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18/07/2004
-
09h17
da Folha de S.Paulo
O avanço das negociações com a União Européia poderá fortalecer o Mercosul num momento de grave crise interna.
O acordo de livre comércio com os europeus é considerado uma oportunidade única pelos governos do Uruguai e da Argentina.
Os dois países vinham responsabilizando o Brasil por dificuldades nas negociações, devido às resistências do governo brasileiro em fazer concessões nas áreas de investimentos, de compras governamentais e de serviços.
O assunto ainda é tratado com discrição pelos argentinos e uruguaios, que esperam avanços nas conversas com a Europa na próxima semana. O prazo para fechar o acordo é outubro.
Insatisfação
Na reunião de cúpula do Mercosul, no início do mês, em Puerto Iguazú, o presidente argentino, Néstor Kirchner, mostrou, pela primeira vez em público, sua insatisfação com os avanços das negociações com a União Européia. Apesar de não citar o Brasil, disse que, devido a resistências de um sócio, as conversas com a Europa não avançaram.
A coesão do Mercosul nos fóruns internacionais é um dos mais caros objetivos brasileiros no processo de integração. O país vê o bloco como uma forma de aumentar a inserção brasileira em organismos internacionais.
Para a Argentina e o Uruguai, mais importantes do que esse aspecto político da integração são os benefícios comerciais.
Para o Uruguai, a falta de um acordo de livre comércio com a Europa vai levar a reflexões sobre o próprio arranjo institucional do bloco. Os uruguaios consideram a tarifa externa comum do Mercosul um entrave para políticas independentes de desenvolvimento econômico. Aceitam a amarra, pois acreditam que é mais fácil o Uruguai conseguir acordos comerciais com terceiros países por meio do Mercosul.
As medidas argentinas para restringir a importação de máquinas de lavar, televisores, geladeiras e fogões do Brasil não são apenas para proteger a indústria local. O ritmo de crescimento acelerado das importações já afeta o resultado da balança comercial e preocupa as autoridades do vizinho brasileiro. O saldo comercial é hoje a única fonte de divisas na Argentina, que decretou moratória e não tem acesso a crédito externo.
De janeiro a maio deste ano, o vizinho brasileiro obteve um saldo de US$ 5,616 bilhões com o mundo --um valor considerável. O problema é que o resultado do mesmo período do ano passado foi de US$ 7,105 bilhões --26,5% a mais do que em 2004.
"Visto como uma trajetória, a situação preocupa", afirma o diretor da Cepal no Brasil, Renato Baumann.
A queda no saldo comercial é resultado do dinamismo das importações. De janeiro a maio deste ano, a Argentina comprou do exterior US$ 8,044 bilhões, um crescimento de 71%, quando se compara com igual período de 2003. Nos primeiros cinco meses do ano passado, a Argentina havia importado US$ 4,697 bilhões.
As exportações, por outro lado, cresceram apenas 16% no mesmo período. Foram de US$ 11,802 bilhões entre janeiro e maio de 2003 para US$ 13,660 bilhões neste ano.
Além de apresentar um ritmo de crescimento menor do que o das importações, a principal razão para a expansão das vendas foi o aumento de preços de commodities vendidas pela argentina, como a soja. O volume das exportações cresceu apenas 3%.
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O acordo de livre comércio com os europeus é considerado uma oportunidade única pelos governos do Uruguai e da Argentina.
Os dois países vinham responsabilizando o Brasil por dificuldades nas negociações, devido às resistências do governo brasileiro em fazer concessões nas áreas de investimentos, de compras governamentais e de serviços.
O assunto ainda é tratado com discrição pelos argentinos e uruguaios, que esperam avanços nas conversas com a Europa na próxima semana. O prazo para fechar o acordo é outubro.
Insatisfação
Na reunião de cúpula do Mercosul, no início do mês, em Puerto Iguazú, o presidente argentino, Néstor Kirchner, mostrou, pela primeira vez em público, sua insatisfação com os avanços das negociações com a União Européia. Apesar de não citar o Brasil, disse que, devido a resistências de um sócio, as conversas com a Europa não avançaram.
A coesão do Mercosul nos fóruns internacionais é um dos mais caros objetivos brasileiros no processo de integração. O país vê o bloco como uma forma de aumentar a inserção brasileira em organismos internacionais.
Para a Argentina e o Uruguai, mais importantes do que esse aspecto político da integração são os benefícios comerciais.
Para o Uruguai, a falta de um acordo de livre comércio com a Europa vai levar a reflexões sobre o próprio arranjo institucional do bloco. Os uruguaios consideram a tarifa externa comum do Mercosul um entrave para políticas independentes de desenvolvimento econômico. Aceitam a amarra, pois acreditam que é mais fácil o Uruguai conseguir acordos comerciais com terceiros países por meio do Mercosul.
As medidas argentinas para restringir a importação de máquinas de lavar, televisores, geladeiras e fogões do Brasil não são apenas para proteger a indústria local. O ritmo de crescimento acelerado das importações já afeta o resultado da balança comercial e preocupa as autoridades do vizinho brasileiro. O saldo comercial é hoje a única fonte de divisas na Argentina, que decretou moratória e não tem acesso a crédito externo.
De janeiro a maio deste ano, o vizinho brasileiro obteve um saldo de US$ 5,616 bilhões com o mundo --um valor considerável. O problema é que o resultado do mesmo período do ano passado foi de US$ 7,105 bilhões --26,5% a mais do que em 2004.
"Visto como uma trajetória, a situação preocupa", afirma o diretor da Cepal no Brasil, Renato Baumann.
A queda no saldo comercial é resultado do dinamismo das importações. De janeiro a maio deste ano, a Argentina comprou do exterior US$ 8,044 bilhões, um crescimento de 71%, quando se compara com igual período de 2003. Nos primeiros cinco meses do ano passado, a Argentina havia importado US$ 4,697 bilhões.
As exportações, por outro lado, cresceram apenas 16% no mesmo período. Foram de US$ 11,802 bilhões entre janeiro e maio de 2003 para US$ 13,660 bilhões neste ano.
Além de apresentar um ritmo de crescimento menor do que o das importações, a principal razão para a expansão das vendas foi o aumento de preços de commodities vendidas pela argentina, como a soja. O volume das exportações cresceu apenas 3%.
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