Publicidade
Publicidade
09/06/2005
-
09h58
BRUNO LIMA
da Folha de S.Paulo
A administração da Varig prepara um documento em que a Fundação Ruben Berta se compromete a não permanecer no controle acionário seja qual for o cenário de investidores construído para reestruturar a aérea.
Segundo pessoas ligadas à direção da empresa, o documento servirá para atender uma exigência do governo federal. O governo não prometeu a realização do chamado "encontro de contas", mas teria avisado que, caso ele saia do papel, estará condicionado à garantia de que a fundação perde definitivamente o controle.
Procurado pela reportagem, o Ministério da Defesa não se pronunciou sobre o assunto.
Pessoas ligadas à nova administração da companhia avaliam que o governo e os credores da Varig consideram inviável negociar com a fundação. Seria essa a razão para a insistência na venda da aérea, apesar de o plano de negociações mais adiantado --o da aérea estatal portuguesa TAP-- passar necessariamente pelo "encontro de contas" com o governo.
"Encontro de contas" é como ficou conhecida a hipótese de eliminar as dívidas da companhia com credores governamentais, compensando-as com indenização que a União teria de pagar à Varig, segundo o entendimento do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Segundo a decisão, que não é definitiva, a aérea tem o direito a receber R$ 2,5 bilhões referentes a perdas com congelamentos.
Sindicalistas e especialistas em aviação dizem que, com o "encontro", que é pedido pela empresa há pelo menos cinco anos, a venda da aérea é desnecessária. "Eu não tenho dúvidas. A partir do momento em que o governo sinaliza para o encontro de contas, não há por que entregar ou doar a companhia a investidor nenhum, seja ele a TAP ou qualquer outro", afirma Graziella Baggio, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas.
O termo "doação" tem sido empregado pelos críticos à proposta apresentada pela TAP. Em Portugal, a imprensa tem escrito que a TAP controlará a Varig "sem precisar injectar nenhum dinheiro". Se assim for, na análise dos consultores, será o "melhor negócio de todos os tempos".
David Zylbersztajn, presidente do conselho de administração da Varig, disse ontem à Folha que, diferentemente do que tem sido dito, a TAP irá colocar dinheiro na Varig. Já Fernando Pinto, administrador da aérea portuguesa, diz que o dinheiro não virá da TAP nem do governo português.
Em Portugal, o cenário é colocado com muito mais cautela do que no Brasil. Se a Varig quer mostrar que tudo está encaminhado para obter prazos na renegociação de dívidas com o governo, a TAP tenta minimizar os efeitos do negócio --o grande naquele país é o de que haja gastos que aumentem o déficit.
O plano da TAP para recuperar a Varig e ficar com 20% da companhia, segundo Zylbersztajn, passa pela transformação de credores em acionistas e pela negociação de papéis da dívida da Varig no Brasil e no exterior --conforme a Folha antecipou--, além de depender do acerto de contas.
Sem acordo, a Varig só teria chance de receber o crédito por volta de 2008, se continuar vencendo na Justiça. Analistas do setor dizem que a empresa não sobreviverá nem seis meses sem uma injeção de capital.
A americana ILFC (International Lease Finance Corporation), maior empresa de leasing do mundo em valores negociados, cobrou mais uma vez da Varig o pagamento de parcelas atrasadas em contratos, pedindo a devolução de 11 aeronaves arrendadas.
A Varig diz que não precisará devolver aviões. Segundo Zylbersztajn, a proximidade da definição do acordo com a TAP pode estar levando os credores a pressionar a empresa. A aérea deve receber ultimatos de outras firmas de leasing até segunda-feira.
Leia mais
Varig tenta evitar retomada de aviões e busca acordo com credores
Varig consegue ampliar prazo de pagamento de taxas da Infraero
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a Varig
Leia o que já foi publicado sobre a Fundação Ruben Berta
Varig quer Ruben Berta fora do controle
Publicidade
da Folha de S.Paulo
A administração da Varig prepara um documento em que a Fundação Ruben Berta se compromete a não permanecer no controle acionário seja qual for o cenário de investidores construído para reestruturar a aérea.
