Publicidade
Publicidade
22/01/2007
-
16h27
TONI SCIARRETTA
Editor da Folha Online
O esperado PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) tem o mérito de planificar os investimentos de longo prazo do setor público --e agora também do privado-- nos mais diversos segmentos, especialmente, em infra-estrutura de transportes e energia. Mostra um direcionamento para a economia, mas se limita a uma agenda, espécie de um balanço projetado para o futuro.
O pacote, porém, não traz dinheiro novo, apenas realoca o que espera conseguir por meio, principalmente, de duas variáveis:
a) crescimento maior da economia; É ousado ao contar com crescimento de 4,5% e 5% do PIB até 2010, percentual este previsto nos anos anteriores, mas nunca confirmado devido a tragédias externas com reflexo na economia, infra-estrutura e regulamentação deficiente, e poupança interna limitada, que acaba escoada para financiar a rolagem da dívida pública.
b) elevação do PPI (Programa Piloto de Investimento), que aloca parte do superávit primário (a economia para o pagamento de juros) para investimentos em saneamento e infra-estrutura; Com a elevação do PPI de 0,2% do PIB (R$ 4,9 bilhões) para 0,5% (cerca de R 11 bilhões neste ano). Ou seja, a proposta reduz a quantidade de recursos destinada ao pagamento de juros de 4,25% para 3,75% do PIB.
O pacote é tímido ao propor redução de tributos, trazendo incentivos pontuais a setores estratégicos --informática, semicondutores e TV Digital-- e com alto potencial de desenvolvimento. Traz isenção de Imposto de Renda para fundos de investimento em infra-estrutura, mas para quem aceitar assimilar o risco em até cinco anos, o que é bem justo.
Mas onde mais peca é no controle de gastos públicos. Sequer cita o déficit da Previdência --não vale dizer que será rigoroso com as fraudes, pois é o mínimo esperado de uma gestão pública séria; muito menos que criou um grupo para propor mudanças na próxima década.
É verdade que inova ao adotar regras para o reajuste do salário mínimo e do salário dos servidores --outra medida que evitará futuros desgastes em eventuais negociações--, mas não gera dinheiro. Ou seja, o pacote sinaliza mais investimentos, mas não mostra como permitirá a criação de poupança para financiá-lo --já que a dívida pública absorve a maior parte da poupança brasileira.
Também conta com forte investimento do setor privado --o número não está claro--, apesar de não ter atendido demandas dos empresários, como a definição do marco regulatório, dimunuição da carga tributária, além de juro baixo e câmbio favorável.
"Já vi esse filme antes. O pacote lembra os PNDs [Plano Nacional de Desenvolvimento] dos governos militares, mas tem o mérito de colocar a infra-estrutura como prioridade do segundo mandato", disse Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura.
O pacote apresenta uma série de ações para viabilizar financiamento no setor de construção civil, hoje um dos mais dinâmicos do país e que certamente puxará investimentos de outros segmentos da economia.
Mas não deixa de ser preocupante o fato de contar com o dinheiro do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), a poupança geral do trabalhador assalariado, para bancar investimento de risco --infra-estrutura no Brasil é setor de risco, sim.
Leia mais
Veja as medidas do Pacote de Aceleração do Crescimento
Corte de impostos do PAC é bem menor que o esperado
Governo mira alta do PIB de 4,5% neste ano e 5% até 2010
Redução de impostos do PAC é bem menor do que a prometida
Pacote prevê investimento de R$ 33,437 bi em rodovias
Setor de petróleo terá maior parte dos investimentos do PAC
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o PAC
Análise: Pacote não traz dinheiro novo e conta com recursos hipotéticos
Publicidade
Editor da Folha Online
O esperado PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) tem o mérito de planificar os investimentos de longo prazo do setor público --e agora também do privado-- nos mais diversos segmentos, especialmente, em infra-estrutura de transportes e energia. Mostra um direcionamento para a economia, mas se limita a uma agenda, espécie de um balanço projetado para o futuro.
O pacote, porém, não traz dinheiro novo, apenas realoca o que espera conseguir por meio, principalmente, de duas variáveis:
a) crescimento maior da economia; É ousado ao contar com crescimento de 4,5% e 5% do PIB até 2010, percentual este previsto nos anos anteriores, mas nunca confirmado devido a tragédias externas com reflexo na economia, infra-estrutura e regulamentação deficiente, e poupança interna limitada, que acaba escoada para financiar a rolagem da dívida pública.
b) elevação do PPI (Programa Piloto de Investimento), que aloca parte do superávit primário (a economia para o pagamento de juros) para investimentos em saneamento e infra-estrutura; Com a elevação do PPI de 0,2% do PIB (R$ 4,9 bilhões) para 0,5% (cerca de R 11 bilhões neste ano). Ou seja, a proposta reduz a quantidade de recursos destinada ao pagamento de juros de 4,25% para 3,75% do PIB.
O pacote é tímido ao propor redução de tributos, trazendo incentivos pontuais a setores estratégicos --informática, semicondutores e TV Digital-- e com alto potencial de desenvolvimento. Traz isenção de Imposto de Renda para fundos de investimento em infra-estrutura, mas para quem aceitar assimilar o risco em até cinco anos, o que é bem justo.
Mas onde mais peca é no controle de gastos públicos. Sequer cita o déficit da Previdência --não vale dizer que será rigoroso com as fraudes, pois é o mínimo esperado de uma gestão pública séria; muito menos que criou um grupo para propor mudanças na próxima década.
É verdade que inova ao adotar regras para o reajuste do salário mínimo e do salário dos servidores --outra medida que evitará futuros desgastes em eventuais negociações--, mas não gera dinheiro. Ou seja, o pacote sinaliza mais investimentos, mas não mostra como permitirá a criação de poupança para financiá-lo --já que a dívida pública absorve a maior parte da poupança brasileira.
Também conta com forte investimento do setor privado --o número não está claro--, apesar de não ter atendido demandas dos empresários, como a definição do marco regulatório, dimunuição da carga tributária, além de juro baixo e câmbio favorável.
"Já vi esse filme antes. O pacote lembra os PNDs [Plano Nacional de Desenvolvimento] dos governos militares, mas tem o mérito de colocar a infra-estrutura como prioridade do segundo mandato", disse Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura.
O pacote apresenta uma série de ações para viabilizar financiamento no setor de construção civil, hoje um dos mais dinâmicos do país e que certamente puxará investimentos de outros segmentos da economia.
Mas não deixa de ser preocupante o fato de contar com o dinheiro do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), a poupança geral do trabalhador assalariado, para bancar investimento de risco --infra-estrutura no Brasil é setor de risco, sim.
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
- Por que empresa proíbe caminhões de virar à esquerda - e economiza milhões
- Megarricos buscam refúgio na Nova Zelândia contra colapso capitalista
- Com 12 suítes e 5 bares, casa mais cara à venda nos EUA custa US$ 250 mi
- Produção industrial só cresceu no Pará em 2016, diz IBGE
+ Comentadas
- Programa vai reduzir tempo gasto para pagar impostos, diz Meirelles
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
+ EnviadasÍndice