Publicidade
Publicidade
03/07/2001
-
02h33
da Folha de S.Paulo
O maior problema enfrentado pela direção da Escola Municipal Pedra Sobre Pedra, na Cidade Júlia, extremo sul da cidade, é a impossibilidade de cozinhar.
"Se ligarmos o fogão, o módulo derrete", explica Selma Xavier de Souza, a diretora. Diz que é uma "agonia" ver os alunos passarem fome na sala de aula e não ter condições de oferecer-lhes comida.
É proibido cozinhar nas escolas modulares em razão de o material não ser resistente a altas temperaturas, explicam os assessores da CPI da Educação.
O curioso é que no projeto inicial, as construtoras decidiram revestir cozinhas e banheiros com o mesmo piso utilizado em fornalhas e lareiras.
Os estudantes das "escolas de latinha" recebem a chamada "merenda seca" - como suco, fruta, bolacha, goiabada.
Em muitas escolas, como no Jardim Eliana, zona sul, isso não é um problema. As assistentes de direção explicam que a maioria dos estudantes se alimenta em casa. O bairro é pobre, mas as famílias dispõem de alguma renda.
Os 810 alunos (610 dos quais são crianças e adolescentes da 1.ª à 4.ª série) da Pedra Sobre Pedra vivem entre a pobreza e a miséria. Pelo menos 30%, segundo a direção, não têm o que comer e vão para a escola de barriga vazia.
"Tem criança do terceiro período (das 15h às 19h) que vê o pãozinho da merenda e fica agoniada", afirma a voluntária Joana Martins da Silva, 46. Para tentar minimizar o problema, as voluntárias (sete mães) decidiram entregar a fruta meia hora antes de a criança ir para casa. Assim, elas teriam o que comer antes de dormir.
Não resolveu. "Elas começam a cheirar e a alisar (passar a mão) a maçã e não aguentam, comem logo", conta Edvânia Xavier, 27, que também é voluntária.
A escola ficou pronta no dia 25 de agosto de 2000, mas só começou a ser utilizada em fevereiro passado. Em março, quando os engenheiros do TCM e a equipe da CPI foram vistoriá-la, os banheiros já estavam enferrujando e a escola estava com infiltrações.
Embora o "laudo do desperdício" não esteja pronto - documento que o tribunal está fazendo de cada uma das 19 escolas investigadas pela comissão - dados preliminares mostram que pelo menos R$ 120 mil referentes a terraplanagem foram aparentemente injustificados. A escola custou R$ 684 mil e tem seis salas.
Leia Mais: Ferrugem corrói escola de lata Irregularidade em escolas de lata começou na licitação Ex-secretário sugere 'recall' de escolas de lata
Fogão derrete parede em escola de lata na zona Sul
GABRIELA ATHIASda Folha de S.Paulo
O maior problema enfrentado pela direção da Escola Municipal Pedra Sobre Pedra, na Cidade Júlia, extremo sul da cidade, é a impossibilidade de cozinhar.
"Se ligarmos o fogão, o módulo derrete", explica Selma Xavier de Souza, a diretora. Diz que é uma "agonia" ver os alunos passarem fome na sala de aula e não ter condições de oferecer-lhes comida.
É proibido cozinhar nas escolas modulares em razão de o material não ser resistente a altas temperaturas, explicam os assessores da CPI da Educação.
O curioso é que no projeto inicial, as construtoras decidiram revestir cozinhas e banheiros com o mesmo piso utilizado em fornalhas e lareiras.
Os estudantes das "escolas de latinha" recebem a chamada "merenda seca" - como suco, fruta, bolacha, goiabada.
Em muitas escolas, como no Jardim Eliana, zona sul, isso não é um problema. As assistentes de direção explicam que a maioria dos estudantes se alimenta em casa. O bairro é pobre, mas as famílias dispõem de alguma renda.
Os 810 alunos (610 dos quais são crianças e adolescentes da 1.ª à 4.ª série) da Pedra Sobre Pedra vivem entre a pobreza e a miséria. Pelo menos 30%, segundo a direção, não têm o que comer e vão para a escola de barriga vazia.
"Tem criança do terceiro período (das 15h às 19h) que vê o pãozinho da merenda e fica agoniada", afirma a voluntária Joana Martins da Silva, 46. Para tentar minimizar o problema, as voluntárias (sete mães) decidiram entregar a fruta meia hora antes de a criança ir para casa. Assim, elas teriam o que comer antes de dormir.
Não resolveu. "Elas começam a cheirar e a alisar (passar a mão) a maçã e não aguentam, comem logo", conta Edvânia Xavier, 27, que também é voluntária.
A escola ficou pronta no dia 25 de agosto de 2000, mas só começou a ser utilizada em fevereiro passado. Em março, quando os engenheiros do TCM e a equipe da CPI foram vistoriá-la, os banheiros já estavam enferrujando e a escola estava com infiltrações.
Embora o "laudo do desperdício" não esteja pronto - documento que o tribunal está fazendo de cada uma das 19 escolas investigadas pela comissão - dados preliminares mostram que pelo menos R$ 120 mil referentes a terraplanagem foram aparentemente injustificados. A escola custou R$ 684 mil e tem seis salas.
Leia Mais:
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Avaliação reprova 226 faculdades do país pelo 4º ano consecutivo
- Dilma aprova lei que troca dívidas de universidades por bolsas
- Notas das melhores escolas paulistas despencam em exame; veja
- Universidades de SP divulgam calendário dos vestibulares 2013
- Mercadante diz que não há margem para reajuste maior aos docentes
+ Comentadas
- Câmara sinaliza absolvição de deputados envolvidos com Cachoeira
- Alunos com bônus por raça repetem mais na Unicamp
+ EnviadasÍndice