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11/10/2002
-
14h58
da Folha Online, no Rio
A alta do dólar não se restringe a afetar o mercado financeiro. As sucessivas elevações da moeda norte-americana nos últimos meses causam um efeito forte no bolso do consumidor por conta da inflação que atinge os preços de diversos produtos e serviços.
Antes apenas concentrado nos alimentos, o efeito da alta cambial para o cidadão comum agora se espalha para produtos e serviços que poucos imaginavam.
Até o serviço funeral foi afetado. O preço médio do serviço no país subiu 1,97% em setembro e 10,71% no ano, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A razão é que a madeira utilizada no caixão subiu de preço pois o país exporta madeira. Com isso, o preço interno do produto acompanha o valor da madeira vendida no exterior.
"O dólar é muito importante na economia e está presente em quase todos os produtos", observa a chefe do Departamento de Estudos de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.
A técnica explica que inicialmente o efeito do câmbio se dá nos alimentos, especialmente naqueles cujo principal insumo é cotado no mercado internacional, como a soja e o trigo. Os alimentos subiram 1,96% no mês passado e 5,67% neste ano.
Neste ano, até setembro, por exemplo, o pão francês (produto feito a partir da farinha de trigo, em sua grande parte importada) aumentou 18,89%. Já o óleo de soja registrou aumento de 37,06%.
Eulina explica que o varejo não consegue mais segurar o aumento em seus custos por conta da alta do dólar depois de quatro meses da escalada cambial. Por isso, está repassando seus custos para outros produtos que não são alimentos.
É o caso do papel higiênico, que devido à subida da celulose no atacado, aumentou 9,75% no ano. O sabão em pó, que tem alguns de seus ingredientes importados, subiu 2,44% em setembro e 12,84% no ano.
Os óculos e lentes, em sua maioria importados, subiram 7,58% no ano. Já os artigos de TV, som e informática acumularam inflação de 4,23% neste ano. Neste grupo, o custo do câmbio está relacionado aos componentes eletro-eletrônicos, quase todos importados.
Também subiram em 5,50% os artigos de cama, mesa e banho, porque o algodão tem cotação internacional. Além disso, materiais utilizados na fabricação destes produtos receberem alguma influência do dólar, como os tecidos sintéticos e os plásticos.
"A inflação está se espalhando. Isso ocorre devido à pressão dos custos sobre os produtos nos últimos meses. Muitas vezes essa pressão é absorvida mas o que ocorre agora é o repasse de custos para o consumidor", afirma Eulina.
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), índice de inflação oficial e utilizado no sistema de metas de inflação do governo, foi de 0,72% em setembro e acumulou 5,60% no ano, ultrapassando já no nono mês do ano o teto da meta de inflação traçada pelo governo para todo o 2002, que era de 5,5%.
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Cidadão comum paga quase tudo mais caro por alta do dólar
ANA PAULA GRABOISda Folha Online, no Rio
A alta do dólar não se restringe a afetar o mercado financeiro. As sucessivas elevações da moeda norte-americana nos últimos meses causam um efeito forte no bolso do consumidor por conta da inflação que atinge os preços de diversos produtos e serviços.
Antes apenas concentrado nos alimentos, o efeito da alta cambial para o cidadão comum agora se espalha para produtos e serviços que poucos imaginavam.
Até o serviço funeral foi afetado. O preço médio do serviço no país subiu 1,97% em setembro e 10,71% no ano, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A razão é que a madeira utilizada no caixão subiu de preço pois o país exporta madeira. Com isso, o preço interno do produto acompanha o valor da madeira vendida no exterior.
"O dólar é muito importante na economia e está presente em quase todos os produtos", observa a chefe do Departamento de Estudos de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.
A técnica explica que inicialmente o efeito do câmbio se dá nos alimentos, especialmente naqueles cujo principal insumo é cotado no mercado internacional, como a soja e o trigo. Os alimentos subiram 1,96% no mês passado e 5,67% neste ano.
Neste ano, até setembro, por exemplo, o pão francês (produto feito a partir da farinha de trigo, em sua grande parte importada) aumentou 18,89%. Já o óleo de soja registrou aumento de 37,06%.
Eulina explica que o varejo não consegue mais segurar o aumento em seus custos por conta da alta do dólar depois de quatro meses da escalada cambial. Por isso, está repassando seus custos para outros produtos que não são alimentos.
É o caso do papel higiênico, que devido à subida da celulose no atacado, aumentou 9,75% no ano. O sabão em pó, que tem alguns de seus ingredientes importados, subiu 2,44% em setembro e 12,84% no ano.
Os óculos e lentes, em sua maioria importados, subiram 7,58% no ano. Já os artigos de TV, som e informática acumularam inflação de 4,23% neste ano. Neste grupo, o custo do câmbio está relacionado aos componentes eletro-eletrônicos, quase todos importados.
Também subiram em 5,50% os artigos de cama, mesa e banho, porque o algodão tem cotação internacional. Além disso, materiais utilizados na fabricação destes produtos receberem alguma influência do dólar, como os tecidos sintéticos e os plásticos.
"A inflação está se espalhando. Isso ocorre devido à pressão dos custos sobre os produtos nos últimos meses. Muitas vezes essa pressão é absorvida mas o que ocorre agora é o repasse de custos para o consumidor", afirma Eulina.
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), índice de inflação oficial e utilizado no sistema de metas de inflação do governo, foi de 0,72% em setembro e acumulou 5,60% no ano, ultrapassando já no nono mês do ano o teto da meta de inflação traçada pelo governo para todo o 2002, que era de 5,5%.
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