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29/04/2008 - 10h23

ONU pede R$ 2,5 bi e defende força-tarefa contra crise dos alimentos

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da France Presse e Reuters
com Folha Online

Agências da ONU (Organização das Nações Unidas) e o Banco Mundial prometeram, nesta terça-feira, criar uma força-tarefa contra a atual crise global de alimentos, que já provoca distúrbios em vários países. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também pediu à comunidade internacional que doe US$ 2,5 bilhões para enfrentar o problema.

Ban Ki-moon afirmou que a ONU criará uma nova unidade de emergência para enfrentar a crise, que será dirigida pelo principal funcionário humanitário da instituição, o subsecretário adjunto John Holmes.

"Se os fundos que solicitamos aos doadores não forem plenamente cobertos, corremos o risco de presenciar ainda mais o aumento da fome, da desnutrição e do surgimento de distúrbios sociais em uma escala sem precedentes", disse o secretário-geral.

O diretor do Banco Mundial, Robert Zoellick, assegurou, por sua vez, que "as próximas semanas serão críticas" e disse que sua entidade pretende criar um fundo para financiar os países mais pobres e ajudar sua agricultura.

O anúncio foi feito ao término de uma reunião de 27 importantes agências em Berna para elaborar um plano de batalha para enfrentar a crise alimentar, que ameaça aumentar o número de desnutridos em cerca de 100 milhões de pessoas, segundo o Banco Mundial (Bird).

Ban também fez um apelo a países como Brasil e Egito, que adotaram restrições à exportação de alguns produtos alimentícios, para que abandonem estas medidas, já que reduziram a oferta e contribuíram para a escalada dos preços.

Para enfrentar a recente escalada do custo dos alimentos, Brasil, Argentina, Vietnã, Índia e Egito limitaram a exportação de alguns produtos para garantir o abastecimento interno.

"Devem ser implementadas medidas de política doméstica que corrijam as distorções e não ponham em risco a oferta, junto a medidas de apoio orçamentário e apoio à balança de pagamentos para os países mais afetados", disse Ban.

As declarações foram apoiadas pelo diretor geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy, e por Robert Zoellick, ambos presentes na conferência.

"Pedimos aos países que não utilizem proibições à exportação. Estes controles estimulam o entesouramento (de alimentos), aumentam os preços e prejudicam as pessoas mais pobres do mundo", disse Zoellick.

O presidente do Bird deu as boas-vindas à decisão da Ucrânia de retirar as restrições à exportação de trigo e destacou que a medida gerou uma queda imediata dos preços. Lamy também disse que as restrições às exportações não são "boas soluções econômicas a curto prazo". "É óbvio que estas medidas provocarão um aumento maior dos preços", afirmou.

Um paradoxo da crise alimentar é que muitos grandes exportadores de alimentos como o Brasil, na linha de frente na batalha pela liberalização do comércio mundial na Rodada Doha, estão agora adotando medidas protecionistas.

Ban disse que a prioridade imediata da comunidade internacional deve ser "alimentar aqueles que têm fome", e pediu que os países financiem "de forma urgente e cabal" o Programa Mundial de Alimentos (PAM).

"Sem um financiamento total destas demandas de emergência, corremos outra vez o risco de uma fome generalizada, desnutrição e distúrbios sociais em uma escala sem precedentes", alertou Ban.

O PAM indicou que precisa de US$ 755 milhões adicionais para alimentar os mais afetados pelo aumento dos preços da comida. "Temos promessas de US$ 471 milhões, mas apenas US$ 18 milhões estão efetivamente conosco. Não podemos comprar comida até que não tenhamos a totalidade", disse à imprensa a diretora do PAM, Josette Sheeran.

Para dar uma idéia da dimensão do problema, o PAM advertiu nesta terça-feira que o crescente preço do arroz o obrigou a deixar de fornecer o café da manhã a 450 mil crianças pobres nas escolas do Camboja. A agência afirmou que o programa foi suspenso porque já não era possível pagar o custo atual do arroz, que representa 76% dos lanches escolares.

Biocombustíveis

Ban pediu a revisão dos subsídios aos biocombustíveis, considerados uma das causas da escalada dos preços dos alimentos.

"É preciso investigar mais o impacto da mudança do cultivo de alimentos à produção de biocombustíveis e todos os subsídios aos biocombustíveis devem ser revisados", afirmou.

Na reunião, também foram estabelecidas entre as causas da crise a falta de investimentos no setor agrícola, os subsídios que distorcem o comércio, as más condições climatológicas e a degradação do ambiente.

Insuficiente

Por sua vez, as organizações humanitárias Oxfam International e Care International rebateram os esforços, afirmando que a ajuda imediata para os países pobres, que sofrem os efeitos mais graves da crise atual de alimentos no mundo, é insuficiente para lidar com a crise.

Para as organizações, é preciso ir além, atacando diretamente as raízes do problema. "A ajuda é necessária, e com urgência, para lidar com a ameaça imediata aos pobres representada pelos preços mais altos dos alimentos, mas o dinheiro não basta", disse a diretora da Oxfam International Celine Charveriat.

 

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