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23/05/2005
-
09h37
FABRICIO VIEIRA
da Folha de S.Paulo
Antes de afirmar se o ciclo de alta dos juros básicos chegou a seu último capítulo ou não, os analistas financeiros esperam ansiosos pela divulgação da ata da reunião do Copom para afinar suas opiniões. A expectativa dos especialistas, porém, é que as taxas comecem a cair a partir do último trimestre deste ano.
Na próxima sexta-feira, o Banco Central divulgará o documento, que trará explicações sobre os motivos que levaram os integrantes do Copom (Comitê de Política Monetária) a decidir em favor da nona alta consecutiva da taxa básica de juros da economia (Selic). Na quarta-feira, o Copom anunciou a elevação da taxa Selic de 19,50% para 19,75% anuais.
O economista-chefe do ABN Amro Asset Management, Hugo Penteado, diz que é fundamental esperar a divulgação da ata da reunião ocorrida na semana passada para afirmar se acabou ou não o ciclo de altas. "Os juros devem começar a ser reduzidos em outubro, para chegar a 18% no fim do ano", afirma o economista.
Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra, diz que "parece que o BC vai aguardar a efetiva queda dos índices de preços ao consumidor para encerrar o ciclo de aperto monetário".
Na quinta-feira, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) divulgou a segunda prévia do IGP-M de maio, que registrou deflação de 0,09%, dado importante levando em consideração que o BC ajusta sua política monetária de olho na evolução da inflação. Mas, segundo ponderam analistas, junho e julho podem trazer pressões extras sobre os índices, em conseqüência do período de entressafra.
A Modal Asset opina, em relatório assinado pelo economista Alexandre Póvoa, que a ata do Copom deve vir "em linha" com as duas últimas, sem grandes sinais para a reunião de junho. Ao dar início, em setembro passado, ao processo de alta dos juros, o BC buscou esfriar a economia: se o consumo é menor, há menos espaço para os preços subirem.
No caso dos custos para o setor produtivo, o aumento dos juros básicos é algo sempre negativo. A Selic serve de referência para as taxas praticadas no mercado financeiro: se ela sobe, as outras são pressionadas. A taxa prefixada para 360 dias, por exemplo, saiu de 17,80% em dezembro de 2004 para atingir os 18,95% anuais na sexta-feira. Essa taxa é uma referência para os juros cobrados do setor produtivo.
Na quinta-feira, primeiro dia de negócios após a decisão do Copom, o mercado futuro de juros se agitou. Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), o número de contratos DI --que espelham os juros praticados entre os bancos-- girados na quinta saltou 46% em relação ao pregão anterior. A taxa do contrato DI mais negociado, com vencimento em janeiro de 2006, subiu de 19,40% para 19,60%.
Se a ata do Copom trouxer um diagnóstico mais pessimista, o mercado de juros futuros tem tudo para voltar a se agitar. Apesar de poucos afirmarem que o ciclo de alta do juros já acabou, os investidores estão majoritariamente posicionados nesse sentido na BM&F.
O último boletim Focus, elaborado pelo Banco Central, mostra a previsão média do mercado financeiro de que a taxa Selic vai estar em 18% no fim de 2005 --quase dois pontos percentuais abaixo da atual taxa. Ou seja, as apostas são de que os juros voltarão a cair a partir do último trimestre deste ano.
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da Folha de S.Paulo
Antes de afirmar se o ciclo de alta dos juros básicos chegou a seu último capítulo ou não, os analistas financeiros esperam ansiosos pela divulgação da ata da reunião do Copom para afinar suas opiniões. A expectativa dos especialistas, porém, é que as taxas comecem a cair a partir do último trimestre deste ano.
Na próxima sexta-feira, o Banco Central divulgará o documento, que trará explicações sobre os motivos que levaram os integrantes do Copom (Comitê de Política Monetária) a decidir em favor da nona alta consecutiva da taxa básica de juros da economia (Selic). Na quarta-feira, o Copom anunciou a elevação da taxa Selic de 19,50% para 19,75% anuais.
O economista-chefe do ABN Amro Asset Management, Hugo Penteado, diz que é fundamental esperar a divulgação da ata da reunião ocorrida na semana passada para afirmar se acabou ou não o ciclo de altas. "Os juros devem começar a ser reduzidos em outubro, para chegar a 18% no fim do ano", afirma o economista.
Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra, diz que "parece que o BC vai aguardar a efetiva queda dos índices de preços ao consumidor para encerrar o ciclo de aperto monetário".
Na quinta-feira, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) divulgou a segunda prévia do IGP-M de maio, que registrou deflação de 0,09%, dado importante levando em consideração que o BC ajusta sua política monetária de olho na evolução da inflação. Mas, segundo ponderam analistas, junho e julho podem trazer pressões extras sobre os índices, em conseqüência do período de entressafra.
A Modal Asset opina, em relatório assinado pelo economista Alexandre Póvoa, que a ata do Copom deve vir "em linha" com as duas últimas, sem grandes sinais para a reunião de junho. Ao dar início, em setembro passado, ao processo de alta dos juros, o BC buscou esfriar a economia: se o consumo é menor, há menos espaço para os preços subirem.
No caso dos custos para o setor produtivo, o aumento dos juros básicos é algo sempre negativo. A Selic serve de referência para as taxas praticadas no mercado financeiro: se ela sobe, as outras são pressionadas. A taxa prefixada para 360 dias, por exemplo, saiu de 17,80% em dezembro de 2004 para atingir os 18,95% anuais na sexta-feira. Essa taxa é uma referência para os juros cobrados do setor produtivo.
Na quinta-feira, primeiro dia de negócios após a decisão do Copom, o mercado futuro de juros se agitou. Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), o número de contratos DI --que espelham os juros praticados entre os bancos-- girados na quinta saltou 46% em relação ao pregão anterior. A taxa do contrato DI mais negociado, com vencimento em janeiro de 2006, subiu de 19,40% para 19,60%.
Se a ata do Copom trouxer um diagnóstico mais pessimista, o mercado de juros futuros tem tudo para voltar a se agitar. Apesar de poucos afirmarem que o ciclo de alta do juros já acabou, os investidores estão majoritariamente posicionados nesse sentido na BM&F.
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