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27/09/2004 - 09h29

Ata do Copom esfria expectativa sobre juro

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MARIA CRISTINA FRIAS
da Folha de S. Paulo

Os juros no mercado futuro com vencimento em janeiro de 2005 caíram desde o início da semana passada e embutem agora a expectativa de que a taxa básica, a Selic, estará em 17% na virada deste ano.

Apesar da divulgação de aumento do superávit primário e da flexibilização da meta de inflação para 2005, o mercado financeiro continua a esperar alta de juros nos próximos dois meses. Queda da taxa básica, segundo economistas, só deve ocorrer a partir de abril ou maio do ano que vem.

Em compensação, deve ganhar força o grupo de diretores do Copom que defendia um aumento menor e mais gradual nos juros, afirmam analistas. A inflação desacelera, a renda cai e dados do mercado de trabalho não são animadores.

O DI (Depósito Interbancário) futuro com vencimento em janeiro de 2005 fechou na sexta com taxa de 16,67%, o que indica que investidores acreditam que a Selic, hoje em 16,25%, estará 0,75 ponto mais alta na virada deste ano.

Houve queda dessa projeção em relação à segunda-feira passada, antes, portanto, da divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária), que surpreendeu o mercado ao anunciar a elevação do alvo central de inflação de 4,5% para 5,1% para 2005.

A taxa então negociada na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) embutia a aposta de investidores de que os juros básicos estariam em 17,5% no fim do ano.

A elevação do superávit primário (economia para o pagamento de juros) de 4,25% para 4,5% do PIB já era esperada.

"O superávit maior já era previsto porque a arrecadação está muito forte. Se não o aumentassem, geraria explosão de gasto público", diz Alexandre Lintz, estrategista-chefe do BNP Paribas.

"Só não se sabia qual seria o percentual de aumento", completa Jorge Simino, sócio-diretor da MS Consult. "A conjugação dessa medida esperada à surpresa da elevação da meta [de inflação] foi importante para afastar do imaginário dos mais radicais a possibilidade de que o juro chegasse a 18% ou 18,5% até o final do ano."

Ainda assim, a projeção de alta do juro se mantém porque a política monetária segue restritiva.

"O Copom mencionou na ata o início de um processo de aperto. Poderiam não aumentar, mas é difícil, a menos que saiam dados muito bons", diz Lintz, que considerava precipitada a alta de juros na reunião passada do Copom.

"Continuo achando que não deveriam subir os juros, mas acredito que farão mais dois aumentos de 0,25 ponto, em outubro e novembro, para levar a taxa a terminar o ano em 16,75%", afirma.

A avaliação de boa parte do mercado é que indicadores de preços deverão recuar mais. Dólar a R$ 2,87 e risco-país em 477 pontos dão tranqüilidade às projeções de inflação.

Em sua próxima reunião, o Copom deverá ter em mãos uma melhora no índice cheio do IPCA (que norteia as decisões do comitê). Passou a safra de aumentos de tarifas, mas poderão persistir pressões no atacado, em razão do aumento de commodities.

A média das expectativas de inflação para 2005 havia subido no início da semana passada, segundo o boletim Focus do BC, de 5,78% para 5,86%, acima do centro ampliado da meta, de 5,1%.

"Por isso, o Copom acerta ao manter o rigor. A expectativa é o principal componente da inflação corrente", diz Lintz. Se os preços do petróleo despencarem, não haverá aceleração do corte de juros. O BC, segundo a ata, aproveitará para reverter para a meta central.

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