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18/09/2006 - 09h41

Diploma de nível superior é raro em cargos de chefia

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ANTÔNIO GOIS
da Folha de S.Paulo, no Rio

Mais um dado revelador da tragédia educacional brasileira: a imensa maioria das pessoas em postos de comando no dia-a-dia dos mais de 5.000 municípios brasileiros não completou um curso universitário.

Pesquisa feita pelo instituto Observatório Universitário mostra que somente 27% dos dirigentes, legisladores, diretores ou gerentes do setor público ou de empresas privadas têm formação de nível superior.

Essa situação acontece tanto no setor público quanto no setor privado. No setor público, o percentual dos profissionais com diploma em cargos de chefia é de cerca de 32%.

No setor privado, fica em 27%. O dado foi coletado a partir do Censo 2000 do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Para descobrir a escolaridade dos brasileiros em cargos de chefia, os pesquisadores separaram na classificação brasileira de ocupações utilizada pelo IBGE em seus censos apenas aqueles trabalhadores que se encontram no grupo de membros superiores do poder público, de gerentes ou de dirigentes de organizações de interesse público ou de empresas privadas. Entram nessa classificação profissões como diretores em empresas, legisladores em municípios ou dirigentes em qualquer área do setor público.

"São essas as pessoas que, em todos os municípios, comandam o Brasil. Mas apenas uma pequena parcela delas, tanto no setor público quanto no setor privado, tem formação superior", afirma Edson Nunes, coordenador do observatório e presidente do Conselho Nacional de Educação.

Para o presidente do Conselho Federal de Administração, Rui Otávio de Andrade, os dados mostram que a força de trabalho brasileira ainda está muito aquém, tanto em quantidade quanto em qualidade, para atender às demandas de crescimento da economia.

"A falta de profissionais qualificados e habilitados em níveis gerenciais ou nos cargos mais elevados, tanto no setor público quanto no privado, tem causado enorme prejuízo socioeconômico ao país", diz ele. O vice-presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior Particular, Antonio Carbonari Netto, diz que uma possível explicação para a falta de graduados em cargos de chefia é o fato de muitas empresas ainda serem familiares, com muitos pais passando a gestão para filhos sem preparo.

Nunes e Carbonari citam também a rigidez dos currículos universitários como entrave ao aumento da força de trabalho com nível superior.

"Nossa educação superior é muito restritiva. Só há três opções de educação pós-secundária: bacharel, tecnólogo ou licenciado. É muito pouco se compararmos com outros países mais desenvolvidos. É preciso ter mais opções, com mais cursos de curta duração, mas que permitam, principalmente, que os créditos que o estudante acumulou em determinado curso possam ser mais facilmente assimilados em outro. Hoje, esse tipo de crédito não pertence ao aluno, pertence à universidade", diz Nunes.

"A falta de graduados nas organizações brasileiras é reflexo também dos currículos mal desenhados, extremamente academicistas e teóricos, e que mal preparam para a vida social e das organizações", concorda Carbonari.

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