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29/09/2005
-
12h01
MARCOS DÁVILA
da Folha de S.Paulo
Os benefícios terapêuticos proporcionados pelo contato com as plantas podem ir além do simples alívio do cotidiano desgastante das grandes cidades.
"O que precisamos é de uma injeção de flores." A afirmação é de uma das pacientes do projeto Plantando Sonhos, desenvolvido pela psicóloga Cláudia Silvana Cardoso de Azevedo no Instituto de Psiquiatria da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
O projeto usa a jardinagem como forma de tratamento para distúrbios mentais como esquizofrenia e psicose e teve apoio e acompanhamento da psiquiatra Nize da Silveira (1906-1999), pioneira na busca por novas terapias para usuários de serviços de saúde mental e fundadora do Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro. "Esse tipo de trabalho desperta a auto-estima, desenvolvendo a relação com o outro", afirma.
Em artigo publicado na newsletter "American Horticultural Therapy Association", Azevedo afirma que, quando o participante da oficina tem preocupação em cuidar do seu canteiro, está indiretamente se auto-cuidando e descobrindo a sua capacidade de criar vida.
"Quando comecei a trabalhar com a Nize da Silveira, vi que existiam outras possibilidades de trabalho que não eram verbais. Temos percebido que os integrantes já conseguiram maior autonomia nas suas relações interpessoais, tornaram-se mais participativos e sabem lidar melhor com suas dificuldades nas situações cotidianas", afirma a psicóloga.
Um trabalho semelhante foi desenvolvido dentro do projeto Cada Doido com Sua Mania, coordenado pela psiquiatra e psicanalista Tânia Mara Prates, professora do departamento de Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Em 2002, o projeto desenvolveu uma oficina de jardinagem terapêutica com crianças com transtorno mental grave em um canteiro coletivo dentro da universidade.
"A responsabilidade de cada paciente com as plantas, a manutenção do jardim e o uso das ferramentas produzem um caráter terapêutico que poderá interferir na forma de ele lidar com os cuidados pessoais e com a capacidade de entendimento social", afirma a médica.
Durante a prática, a dose certa do cuidado também era colocada em questão: "Crianças muito afobadas colocavam muita água e acabavam machucando a planta".
O Projeto Crescer, que oferece aulas de capacitação profissional em jardinagem para jovens de baixa renda no parque Tenente Siqueira Campos (Trianon), é outro exemplo de como o jardim pode ser usado como meio de integração social. Essa semente foi plantada há dez anos pela bióloga Assucena Tupiassu, quando coordenava a Escola de Jardinagem do parque Ibirapuera, em São Paulo --cuja fila de espera chega a durar mais de um ano.
"Nos arredores do parque, havia muitas crianças que tomavam conta dos carros e ficavam o dia inteiro sem fazer nada. Começamos a oferecer oficinas de jardinagem", afirma a bióloga. Como as plantas, as crianças foram crescendo, e Assucena resolveu criar o curso profissionalizante com duração de um ano.
"É possível aprender muito com as plantas. A gente se coloca na situação delas, entende a planta e se entende também. Eu gosto muito do bambu, que é flexível, pode ir até o chão numa tempestade, mas nunca quebra."
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Benefícios terapêuticos das plantas vão além do alívio
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Os benefícios terapêuticos proporcionados pelo contato com as plantas podem ir além do simples alívio do cotidiano desgastante das grandes cidades.
"O que precisamos é de uma injeção de flores." A afirmação é de uma das pacientes do projeto Plantando Sonhos, desenvolvido pela psicóloga Cláudia Silvana Cardoso de Azevedo no Instituto de Psiquiatria da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
O projeto usa a jardinagem como forma de tratamento para distúrbios mentais como esquizofrenia e psicose e teve apoio e acompanhamento da psiquiatra Nize da Silveira (1906-1999), pioneira na busca por novas terapias para usuários de serviços de saúde mental e fundadora do Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro. "Esse tipo de trabalho desperta a auto-estima, desenvolvendo a relação com o outro", afirma.
Em artigo publicado na newsletter "American Horticultural Therapy Association", Azevedo afirma que, quando o participante da oficina tem preocupação em cuidar do seu canteiro, está indiretamente se auto-cuidando e descobrindo a sua capacidade de criar vida.
"Quando comecei a trabalhar com a Nize da Silveira, vi que existiam outras possibilidades de trabalho que não eram verbais. Temos percebido que os integrantes já conseguiram maior autonomia nas suas relações interpessoais, tornaram-se mais participativos e sabem lidar melhor com suas dificuldades nas situações cotidianas", afirma a psicóloga.
Um trabalho semelhante foi desenvolvido dentro do projeto Cada Doido com Sua Mania, coordenado pela psiquiatra e psicanalista Tânia Mara Prates, professora do departamento de Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Em 2002, o projeto desenvolveu uma oficina de jardinagem terapêutica com crianças com transtorno mental grave em um canteiro coletivo dentro da universidade.
"A responsabilidade de cada paciente com as plantas, a manutenção do jardim e o uso das ferramentas produzem um caráter terapêutico que poderá interferir na forma de ele lidar com os cuidados pessoais e com a capacidade de entendimento social", afirma a médica.
Durante a prática, a dose certa do cuidado também era colocada em questão: "Crianças muito afobadas colocavam muita água e acabavam machucando a planta".
O Projeto Crescer, que oferece aulas de capacitação profissional em jardinagem para jovens de baixa renda no parque Tenente Siqueira Campos (Trianon), é outro exemplo de como o jardim pode ser usado como meio de integração social. Essa semente foi plantada há dez anos pela bióloga Assucena Tupiassu, quando coordenava a Escola de Jardinagem do parque Ibirapuera, em São Paulo --cuja fila de espera chega a durar mais de um ano.
"Nos arredores do parque, havia muitas crianças que tomavam conta dos carros e ficavam o dia inteiro sem fazer nada. Começamos a oferecer oficinas de jardinagem", afirma a bióloga. Como as plantas, as crianças foram crescendo, e Assucena resolveu criar o curso profissionalizante com duração de um ano.
"É possível aprender muito com as plantas. A gente se coloca na situação delas, entende a planta e se entende também. Eu gosto muito do bambu, que é flexível, pode ir até o chão numa tempestade, mas nunca quebra."
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