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27/03/2005
-
19h21
SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online
Os fundos brasileiros que aplicam nos títulos da dívida externa do país, conhecidos como Fiex, já registram uma fuga de R$ 1,2 bilhão neste ano, devido ao aumento dos saques pelos investidores, que estão cada vez mais cautelosos com os papéis dos países emergentes. Mais da metade dessa sangria ocorreu nas três primeiras semanas deste mês.
Os saques coincidem com o menor apetite dos bancos estrangeiros por ativos de risco, como são avaliados os títulos dos países emergentes. Na semana passada, o JP Morgan e Merrill Lynch recomendaram reduzir as aplicações nesses papéis. Como pano de fundo das turbulências, estão as preocupações com a alta do petróleo, a inflação e os juros nos EUA.
Em março, até o último dia 21, houve uma captação negativa (retiradas acima dos depósitos) de R$ 669 milhões nos fundos do tipo Fiex (Fundo de Investimento no Exterior), que carregam C-Bonds, por exemplo.
Esse é o pior desempenho no mês de março na indústria brasileira de fundos de investimento. O dado consta do mais recente levantamento feito pela Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) sobre as captações de recursos no setor.
Para se ter idéia do ritmo dos saques no Fiex, o patrimônio desse tipo de fundo totalizava R$ 1,150 bilhão no último dia 21. Ou seja, a fuga acumulada neste ano (R$ 1,201 bilhão) já supera o seu atual patrimônio.
"Inferno astral" dos emergentes
Neste mês, bancos e fundos desovaram papéis brasileiros, como C-Bond e Global 40. Esses títulos desabaram para o preço mais baixo desde setembro de 2004. Isso fez o risco Brasil subir 10% na semana passada. No ano, a alta é de 25%. Quanto maior o risco, menor o preço dos títulos.
Os grandes investidores estão agora preferindo comprar os títulos do Tesouro dos EUA, que oferecem risco menor de calote. Nas últimas semanas, o rendimento pago por esses papéis disparou para o maior patamar em dez meses (acima de 4,60%), atraindo compradores.
Esse movimento ocorreu porque os bancos desconfiam que o Fed (Federal Reserve) vai aumentar os juros em ritmo agressivo. Na terça-feira passada, o BC americano subiu a taxa de 2,50% para 2,75% e alertou para pressões inflacionárias, reforçando a perspectiva de novas altas.
Reação exagerada?
"Os preços dos títulos dos países emergentes deram uma piorada, o que representa também uma boa oportunidade de lucro para quem acredita na recuperação desses papéis no futuro", afirma o diretor da corretora Americainvest, Luiz Kleber Hollinger.
Ele discorda do "clima apocalíptico" que se abateu sobre o mercado financeiro devido às dúvidas sobre a condução da política monetária americana. Hollinger diz que a dose de pessimismo de alguns analistas está exagerada.
"É verdade que o barril do petróleo voltou a bater recorde, superando US$ 56. Isso gerou medo de descontrole da inflação e de alta mais forte dos juros nos EUA. Mas há espaço para o petróleo ceder. O inverno acabou no hemisfério Norte, o que deve reduzir o consumo. A produção do óleo também tende a aumentar", afirma o analista.
FMI e emprego nos EUA
Para o analista do ING, Alexandre Vasarhely, os investidores devem continuar atentos à divulgação de dados sobre a economia dos EUA na última semana de março. Ele cita a expectativa com o relatório de emprego nos EUA, que traz o número de vagas criadas em março e será divulgado na próxima sexta-feira.
Na quinta-feira passada, antes do feriado, o rendimento do título do Tesouro americano, de dez anos, deu trégua e voltou a cair, ficando abaixo da barreira de 4,60%. A queda momentânea da taxa desse papel pode representar um alívio para os títulos dos países emergentes.
O que motivou a baixa do rendimento das "treausuries" (notas do Tesouro) na quinta-feira passada foi a divulgação de dados fracos sobre a economia dos EUA: as encomendas de bens duráveis cresceram menos do que o esperado. Além disso, os pedidos de seguro-desemprego tiveram alta, contrariando previsões dos analistas.
Além do cenário externo, os investidores aguardam a decisão do governo brasileiro sobre a renovação ou não do acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional). O anúncio pode ser feito pelo ministro Antonio Palocci (Fazenda) até a próxima sexta-feira, em um evento na Espanha.
