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03/07/2001
-
02h32
da Folha de S.Paulo
As irregularidades na construção das "escolas de latinha" começaram na fase de licitação.
Para agilizar a construção, a Prefeitura de São Paulo fez um tipo de concorrência chamado de ata de registros e preços (ata "RP"), mais rápida do que a licitação tradicional, mas que não poderia ser usada para novas obras.
Para burlar a ata, as escolas foram construídas como anexos de outras existentes; em certos casos, a "extensão" fica a 4 km da "sede".
O orçamento das escolas foi dividido: instalação de módulos, que pode ser feita seguindo a ata, e edificação do terreno (terraplenagem, fundação), cujos serviços não podem ser licitados com base nesse tipo de concorrência.
Um dos argumentos do TCM (Tribunal de Contas do Município) e da CPI para provar que a construção descumpriu a lei é que entre 60% e 62% do orçamento da obra foi usado com pagamento de serviços complementares.
A prefeitura publicou tabela oficial para padronizar os valores de todos os serviços contratados por esse tipo de concorrência.
Técnicos do tribunal e da CPI dizem que a tabela, apesar de oficial, tem preços pelo menos duas vezes maiores que os de mercado.
A tabela prevê que cada serviço seja cobrado individualmente. É como se um cidadão fosse construir uma casa e, em vez de pagar por toda a obra, quitasse cada serviço individualmente. Os preços são tão caros, diz o TCM, que uma luminária, que custa entre R$ 12 e R$ 13, sai por R$ 116,24. No preço está embutida a fiação elétrica, o que, pelo cálculo, faz a colocação de uma luminária, com fiação previamente instalada, subir, por exemplo, de R$ 13 para R$ 89.
Uma das dificuldades da CPI é avaliar cobranças indevidas com serviços feitos "embaixo da terra", como fundação e terraplenagem. Nos depoimentos, fiscais da prefeitura e engenheiros de empreiteiras se contradizem.
O dono de uma das construtoras, responsável pela maioria das escolas, diz que a terra de uma quadra de esportes aberta em dezembro do ano passado "escorreu". Técnicos do TCM alegam que ela não teria sido colocada.
Outro engenheiro disse que a plataforma sobre a qual deveriam estar fincados três mastros de bandeiras, em uma escola da zona sul, estava "por baixo do piso de concreto". Já o fiscal da prefeitura argumentou que o próprio concreto servia de plataforma.
Leia Mais: Ferrugem corrói escola de lata Fogão derrete parede em escola de lata na zona Sul Ex-secretário sugere 'recall' de escolas de lata
Irregularidade em escolas de lata começou na licitação
GABRIELA ATHIASda Folha de S.Paulo
As irregularidades na construção das "escolas de latinha" começaram na fase de licitação.
Para agilizar a construção, a Prefeitura de São Paulo fez um tipo de concorrência chamado de ata de registros e preços (ata "RP"), mais rápida do que a licitação tradicional, mas que não poderia ser usada para novas obras.
Para burlar a ata, as escolas foram construídas como anexos de outras existentes; em certos casos, a "extensão" fica a 4 km da "sede".
O orçamento das escolas foi dividido: instalação de módulos, que pode ser feita seguindo a ata, e edificação do terreno (terraplenagem, fundação), cujos serviços não podem ser licitados com base nesse tipo de concorrência.
Um dos argumentos do TCM (Tribunal de Contas do Município) e da CPI para provar que a construção descumpriu a lei é que entre 60% e 62% do orçamento da obra foi usado com pagamento de serviços complementares.
A prefeitura publicou tabela oficial para padronizar os valores de todos os serviços contratados por esse tipo de concorrência.
Técnicos do tribunal e da CPI dizem que a tabela, apesar de oficial, tem preços pelo menos duas vezes maiores que os de mercado.
A tabela prevê que cada serviço seja cobrado individualmente. É como se um cidadão fosse construir uma casa e, em vez de pagar por toda a obra, quitasse cada serviço individualmente. Os preços são tão caros, diz o TCM, que uma luminária, que custa entre R$ 12 e R$ 13, sai por R$ 116,24. No preço está embutida a fiação elétrica, o que, pelo cálculo, faz a colocação de uma luminária, com fiação previamente instalada, subir, por exemplo, de R$ 13 para R$ 89.
Uma das dificuldades da CPI é avaliar cobranças indevidas com serviços feitos "embaixo da terra", como fundação e terraplenagem. Nos depoimentos, fiscais da prefeitura e engenheiros de empreiteiras se contradizem.
O dono de uma das construtoras, responsável pela maioria das escolas, diz que a terra de uma quadra de esportes aberta em dezembro do ano passado "escorreu". Técnicos do TCM alegam que ela não teria sido colocada.
Outro engenheiro disse que a plataforma sobre a qual deveriam estar fincados três mastros de bandeiras, em uma escola da zona sul, estava "por baixo do piso de concreto". Já o fiscal da prefeitura argumentou que o próprio concreto servia de plataforma.
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