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19/09/2003 - 11h36

Carro-chefe dos emergentes, título da dívida brasileira bate recorde histórico

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SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online

O C-Bond, principal título da dívida externa do Brasil, bateu hoje um novo recorde histórico com uma valorização de 0,20%, negociado a US$ 0,9318. Antes, o valor máximo do papel (US$ 0,9285) tinha sido atingido em 16 de junho último.

Com o recorde do C-Bond, o risco Brasil cai 0,61%, aos 644 pontos, o menor nível desde março de 2000. A Bovespa sobe forte e chegou a superar o patamar de 17.000 pontos pela primeira vez desde o início de 2001. No entanto, o dólar tem leve alta de 0,13%, a R$ 2,906.

Para diretor da corretora López León, Luiz Felipe da Rocha Brandão, há dois fatores que ajudam a explicar essa alta do C-Bond: as fortes compras de papéis da dívida de países emergentes -- especialmente do Brasil -- pelos investidores estrangeiros; e a maior confiança na retomada do crescimento da economia brasileira.

"A conclusão do primeiro turno da reforma tributária na Câmara, a continuidade de redução da taxa básica de juros, a adoção de medidas para estimular o consumo e vendas de setores como a indústria de eletrodomésticos e as montadoras de veículos, e a ajuda ao setor elétrico são notícias que estão repercutindo bem no exterior", diz Brandão.

Ele acredita que o C-Bond deve se manter nos atuais níveis, ou seja, acima do patamar de US$ 0,90.

"Os investidores estão bem aplicados em papéis brasileiros."

Títulos dos EUA

O diretor da López León afirma também que os títulos do Tesouro americano ainda oferecem taxas de retorno pouco atrativas para os investidores, pois o Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos EUA) sinaliza que o juro básico de 1%, o menor nível em 45 anos, deve ser mantido por muito tempo, com o objetivo de aquecer a economia.

"Os sinais de crescimento dos EUA ainda não estão tão claros. Os investidores têm dúvidas se a retomada terá consistência firme em médio e longo prazos."

Com a pequena rentabilidade oferecida pelos papéis dos EUA, os grandes fundos de investimento preferem deixar elevadas quantias aplicadas em títulos de países emergentes, como o Brasil, pois rendem mais lucros em curto prazo.

Exagero na alta

Mas há quem considera preocupante a hipervalorização dos títulos brasileiros.

"Há um otimismo exagerado do investidor estrangeiro em relação à economia brasileira", diz o analista Paulo Cintra, da Global Invest.

Ele afirma que a disparada dos papéis já começa a preocupar instituições, como o FMI (Fundo Monetário Internacional).

"Hoje os títulos brasileiros respondem por 20% dos papéis da dívida de países emergentes. Uma queda abrupta do C-Bond atingiria todo o mercado."

Cintra aponta três tipos de notícias com potencial de derrubar os títulos brasileiros: uma queda da balança comercial, uma redução da economia do governo para pagar juros da dívida (o superávit primário) e a falta da aprovação final das reformas.

"O Brasil depende de financiamento externo. Com os presumidos US$ 20 bilhões do superávit comercial e US$ 30 bilhões do FMI, a conta de 2003 fecha. Mas e os próximos anos? Ainda há essa incerteza."

A entrada em vigor das medidas previstas na reforma da Previdência, que tramita no Senado, prevê uma economia de R$ 49 milhões no prazo de 20 anos.

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