Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
02/05/2007 - 15h07

Morales pede investimentos, mas nega que petrolíferas sejam "patrões"

Publicidade

da Folha Online

O presidente da Bolívia, Evo Morales, assinou hoje os 44 novos contratos com petrolíferas e consolidou a nacionalização do gás e petróleo anunciada há um ano. Na cerimônia, Morales pediu investimentos das empresas estrangeiras. O boliviano, no entanto, reforçou que as petrolíferas "já não são patrões".

Apesar de dizer que hoje se inicia uma "nova história" no país, Morales pediu que as empresas façam investimentos. Segundo ele, se a Bolívia fosse um país com recursos, não precisaria de "sócios" para explorar suas riquezas naturais.

Na cerimônia realizada no palácio presidencial, Morales observou que quanto mais as empresas investirem, a partir de agora, maiores benefícios terão.

O presidente boliviano disse que fornecerá segurança jurídica aos investimentos em petróleos, mas exigiu das empresas "respeito às normas bolivianas". Pelos novos contratos, a Bolívia obtém 82% do negócio, deixando 18% para as petroleiras.

Dado Galdieri/AP
Ao fazer anúncio ontem, Morales manteve indefinição sobre Petrobras e mandou recado
Ao fazer anúncio ontem, Morales manteve indefinição sobre Petrobras e mandou recado
Ao todo, 12 petrolíferas firmaram nesta quarta-feira 44 novos contratos. A entrada em vigor dos acordos com as multinacionais do setor foi festejada ontem por Evo Morales, durante as festas de 1º de Maio, Dia do Trabalho.

Os acordos passam a valer seis meses após terem sido assinados os originais e um ano e um dia depois de Morales ter anunciado a nacionalização dos hidrocarbonetos.

O presidente da companhia petrolífera hispano-argentina Repsol YPF, Luis García Sánchez, foi um dos primeiros a assinar documentos com seu colega da empresa estatal YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos), Guillermo Aruquipa. Representantes da Petrobras, da franco-belga TotalFinaElf, British Gas e de outras multinacionais também assinaram.

A demora da validação dos novos contratos ocorreu por causa de uma longa e traumática ratificação parlamentar, que teve que ser repetida neste ano devido a erros cometidos por subalternos de Morales na primeira ocasião, em novembro passado, entre outras incidências.

Esses erros, que incluíram o envio ao Congresso de documentos diferentes dos assinados em outubro com algumas petrolíferas, custaram o cargo do anterior presidente de YPFB, Manuel Morales Olivera, terceiro dos quatro que a empresa teve durante o ano após o anúncio da nacionalização.

Petrobras

A estatal boliviana YPFB afirma que as exportações de gás natural para o Brasil não serão afetadas com a nacionalização. Também segundo a Petrobras, nada muda na relação com a Bolívia, pois o Brasil já havia concordado, no ano passado, com a reestatização dos ativos de petróleo e gás.

A Petrobras afirmou ainda que continua a negociar o preço do ressarcimento da nacionalização de duas de suas refinarias (Villaroel, em Cochabamba, e Guillermo Elder Bell, em Santa Cruz de La Sierra). O impasse ocorre porque a Bolívia quer pagar um preço inferior ao valor de mercado.

Ontem, o presidente da estatal brasileira, José Sérgio Gabrielli, disse que a vigência dos novos contratos, assinados entre as operadoras estrangeiras e a estatal YPFB, é positiva. A companhia passará a pagar menos impostos e dividirá custos e lucros com a YPFB.

"As negociações continuam desde maio de 2006 até agora e esperamos achar uma boa solução", afirmou Gabrielli em entrevista coletiva em Houston, nos Estados Unidos, onde participa da Offshore Technology Conference (OTC), maior evento da indústria de petróleo offshore no mundo.

Recado

Durante o anúncio de terça-feira, Evo Morales, porém, mandou um recado, sem citar o nome, à empresa brasileira.

"Algumas empresas dizem que vão nos processar no CIADI [Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Investimentos]. Mas nós decidimos sair do CIADI porque só os Estados Unidos saíram vitoriosos neste organismo de arbitragem internacional. Todos os demais perderam e as empresas sempre saíram ganhando", afirmou.

Morales disse ainda que se as empresas nacionalizadas pedem segurança jurídica, a Bolívia pede respeito às suas leis.

O ministro de Hidrocarbonetos do país, Carlos Villegas, porém, foi mais cuidadoso em suas declarações. "Um país precisa de investimentos e, por isso, não queremos confiscos, mas negociações, deixando claro que a maioria [acionária] sempre será da Bolívia."

Com France Presse e Efe

Leia mais
  • Petrobras e estatal boliviana divergem sobre contratos
  • Negociações sobre refinarias continuam, diz Petrobras
  • Venezuela nacionaliza gigantesca faixa de petróleo do Orinoco
  • Brasil pressiona Bolívia para evitar confisco
  • Bolívia revisa três contratos com a Petrobras
  • Livro ajuda a entender a Alca e seus objetivos

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a Petrobras e a Bolívia
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página