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30/06/2005 - 11h10

Corpo "em forma de maçã" é mais suscetível a problemas de saúde

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FLÁVIA MANTOVANI
MARCOS DÁVILA
da Folha de S. Paulo

Mesmo os especialistas que defendem as implicações diretas do peso sobre a saúde dizem que esse sozinho não é um indicador absoluto de risco de doenças. Exames bioquímicos e outros testes, como os que medem a porcentagem de massa gordurosa e de massa magra e a circunferência abdominal, devem ser usados para um diagnóstico completo.

Um dos fatores mais importantes é a distribuição da gordura ao longo do corpo. Trata-se da velha metáfora dos tipos físicos em forma de "pêra" (cintura fina e coxas e quadris largos) ou de "maçã" (acúmulo de gordura na barriga). Este último é muito mais perigoso.

"Hoje, a obesidade central é muito mais considerada do que a obesidade em si. Essa é a gordura de risco. Uma senhora obesa com quadris e coxas grossas, mas com a cintura fina, corre muito menos risco do que um homem bem mais magro, porém com uma cintura larga", exemplifica Repetto.

Isso ocorre porque esse tipo de gordura, que se aloja em torno das vísceras, se comporta metabolicamente de forma mais nociva. Em alguns casos, ela chega a se depositar dentro das células musculares e do fígado, causando problemas hepáticos graves.

"Minha irmã vive dizendo que meu corpo é igual a um violoncelo", brinca a artista plástica Lucimara Veiga, 42, dona de uma loja de instrumentos musicais. Desde que começou a estudar violoncelo, ela emagreceu cinco quilos. "Carrego o violoncelo para lá e para cá", diz.

O tempo em que Lucimara encucava com a perda de peso, no entanto, já passou. "Sempre que usei remédios para emagrecer, engordei tudo de novo. Só tive prejuízo para a saúde." Segundo ela, num dos processos pelos quais passou, quanto mais emagrecia, mais o nível de seu colesterol "ruim" subia. "O médico disse que era uma tendência genética", afirma ela. Hoje, o colesterol está totalmente controlado. Hipertensão e diabetes, ela nunca teve.

Quanto aos exercícios, ela diz estar parada, mas fez ginástica rítmica por oito anos. "Me sinto saudável. Subo numa escada para trocar lâmpadas e cortinas, coisas que você não imagina um gordo fazendo", brinca.

Atividades físicas

Para muitos especialistas, a falta de atividades físicas é apontada como um problema mais grave do que o excesso de peso em si. Um levantamento do Cooper Institute, instituto de pesquisa dos EUA, em um banco de dados preparado desde 1970 com mais de 80 mil pacientes, mostrou que pessoas ativas acima do peso podem ser mais saudáveis do que pessoas magras e sedentárias.

"Hoje, as pessoas são muito mais sedentárias do que há 20 anos. Acho que isso é mais nocivo do que o moderado excesso de peso. Um magro sedentário tem pior prognóstico do que um gordinho esportista", confirma Repetto.

Outro fator que tem que ser levado em conta é que há diferenças no impacto do peso sobre a saúde entre pessoas de etnias diferentes. Em povos orientais, por exemplo, os riscos à saúde aparecem a partir de um peso mais baixo: por isso, o corte no IMC deles é de 23 kg/m2.

Segundo Walmir Coutinho, não há pesquisas que mostrem a especificidade da população brasileira em relação às complicações da obesidade. "Mas sabemos que é uma população única do ponto de vista étnico. Não podemos extrapolar as pesquisas dos EUA para a nossa realidade."

Para os pesquisadores que contestam os alertas que são feitos em relação à obesidade, o principal problema é que isso gera uma busca desenfreada por dietas desbalanceadas. Entre os especialistas, é unanimidade que esse não é o caminho. "Procurar dietas da moda não é a solução. Tem de ter um acompanhamento, caso a caso, de médicos e nutricionistas. Há um abuso até da cirurgia bariátrica."

"A sociedade gosta de padrões, mas tenho um modo de vida alternativo e não me incomodo com isso. Me assumo assim, não deixo de ter vaidades", afirma a cantora lírica Annick Joseph, 41.

Por conta dos longos ensaios diários --no próximo mês, ela vai estrear na ópera "Joanna de Flandres", de Carlos Gomes--, não sobra muito tempo para a ginástica. Mesmo assim, Annick faz caminhadas leves --um dos exercícios mais indicados para quem está acima do peso-- e aulas de tai chi chuan.

Giuseppe Repetto lembra que, fora as questões de saúde, o biotipo considerado ideal esteticamente varia de acordo com a cultura. "De acordo com a carga genética, tem gente mais alta, mais baixa, com cabelos loiros ou morenos. Se fôssemos moldados todos iguais, seria muito sem graça."

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