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09/06/2006
-
09h16
da Folha de S.Paulo
Da comemoração antecipada --com direito a bandeiras do Brasil, discursos, torcida e claque-- à água fria de uma única proposta de compra, vinda de uma associação de funcionários que está longe de ser unanimidade mesmo entre os trabalhadores.
Foi nesse clima que aconteceu ontem o leilão de venda da Varig, no hangar ao lado do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.
O espaço ficou lotado de funcionários, que acompanharam os acontecimentos com bandeiras e camisetas de incentivo à empresa. Antes do início do leilão, Hino Nacional em gravação de Fafá de Belém e discursos de artistas que contaram com o patrocínio da Varig em telão deram o tom do evento.
O juiz do caso Varig, Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial, que já se autodenominou "o anjo da Varig", virou estrela entre os funcionários pelas decisões que permitiram a viabilidade da companhia, e chegou a ser mais aplaudido do que o presidente da empresa, Marcelo Bottini.
Seu discurso, que precedeu o leilão, pontuado de referências à "belíssima companhia aérea", foi ovacionado pelos trabalhadores. "Estou otimista, como um bom botafoguense, nesse dia belíssimo, em que certamente em breve passará uma estrela", disse.
A estrela em questão era uma referência ao símbolo da Varig. E, tal qual a previsão, um Boeing-737 pousou no Santos Dumont durante o discurso. O comandante da aeronave colocou uma bandeira do Brasil do lado de fora e foi aplaudido de pé pelos funcionários, de forma similar ao que ocorreu na última assembléia da companhia.
Na platéia, entre os credores da empresa que acompanhavam o leilão, chamava a atenção Amaury Antunes Guedes, 71, que carregava uma bandeira brasileira. Aposentado pela Varig há 16 anos, contava que foi ao leilão para torcer por uma "vitória" da empresa.
"A Varig não falindo já é uma vitória. Tem que ganhar nem que seja por 1 a 0", dizia ele, que trabalhou por 36 anos na empresa em diferentes funções, como comissário de bordo e aeroviário (trabalhador em terra), entre outras.
A percepção de que a crise da Varig se prolonga indefinidamente foi motivo de reclamações. "A gente quer um desfecho, não agüentamos mais essa situação. Estamos sem motivação para trabalhar. A única motivação é o amor pela empresa", afirmou Giane Carvalho, 29, analista de informações de vôo.
Segundo a presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, após a proposta do TGV, o clima do leilão passou a ser de velório. "Ficou todo mundo mudo e chocado com aquilo. Meu sentimento é de derrota. Quem disse que o TGV pode usar os créditos extraconcursais dos trabalhadores? Nós não aprovamos isso. De onde eles vão tirar o dinheiro?", disse.
Caso a proposta não seja aprovada, Balbino afirma que a única saída para a Varig é uma intervenção do governo. "O governo tem a responsabilidade de ver que todos os esforços já foram feitos para salvar essa empresa", disse.
A consultora de desenvolvimento de recursos humanos Rosiléa Amatto, 47, ficou decepcionada com a falta de interesse das concorrentes. "Foi meio desolador. Uma empresa com a reputação da Varig, e só aparece uma proposta, dos próprios funcionários", disse. Ela trabalha na companhia há 17 anos.
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Da comemoração antecipada --com direito a bandeiras do Brasil, discursos, torcida e claque-- à água fria de uma única proposta de compra, vinda de uma associação de funcionários que está longe de ser unanimidade mesmo entre os trabalhadores.
Foi nesse clima que aconteceu ontem o leilão de venda da Varig, no hangar ao lado do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.
O espaço ficou lotado de funcionários, que acompanharam os acontecimentos com bandeiras e camisetas de incentivo à empresa. Antes do início do leilão, Hino Nacional em gravação de Fafá de Belém e discursos de artistas que contaram com o patrocínio da Varig em telão deram o tom do evento.
O juiz do caso Varig, Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial, que já se autodenominou "o anjo da Varig", virou estrela entre os funcionários pelas decisões que permitiram a viabilidade da companhia, e chegou a ser mais aplaudido do que o presidente da empresa, Marcelo Bottini.
Seu discurso, que precedeu o leilão, pontuado de referências à "belíssima companhia aérea", foi ovacionado pelos trabalhadores. "Estou otimista, como um bom botafoguense, nesse dia belíssimo, em que certamente em breve passará uma estrela", disse.
A estrela em questão era uma referência ao símbolo da Varig. E, tal qual a previsão, um Boeing-737 pousou no Santos Dumont durante o discurso. O comandante da aeronave colocou uma bandeira do Brasil do lado de fora e foi aplaudido de pé pelos funcionários, de forma similar ao que ocorreu na última assembléia da companhia.
Na platéia, entre os credores da empresa que acompanhavam o leilão, chamava a atenção Amaury Antunes Guedes, 71, que carregava uma bandeira brasileira. Aposentado pela Varig há 16 anos, contava que foi ao leilão para torcer por uma "vitória" da empresa.
"A Varig não falindo já é uma vitória. Tem que ganhar nem que seja por 1 a 0", dizia ele, que trabalhou por 36 anos na empresa em diferentes funções, como comissário de bordo e aeroviário (trabalhador em terra), entre outras.
A percepção de que a crise da Varig se prolonga indefinidamente foi motivo de reclamações. "A gente quer um desfecho, não agüentamos mais essa situação. Estamos sem motivação para trabalhar. A única motivação é o amor pela empresa", afirmou Giane Carvalho, 29, analista de informações de vôo.
Segundo a presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, após a proposta do TGV, o clima do leilão passou a ser de velório. "Ficou todo mundo mudo e chocado com aquilo. Meu sentimento é de derrota. Quem disse que o TGV pode usar os créditos extraconcursais dos trabalhadores? Nós não aprovamos isso. De onde eles vão tirar o dinheiro?", disse.
Caso a proposta não seja aprovada, Balbino afirma que a única saída para a Varig é uma intervenção do governo. "O governo tem a responsabilidade de ver que todos os esforços já foram feitos para salvar essa empresa", disse.
A consultora de desenvolvimento de recursos humanos Rosiléa Amatto, 47, ficou decepcionada com a falta de interesse das concorrentes. "Foi meio desolador. Uma empresa com a reputação da Varig, e só aparece uma proposta, dos próprios funcionários", disse. Ela trabalha na companhia há 17 anos.
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