa pede indenização pelo congelamento de tarifas aéreas entre 1985 e 1992.
A ação, que pode render cerca de R$ 4 bilhões para a empresa aérea, não será, porém, analisada rapidamente, uma vez que a União entende que ainda poderá recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) mesmo que seja derrotada no STJ.
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Apesar da grave crise financeira , a Varig permanece como a maior empresa aérea brasileira em vôos internacionais e a terceira no mercado doméstico de aviação.
Com dívidas estimadas em mais de R$ 7 bilhões, a empresa enfrenta há anos dificuldades que, segundo especialistas, são reflexo das perdas geradas pelo congelamento das tarifas aéreas nas décadas de 80 e 90 combinadas com a má administração da companhia.
No começo do governo Lula, o Planalto tentou promover uma fusão entre a Varig e a TAM numa tentativa de reduzir os custos operacionais do setor, que ainda sofria os reflexos da crise deflagrada pelos ataques terroristas de 2001.
O projeto não deu certo e as empresas desfizeram a união. O prejuízo maior ficou com a Varig, que continuou a perder mercado para a TAM, que passou a liderar em vôos domésticos.
A entrada em operação da Gol, em 2001, também contribuiu para o encolhimento da Varig. Com tarifas mais competitivas, a Gol conseguiu rapidamente tirar da Varig o posto de segunda maior empresa em tráfego nacional.
Sem conseguir arcar com compromissos assumidos com credores, a empresa passou a enfrentar a ameaça de ter a falência decretada pela Justiça, mas ganhou sobrevida no ano passado quando seu pedido de recuperação judicial foi aprovado.
Esse instrumento de recuperação, previsto na nova Lei de Falências, protegeu a empresa de ações movidas por credores, mas a Varig continuou obrigada a arcar com despesas correntes, como combustíveis e taxas aeroportuárias.
Há pouco mais de três meses, os credores da Varig aprovaram seu plano de recuperação. A Varig iniciou então um processo de reestruturação que prevê a demissão de funcionários e a venda de subsidiárias, como a VarigLog (de transporte de cargas) e a VEM (de manutenção de aeronaves), medidas que poderiam dar fôlego à empresa.
Na semana passada, entretanto, o presidente da Varig, Marcelo Bottini, veio a público afirmar que a empresa não seria paralisada após uma onda de boatos de que ficaria sem caixa para continuar a voar.
O presidente da Varig admitiu que o caixa da empresa é 'limitado' e afirmou que negociaria com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) empréstimos para a empresa e também pediria uma linha de crédito de US$ 200 milhões a fornecedores --sendo US$ 70 milhões de empresas estatais como a Infraero e a BR Distribuidora.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Dilma Rousseff (Casa Civil) afirmaram, entretanto, que não seria papel do governo socorrer a Varig, que teria que encontrar uma solução sem recursos públicos.
Outra tentativa da Varig, que previa fazer um acordo de compartilhamento de vôos com a OceanAir, foi vetada nesta semana pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Continua nas mãos da Varig agora proposta de compra apresentada por sua ex-subsidiária VarigLog, que ainda não teve sinalização positiva por parte de credores e trabalhadores da empresa.
A proposta ainda será oficialmente analisada, mas trabalhadores já criticaram a demissão de mais de 5.000 funcionários prevista no plano.
Já os credores mostraram-se insatisfeitos porque a empresa seria dividida em duas: a nova e a velha Varig. Da nova Varig, que ficaria com a parte boa da empresa, os credores teriam uma participação de apenas 5%.
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