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23/06/2005 - 09h54

Hospitais de São Paulo oferecem suítes cinco estrelas

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ANA PAULA DE OLIVEIRA
FLÁVIA MANTOVANI
da Folha de S.Paulo

Suítes luxuosas, ambientes iluminados e planejados por decoradores e paisagistas, música ao vivo com pianista, serviço de concierge, cardápio elaborado por chefs de cozinha. Essas e outras comodidades já são encontradas, quem diria, dentro de alguns hospitais brasileiros e vieram para substituir as tradicionais paredes brancas, refeições insossas, enfermeiras carrancudas e quartos escuros e sem vida. Apelidados por alguns de Daslu da medicina, os hospitais cinco estrelas de São Paulo se desdobram para agradar aos pacientes. A diária de algumas suítes chega a custar o equivalente à do hotel Ritz, de Paris (cerca de R$ 1.500).

"Todos os hospitais que querem melhorar dizem que desejam ser como hotéis. Daqui para a frente, são os hotéis que têm que morrer de inveja dos hospitais", provoca o arquiteto Lauro Michelin, sócio de uma empresa que trabalha com empreendimentos de saúde há 18 anos. Segundo ele, é "uma loucura" o fato de uma pessoa sadia ter todo o conforto em um hotel, enquanto um paciente que chega debilitado ao hospital fica num ambiente hostil, sem estímulo visual e sem ergonomia no mobiliário.

O arquiteto diz que os cuidados para projetar hospitais vão além dos que são tomados nos hotéis. "Soma-se a complexidade de uma hotelaria à complexidade da atenção médica. Até a luz, se não for adequada, interfere na visualização da cor da pele do paciente, que deve ser a mais fiel possível", exemplifica.

As cores de um ambiente de saúde, segundo Michelin, devem ser amenas, com tons vivos em pequenos objetos, para que haja estimulação visual. "Não é porque é um hospital que tem que ser branco. Aliás, o branco, no Brasil, pode ser péssimo. É uma cor que faz a reflexão completa da radiação e, quando há muito sol, dá um excesso de claridade que pode causar até dor de cabeça."

Para o médico Milton Glezer, coordenador da organização de procura de órgãos do Hospital das Clínicas e vice-diretor clínico do hospital Albert Einstein, os mimos vêm para ajudar a justificar os gastos com equipamentos médicos de última geração "Todo o investimento em modernas aparelhagens não é visível para um leigo. O paciente não sabe se o tomógrafo é de primeira ou de quinta geração. Então, os hospitais investem em luxos, como TV de plasma, porque isso é mais palpável."

Alta gastronomia

Vistos da rua João Julião, no bairro do Paraíso, os 51 mil metros quadrados de terreno do Hospital Alemão Oswaldo Cruz não demonstram a suntuosidade intra-muros, obtida, principalmente, pelo espaço verde --são 355 árvores, plantas, flores e um carpete de grama minuciosamente cuidado, com casinha de beija-flor.

Escolhido como o hospital do ano pelo Top Hospitalar 2004, o destaque do Oswaldo Cruz fica por conta da cozinha, que está mais para a alta gastronomia do que para a tão estigmatizada "comida de hospital". No dia em que a reportagem da Folha visitou o local, o prato servido aos pacientes era codorna assada, ovinhos da ave sobre cenouras fatiadas, dispostas em formato de ninho, e arroz com legumes. Em vez da gelatina de sempre, a sobremesa era um apetitoso merengue de morango.

Apelidados de suítes presidenciais, os quartos de luxo do Oswaldo Cruz impressionam: além do cômodo principal, são três TVs, duas ante-salas com sofá-cama, dois frigobares, dois cofres, viva-voz e dois banheiros, revistas e assinatura de jornal diário. As persianas podem ser manejadas via controle remoto da cama do paciente. Valor da diária da suíte presidencial: R$ 1.450 (o apartamento básico custa R$ 550). Muitos dos "hóspedes" dessas suítes não abrem mão de que seus seguranças também se "hospedem" nas ante-salas dos leitos ou em quartos separados, diz Márcia Oliveira Menezes, gerente comercial do Oswaldo Cruz.

Ferrari

O recém-inaugurado Higienópolis Medical Center veio se somar às opções que já existem para atender aos paulistanos mais endinheirados. O edifício espelhado, de 19 andares, lembra um centro comercial de alto padrão e contrasta com o entorno da rua, formado por casas antigas, um açougue, uma feira livre que ocorre uma vez por semana e, é preciso mencioná-lo, um cemitério (da Consolação).

O complexo é formado por um hospital-dia (indicado para procedimentos com prazo de recuperação não superior a 12 horas), um centro de diagnósticos e 18 andares de consultórios médicos. Na entrada, uma galeria comercial abrigará lanchonete, farmácias, ótica, doceria e outras lojas de apoio. O estacionamento tem mais de mil vagas. Alguns consultórios já estão funcionando, mas o hospital-dia e o centro de diagnósticos (ambos administrados pelo Laboratório Fleury) serão abertos ao público em julho.

De acordo com Fábio Navajas, diretor comercial do International Medical Center (grupo responsável pelo empreendimento), a idéia é, em primeiro lugar, simplificar a vida do médico. "O objetivo é que ele não precise se deslocar dentro da cidade, perdendo tempo e qualidade de vida. O paciente também sai beneficiado, porque pode se consultar, fazer exames de laboratório e passar por intervenções cirúrgicas em um só local."

Navajas define o Higienópolis Medical Center: "É como se fosse uma Daslu para os médicos. É o top dos consultórios. Podemos dizer que fabricamos consultórios "Mercedes" e "Ferrari'".

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