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Bolsa de Tóquio tem pior desempenho em um mês de janeiro em 25 anos
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JUAN PALOP
da Efe, em Tóquio
A Bolsa de Valores de Tóquio teve seu pior janeiro em 25 anos, prejudicada pelo temor de uma recessão nos Estados Unidos e pelas incertezas sobre sua própria economia, que registra uma desaceleração.
O índice Nikkei 225 caiu em torno de 13% em janeiro, uma queda maior do que a acumulada em todo o ano passado, o primeiro em que a bolsa fechou com perdas em cinco anos. O indicador fechou hoje em baixa de 0,70%, aos 13.497,16 pontos.
Embora as crescentes dúvidas sobre a situação da economia americana e sua repercussão no resto do mundo tenham prejudicado neste começo de ano quase todas as Bolsas de Valores do mundo, a de Tóquio foi uma das mais afetadas.
Em comparação, o Dow Jones, o principal índice da Bolsa de Valores de Nova York, acumula perdas em janeiro de apenas 4,85%, apesar de se encontrar no epicentro do terremoto que está atingindo os mercados financeiros.
Neste contexto de incerteza, as Bolsas da maioria dos países da Ásia se encontram na expectativa da evolução da economia dos Estados Unidos, já que o país é o maior parceiro comercial da região.
As perspectivas para o Japão no primeiro semestre deste ano não são boas, segundo os analistas, embora alguns considerem que o pregão de Tóquio poderá voltar a registrar altas na segunda metade de 2008.
Este tímido otimismo contrasta com as ótimas previsões que no início de 2007 indicavam que o índice Nikkei fecharia no ano passado acima dos 19 mil pontos, quase 30% a mais que seu valor atual.
O clima no pregão de Tóquio é de pessimismo, já que o mercado interno tem pouca margem de crescimento com o atual ritmo de consumo japonês e porque a indústria nacional depende fortemente do mercado externo em geral e, principalmente, do americano.
A possibilidade de que a Ásia possa se dissociar economicamente dos Estados Unidos durante uma crise como esta é uma hipótese quase impensável no caso do Japão.
Marcas de referência no país, como a automobilística Toyota, obtêm um terço de seu lucro nos Estados Unidos, e seu valor na Bolsa de Valores de Tóquio caiu quase 30% nos últimos doze meses.
Por um lado, as grandes companhias estão vendendo cada vez menos nos EUA, e, por outro, o lucro obtido neste país não vale tanto em ienes devido à contínua desvalorização do dólar, que se encontra em mínimos históricos em relação à maioria das principais divisas internacionais.
Além disso, cada redução da taxa de juros pelo Federal Reserve para estimular a economia provoca uma nova queda do dólar e, como conseqüência, uma nova redução na bolsa para as exportadoras japonesas.
No entanto, a cotação na bolsa das grandes empresas japonesas contrasta com sua situação empresarial.
Nos últimos dias, companhias de referência do Japão --como as empresas de eletrônica Sony, Canon e Matsushita (dona da marca Panasonic) e fabricantes de veículos como Honda e Suzuki-- divulgaram grandes altas em seus lucros entre abril e dezembro de 2007.
Esse período engloba a explosão da crise imobiliária nos Estados Unidos e suas conseqüências no sistema financeiro internacional e no ânimo dos consumidores.
Alguns analistas atribuem o atual estado da Bolsa de Tóquio ao caráter conservador e protecionista da legislação financeira japonesa e pedem reformas que liberalizem o setor.
Yasuo Takenaka, ex-ministro de várias pastas de economia no mandato de Junichiro Koizumi e artífice das reformas do período, acusou recentemente o governo de não assumir sua responsabilidade e pediu que tome algumas medidas para reverter o atual quadro.
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