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Título do Brasil desaba e fundos sofrem fuga de R$ 1,2 bi
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da Folha Online
Os fundos brasileiros que aplicam nos títulos da dívida externa do país, conhecidos como Fiex, já registram uma fuga de R$ 1,2 bilhão neste ano, devido ao aumento dos saques pelos investidores, que estão cada vez mais cautelosos com os papéis dos países emergentes. Mais da metade dessa sangria ocorreu nas três primeiras semanas deste mês.
Os saques coincidem com o menor apetite dos bancos estrangeiros por ativos de risco, como são avaliados os títulos dos países emergentes. Na semana passada, o JP Morgan e Merrill Lynch recomendaram reduzir as aplicações nesses papéis. Como pano de fundo das turbulências, estão as preocupações com a alta do petróleo, a inflação e os juros nos EUA.
Em março, até o último dia 21, houve uma captação negativa (retiradas acima dos depósitos) de R$ 669 milhões nos fundos do tipo Fiex (Fundo de Investimento no Exterior), que carregam C-Bonds, por exemplo.
Esse é o pior desempenho no mês de março na indústria brasileira de fundos de investimento. O dado consta do mais recente levantamento feito pela Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) sobre as captações de recursos no setor.
Para se ter idéia do ritmo dos saques no Fiex, o patrimônio desse tipo de fundo totalizava R$ 1,150 bilhão no último dia 21. Ou seja, a fuga acumulada neste ano (R$ 1,201 bilhão) já supera o seu atual patrimônio.
"Inferno astral" dos emergentes
Neste mês, bancos e fundos desovaram papéis brasileiros, como C-Bond e Global 40. Esses títulos desabaram para o preço mais baixo desde setembro de 2004. Isso fez o risco Brasil subir 10% na semana passada. No ano, a alta é de 25%. Quanto maior o risco, menor o preço dos títulos.
Os grandes investidores estão agora preferindo comprar os títulos do Tesouro dos EUA, que oferecem risco menor de calote. Nas últimas semanas, o rendimento pago por esses papéis disparou para o maior patamar em dez meses (acima de 4,60%), atraindo compradores.
Esse movimento ocorreu porque os bancos desconfiam que o Fed (Federal Reserve) vai aumentar os juros em ritmo agressivo. Na terça-feira passada, o BC americano subiu a taxa de 2,50% para 2,75% e alertou para pressões inflacionárias, reforçando a perspectiva de novas altas.
Reação exagerada?
"Os preços dos títulos dos países emergentes deram uma piorada, o que representa também uma boa oportunidade de lucro para quem acredita na recuperação desses papéis no futuro", afirma o diretor da corretora Americainvest, Luiz Kleber Hollinger.
Ele discorda do "clima apocalíptico" que se abateu sobre o mercado financeiro devido às dúvidas sobre a condução da política monetária americana. Hollinger diz que a dose de pessimismo de alguns analistas está exagerada.
"É verdade que o barril do petróleo voltou a bater recorde, superando US$ 56. Isso gerou medo de descontrole da inflação e de alta mais forte dos juros nos EUA. Mas há espaço para o petróleo ceder. O inverno acabou no hemisfério Norte, o que deve reduzir o consumo. A produção do óleo também tende a aumentar", afirma o analista.
FMI e emprego nos EUA
Para o analista do ING, Alexandre Vasarhely, os investidores devem continuar atentos à divulgação de dados sobre a economia dos EUA na última semana de março. Ele cita a expectativa com o relatório de emprego nos EUA, que traz o número de vagas criadas em março e será divulgado na próxima sexta-feira.
Na quinta-feira passada, antes do feriado, o rendimento do título do Tesouro americano, de dez anos, deu trégua e voltou a cair, ficando abaixo da barreira de 4,60%. A queda momentânea da taxa desse papel pode representar um alívio para os títulos dos países emergentes.
O que motivou a baixa do rendimento das "treausuries" (notas do Tesouro) na quinta-feira passada foi a divulgação de dados fracos sobre a economia dos EUA: as encomendas de bens duráveis cresceram menos do que o esperado. Além disso, os pedidos de seguro-desemprego tiveram alta, contrariando previsões dos analistas.
Além do cenário externo, os investidores aguardam a decisão do governo brasileiro sobre a renovação ou não do acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional). O anúncio pode ser feito pelo ministro Antonio Palocci (Fazenda) até a próxima sexta-feira, em um evento na Espanha.
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