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28/08/2001
-
13h04
A proposta de criação de cursos pré-vestibulares para negros em 2002, anunciada no domingo pelo ministro Paulo Renato Souza (Educação), foi criticada por entidades do movimento negro e não é unânime dentro do ministério.
Segundo o ministro, o MEC está negociando com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) um empréstimo de US$ 10 milhões que serviria para financiar o projeto. "A minha proposta é que os cursos sejam exclusivos para negros, mas isso ainda está em negociação com o BID."
Paulo Renato apresentou essa proposta após reiterar oposição à adoção de cotas para negros em universidades públicas. A defesa das cotas está no documento que a delegação do Brasil levará à Conferência da ONU contra o Racismo, em Durban, na África do Sul, que começa nesta sexta-feira.
A secretária de Educação Superior do MEC, Maria Helena Castro, defende, porém, que os cursos não sejam só para negros.
Segundo Maria Helena, ao ampliar o curso a todos os carentes, o ministério não deixaria de beneficiar negros. "Nós não queremos uma política que crie nova desigualdade. Estamos falando de um plano de equidade para ampliar a igualdade de acesso", disse ela.
Gilberto Sabóia, secretário de Estado de Direitos Humanos e presidente do comitê brasileiro preparatório para a conferência de Durban, criticou a proposta de Paulo Renato. "Não pode ser só isso", afirmou. Sabóia defendeu a adoção de cotas e disse que o debate sobre o assunto é positivo. "Não podemos ficar passivamente esperando que o tempo resolva [a discriminação no Brasil]."
"Podemos debater com grupos de reitores interessados uma experiência por tempo determinado de cotas e outras medidas de ação afirmativa, que, depois, seriam avaliadas", declarou.
Para representantes de entidades do movimento negro, mesmo que a proposta do ministério seja exclusiva para negros, ela não substituiria a política de adoção de cotas como ação afirmativa.
"A proposta parece um show de pirotecnia de quem está acuado politicamente e acaba isentando o Estado de sua responsabilidade, de oferecer um ensino público de qualidade", disse Hédio Silva Júnior, coordenador de projetos do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade. (ANTONIO GÓIS E LEILA SUWWAN)
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Paulo Renato quer cursinho para negros
Delegação brasileira quer cotas para negros nas universidades
Proposta de curso para negros causa divergência no MEC
da Folha de S.PauloA proposta de criação de cursos pré-vestibulares para negros em 2002, anunciada no domingo pelo ministro Paulo Renato Souza (Educação), foi criticada por entidades do movimento negro e não é unânime dentro do ministério.
Segundo o ministro, o MEC está negociando com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) um empréstimo de US$ 10 milhões que serviria para financiar o projeto. "A minha proposta é que os cursos sejam exclusivos para negros, mas isso ainda está em negociação com o BID."
Paulo Renato apresentou essa proposta após reiterar oposição à adoção de cotas para negros em universidades públicas. A defesa das cotas está no documento que a delegação do Brasil levará à Conferência da ONU contra o Racismo, em Durban, na África do Sul, que começa nesta sexta-feira.
A secretária de Educação Superior do MEC, Maria Helena Castro, defende, porém, que os cursos não sejam só para negros.
Segundo Maria Helena, ao ampliar o curso a todos os carentes, o ministério não deixaria de beneficiar negros. "Nós não queremos uma política que crie nova desigualdade. Estamos falando de um plano de equidade para ampliar a igualdade de acesso", disse ela.
Gilberto Sabóia, secretário de Estado de Direitos Humanos e presidente do comitê brasileiro preparatório para a conferência de Durban, criticou a proposta de Paulo Renato. "Não pode ser só isso", afirmou. Sabóia defendeu a adoção de cotas e disse que o debate sobre o assunto é positivo. "Não podemos ficar passivamente esperando que o tempo resolva [a discriminação no Brasil]."
"Podemos debater com grupos de reitores interessados uma experiência por tempo determinado de cotas e outras medidas de ação afirmativa, que, depois, seriam avaliadas", declarou.
Para representantes de entidades do movimento negro, mesmo que a proposta do ministério seja exclusiva para negros, ela não substituiria a política de adoção de cotas como ação afirmativa.
"A proposta parece um show de pirotecnia de quem está acuado politicamente e acaba isentando o Estado de sua responsabilidade, de oferecer um ensino público de qualidade", disse Hédio Silva Júnior, coordenador de projetos do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade. (ANTONIO GÓIS E LEILA SUWWAN)
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