Segundo pessoas ligadas à direção da empresa, o documento servirá para atender uma exigência do governo federal. O governo não prometeu a realização do chamado "encontro de contas", mas teria avisado que, caso ele saia do papel, estará condicionado à garantia de que a fundação perde definitivamente o controle.
Procurado pela reportagem, o Ministério da Defesa não se pronunciou sobre o assunto.
Pessoas ligadas à nova administração da companhia avaliam que o governo e os credores da Varig consideram inviável negociar com a fundação. Seria essa a razão para a insistência na venda da aérea, apesar de o plano de negociações mais adiantado --o da aérea estatal portuguesa TAP-- passar necessariamente pelo "encontro de contas" com o governo.
"Encontro de contas" é como ficou conhecida a hipótese de eliminar as dívidas da companhia com credores governamentais, compensando-as com indenização que a União teria de pagar à Varig, segundo o entendimento do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Segundo a decisão, que não é definitiva, a aérea tem o direito a receber R$ 2,5 bilhões referentes a perdas com congelamentos.
Sindicalistas e especialistas em aviação dizem que, com o "encontro", que é pedido pela empresa há pelo menos cinco anos, a venda da aérea é desnecessária. "Eu não tenho dúvidas. A partir do momento em que o governo sinaliza para o encontro de contas, não há por que entregar ou doar a companhia a investidor nenhum, seja ele a TAP ou qualquer outro", afirma Graziella Baggio, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas.
O termo "doação" tem sido empregado pelos críticos à proposta apresentada pela TAP. Em Portugal, a imprensa tem escrito que a TAP controlará a Varig "sem precisar injectar nenhum dinheiro". Se assim for, na análise dos consultores, será o "melhor negócio de todos os tempos".
David Zylbersztajn, presidente do conselho de administração da Varig, disse ontem à Folha que, diferentemente do que tem sido dito, a TAP irá colocar dinheiro na Varig. Já Fernando Pinto, administrador da aérea portuguesa, diz que o dinheiro não virá da TAP nem do governo português.
Em Portugal, o cenário é colocado com muito mais cautela do que no Brasil. Se a Varig quer mostrar que tudo está encaminhado para obter prazos na renegociação de dívidas com o governo, a TAP tenta minimizar os efeitos do negócio --o grande naquele país é o de que haja gastos que aumentem o déficit.
O plano da TAP para recuperar a Varig e ficar com 20% da companhia, segundo Zylbersztajn, passa pela transformação de credores em acionistas e pela negociação de papéis da dívida da Varig no Brasil e no exterior --conforme a Folha antecipou--, além de depender do acerto de contas.
Sem acordo, a Varig só teria chance de receber o crédito por volta de 2008, se continuar vencendo na Justiça. Analistas do setor dizem que a empresa não sobreviverá nem seis meses sem uma injeção de capital.
A americana ILFC (International Lease Finance Corporation), maior empresa de leasing do mundo em valores negociados, cobrou mais uma vez da Varig o pagamento de parcelas atrasadas em contratos, pedindo a devolução de 11 aeronaves arrendadas.
A Varig diz que não precisará devolver aviões. Segundo Zylbersztajn, a proximidade da definição do acordo com a TAP pode estar levando os credores a pressionar a empresa. A aérea deve receber ultimatos de outras firmas de leasing até segunda-feira.
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
- Por que empresa proíbe caminhões de virar à esquerda - e economiza milhões
- Megarricos buscam refúgio na Nova Zelândia contra colapso capitalista
- Com 12 suítes e 5 bares, casa mais cara à venda nos EUA custa US$ 250 mi
- Produção industrial só cresceu no Pará em 2016, diz IBGE
+ Comentadas
- Programa vai reduzir tempo gasto para pagar impostos, diz Meirelles
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
+ EnviadasÍndice