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30/06/2006 - 12h08

Lula escolhe Luiz Carlos Guedes Pinto para ministro da Agricultura

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ANDREZA MATAIS
da Folha Online, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou hoje o engenheiro agrônomo Luiz Carlos Guedes Pinto para assumir o Ministério da Agricultura em substituição a Roberto Rodrigues, que pediu demissão na última quarta-feira. A posse do novo ministro deverá ser na segunda-feira, às 17h.

Guedes Pinto ocupava a Secretaria Executiva do ministério desde dezembro de 2004 por indicação de Rodrigues. O secretário-executivo é uma espécie de vice-ministro e substitui o titular da pasta em caso de viagens internacionais, por exemplo.

Alan Marques / Folha Imagem
Ministro Luiz Carlos Guedes Pinto (esq.)
Ministro Luiz Carlos Guedes Pinto (esq.)
Rodrigues e Guedes Pinto estiveram com o presidente nesta manhã no Palácio do Planalto, onde Lula apresentou o convite ao novo ministro e informou que a pasta teria um reforço no Orçamento de R$ 42,6 milhões. O valor será destinado para o programa de seguro agrícola.

O novo ministro disse que não irá fazer alterações na pasta e que recebeu do presidente Lula orientação para manter um bom relacionamento com a bancada ruralista no Congresso. "Me sinto honrado com o convite. É um desafio muito grande substituir o ministro, uma das figuras mais preparadas", disse.

Já o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) afirmou que o novo ministro "vai assumir mesma linha técnica e política" empregada por Roberto Rodrigues, "não havendo nenhuma ruptura".

Também eram cotados para assumir o ministério o presidente da Embrapa, Sílvio Crestana, e os secretários do ministério Ivan Wedekin (Política Agrícola) e Linneu Costa Lima (Produção e Agroenergia).

O principal empecilho à indicação de Guedes Pinto era suas ligações com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Guedes foi presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária, que tem ligações históricas com os movimentos sociais do campo. Nos tempos de professor da Unicamp, atuava como uma espécie de conselheiro intelectual do MST.

Preocupados com um aprofundamento da reforma agrária, ruralistas afirmaram nos últimos dias que Guedes Pinto não tem o peso político que o cargo exige e que devem intensificar os ataques ao governo com sua indicação, já que não há mais o constrangimento da presença no cargo de Rodrigues, tido como competente.

Em abril de 2005, Lula prometeu ao MST editar uma portaria que atualizaria todos os índices de produtividade usados por técnicos do Incra para verificar se um imóvel rural é ou não improdutivo. Com os novos índices, o número de áreas consideradas improdutivas cresceria, o que aumentaria também a quantidade de fazendas desapropriadas para o assentamento de sem-terra.

Para tranqüilizar o setor, Lula manterá essa portaria engavetada e usará o exemplo da economia. Lembrará aos fazendeiros que a substituição de Antonio Palocci Filho por Guido Mantega no Ministério da Fazenda não modificou os compromissos e os rumos da política econômica do governo.

Por outro lado, a indicação de Guedes Pinto deve agradar, além do MST, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).

Com Guedes no comando, a expectativa é que a agricultura familiar seja tratada como a agricultura patronal, com as mesmas prioridades para pesquisas na Embrapa e nas negociações de comércio exterior.

Também deve haver uma reaproximação dos ministério do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura. Houve um caso recente e emblemático no qual Miguel Rossetto (ex-ministro) e o ministro demissionário Roberto Rodrigues ficaram em salas separadas durante reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio).

Saída de Rodrigues.

Rodrigues, que estava no governo Lula desde o começo, há três anos e meio, havia manifestado no passado seu descontentamento com a política econômica do governo federal e com a falta de apoio do governo para ao menos minimizar a crise vivida pela agricultura.

O setor agrícola entrou em crise no ano passado devido à queda da cotação do dólar --que reduz a competitividade de exportações brasileiras-- e à seca na região Sul.

Ao mesmo tempo em que rejeita mexer no câmbio e desvalorizar o real, neste ano o governo anunciou um pacote que pode alcançar R$ 75 bilhões em ajuda aos produtores rurais.

O valor inclui R$ 50 bilhões em crédito para a nova safra e R$ 10 bilhões para a agricultura familiar, além da prorrogação de dívidas já contraídas por agricultores.

O pacote foi considerado tímido por ruralistas, que defendiam também mudanças no câmbio, redução de juros e renegociação de mais dívidas.

O ministro também não escondeu seu descontentamento no passado após o surgimento de focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul e Paraná.

Rodrigues já havia alertado sobre a possibilidade de descoberta da doença, mas a equipe econômica, na época liderada pelo ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda), recusou a liberação de recursos para a prevenção.

Colaborou a Folha de S.Paulo

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