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30/06/2005 - 11h10

Especialistas discutem o real prejuízo do excesso de peso à saúde

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FLÁVIA MANTOVANI
MARCOS DÁVILA
da Folha de S. Paulo

A obesidade é uma epidemia que mata milhares de pessoas por ano. Pessoas gordas têm muito mais chance de ter hipertensão, diabetes e problemas cardiovasculares. Quem está acima do peso deve emagrecer o mais rápido possível para manter a saúde. Todo mundo já ouviu afirmações como essas, difundidas constantemente por especialistas, meios de comunicação e público leigo.

Alguns pesquisadores americanos, no entanto, estão dizendo que pode não ser bem assim: eles consideram exagerado o alerta em torno da epidemia de obesidade e seus riscos e dizem que muita gente que está acima do peso é saudável e não deveria tentar emagrecer a todo custo.

A polêmica ganhou força após a publicação, há dois meses, de uma pesquisa do CDC (Centers for Disease Control and Prevention, órgão do departamento de saúde do governo americano) no jornal "The New York Times" que mostra que quem está um pouco acima do peso corre menos risco de morrer cedo do que quem pesa menos do que o recomendável. No mês seguinte, as revistas americanas "Time" e "Scientific American" trouxeram reportagens discutindo a questão.

Uma série de livros sobre o tema foi lançada entre 2004 e 2005, com títulos como "The Obesity Myth" ("O Mito da Obesidade"), "Obesity: the Making of an American Epidemic" ("Obesidade: a Invenção de uma Epidemia Americana") e "The Obesity Epidemic: Science, Morality and Ideology" ("A Epidemia de Obesidade: Ciência, Moralidade e Ideologia").

O mais curioso é que grande parte das críticas vem de fora da área médica: a maioria desses pesquisadores estuda o fenômeno sob a ótica da estatística e da opinião pública. Um dos principais questionamentos que eles fazem é quanto ao indicador usado para medir a obesidade --o IMC (Índice de Massa Corporal), calculado pelo peso divido pela altura ao quadrado. Segundo eles, os valores do IMC para o excesso de peso (24,9 kg/m2) e para a obesidade (29,9 kg/m2) são muito baixos.

De fato, os pesquisadores do CDC mostraram, em seu levantamento, que "o excesso de peso não foi associado ao excesso de mortalidade". Já o risco em relação à obesidade foi comprovado, mas descobriu-se que ele mata menos gente do que se pensava. Recalculadas com dados mais atuais, as 365 mil mortes por ano nos EUA atribuídas à obesidade caíram para quase 26 mil. "O impacto da obesidade sobre a mortalidade parece ter decrescido ao longo do tempo, talvez por causa das melhorias na saúde pública e no tratamento médico", diz a conclusão da pesquisa.

Antes que alguém saia correndo para comprar uma pizza gigante com torta de chocolate e cancelar o plano da academia, é preciso esclarecer que ninguém está dizendo que não se deve levar uma vida saudável. O que se alega é que muitas pessoas com excesso de peso têm uma boa alimentação, exercitam-se regularmente e mantêm seus níveis de colesterol, triglicérides e glicose controlados; por isso são saudáveis e não deveriam buscar dietas radicais e programas de exercícios torturantes.

Além disso, mesmo que haja dúvida sobre a partir de quantos quilos o peso em si passa a ser um indicador certo de riscos para a saúde, todos concordam que há um limite. "Não há dúvida de que várias doenças estão associadas ao excesso de peso. A grande questão é a partir de quando elas aparecem", diz o gastroenterologista Dan Waitzberg, professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Grupo de Apoio de Nutrição Enteral e Parenteral.

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