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23/01/2007
-
09h46
SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Insatisfeitos por não terem sido consultados antes do anúncio do PAC, governadores de oposição criticaram a formatação do pacote e decidiram apresentar, com o apoio de governistas, lista de reivindicações em 6 de março, em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para eles, a desoneração fiscal de R$ 6,6 bilhões pode provocar perda de receita aos Estados. Reclamam ainda que a falta de diálogo do governo ao selecionar projetos impede investimentos conjuntos.
Segundo governadores tucanos, o principal protesto foi o silêncio de José Serra (PSDB-SP), que deixou o Planalto sem dar entrevista. Em Franca (SP), foi cauteloso, mas disse que é preciso ficar atento à reunião do Banco Central que definirá nova taxa de juros.
'Não tenho condições de emitir uma opinião responsável, porque apenas hoje [ontem] tomei conhecimento das linhas gerais do PAC', disse. Segundo ele, o 'estímulo ao crescimento significa não apenas apresentar um plano, que deve ser analisado, mas também a decisão sobre os juros e indiretamente sobre o câmbio'.
Aécio Neves (PSDB-MG) foi irônico. Disse que 'deve ter sido brincadeira' incluir no PAC criação de 700 vagas de estacionamento no aeroporto de Confins. Disse que Lula 'perdeu uma oportunidade de ouvir dos governadores quais seriam as obras federais que eles julgam prioritárias em seus Estados'.
Aécio e Serra, a Folha apurou, preferiram não desferir golpes muito fortes no PAC, pois poderia parecer má vontade no momento de lançamento do pacote. Mas os tucanos acreditam que uma decisão do BC sobre juros, reduzindo mais a taxa, seria talvez mais eficaz do que grande parte das medidas apresentadas ontem.
Porta-voz do grupo oposicionista, Aécio afirmou que o projeto de desenvolvimento do país 'não pode ficar concentrado exclusivamente nas mãos da União'. 'O governo demorou meses para desenhar essas propostas. Agora é preciso ver o custo para os Estados.'
Para Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), é 'cortesia com o chapéu alheio', 'como ser chamado para pagar por um banquete do qual não participou'.
O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, classificou as reações como 'naturais'. 'Não há questão que não possa ser avaliada. Desde que não seja desconstruído o essencial, há espaço para mudar.'
Outro ponto do plano econômico que preocupou os governadores foi o limite para os reajustes salariais do funcionalismo público, que não poderá ultrapassar a variação do IPCA (inflação) mais 1,5% ao ano.
Também sobraram queixas de projetos 'preteridos'. Nos bastidores, eles afirmaram que o Planalto evitou direcionar investimentos para obras que pudessem ser 'capitalizadas' eleitoralmente pela oposição.
'Houve uma escolha do governo de quais seriam as obras. Eu, particularmente, morri de inveja do metrô de Fortaleza', disse a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), em alusão aos investimentos no Estado do governista Cid Gomes (PSB).
Após o evento no Planalto, 19 governadores participaram de almoço em que formaram comissão de cinco governadores --um de cada região--, que se reunirá na segunda, em Brasília, para fechar agenda de reivindicações. Um dos líderes do bloco governista, Jaques Wagner (PT-BA) tentou amenizar. 'As pessoas sempre acham que poderiam debater mais. Se não marcar prazo, o debate fica interminável.'
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FERNANDA KRAKOVICS
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Insatisfeitos por não terem sido consultados antes do anúncio do PAC, governadores de oposição criticaram a formatação do pacote e decidiram apresentar, com o apoio de governistas, lista de reivindicações em 6 de março, em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para eles, a desoneração fiscal de R$ 6,6 bilhões pode provocar perda de receita aos Estados. Reclamam ainda que a falta de diálogo do governo ao selecionar projetos impede investimentos conjuntos.
Segundo governadores tucanos, o principal protesto foi o silêncio de José Serra (PSDB-SP), que deixou o Planalto sem dar entrevista. Em Franca (SP), foi cauteloso, mas disse que é preciso ficar atento à reunião do Banco Central que definirá nova taxa de juros.
'Não tenho condições de emitir uma opinião responsável, porque apenas hoje [ontem] tomei conhecimento das linhas gerais do PAC', disse. Segundo ele, o 'estímulo ao crescimento significa não apenas apresentar um plano, que deve ser analisado, mas também a decisão sobre os juros e indiretamente sobre o câmbio'.
Aécio Neves (PSDB-MG) foi irônico. Disse que 'deve ter sido brincadeira' incluir no PAC criação de 700 vagas de estacionamento no aeroporto de Confins. Disse que Lula 'perdeu uma oportunidade de ouvir dos governadores quais seriam as obras federais que eles julgam prioritárias em seus Estados'.
Aécio e Serra, a Folha apurou, preferiram não desferir golpes muito fortes no PAC, pois poderia parecer má vontade no momento de lançamento do pacote. Mas os tucanos acreditam que uma decisão do BC sobre juros, reduzindo mais a taxa, seria talvez mais eficaz do que grande parte das medidas apresentadas ontem.
Porta-voz do grupo oposicionista, Aécio afirmou que o projeto de desenvolvimento do país 'não pode ficar concentrado exclusivamente nas mãos da União'. 'O governo demorou meses para desenhar essas propostas. Agora é preciso ver o custo para os Estados.'
Para Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), é 'cortesia com o chapéu alheio', 'como ser chamado para pagar por um banquete do qual não participou'.
O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, classificou as reações como 'naturais'. 'Não há questão que não possa ser avaliada. Desde que não seja desconstruído o essencial, há espaço para mudar.'
Outro ponto do plano econômico que preocupou os governadores foi o limite para os reajustes salariais do funcionalismo público, que não poderá ultrapassar a variação do IPCA (inflação) mais 1,5% ao ano.
Também sobraram queixas de projetos 'preteridos'. Nos bastidores, eles afirmaram que o Planalto evitou direcionar investimentos para obras que pudessem ser 'capitalizadas' eleitoralmente pela oposição.
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