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11/01/2007
-
10h54
FLÁVIA MANTOVANI
TATIANA DINIZ
da Folha de S.Paulo
Por se tratar de um novo campo de pesquisa, as perguntas sobre estimulação magnética ainda são muitas. Não há, por exemplo, diretrizes que padronizem como o tratamento deve ser feito para cada doença -duração da sessão, intensidade e intervalo entre os pulsos etc. Em geral, para depressão, são feitas aplicações diárias durante um mês -alguns pacientes melhoram antes.
"Os protocolos variam muito. É preciso criar padrões. Também não se sabe quanto tempo dura o efeito das sessões. Os relatos vão de semanas a vários meses", diz o neurologista e neurofisiologista Joaquim Brasil-Neto, da UnB (Universidade de Brasília).
No laboratório de neurociências e comportamento do Instituto Central de Ciências da UnB, a técnica é aplicada principalmente para depressão.
Mas já foi feito um trabalho com epilepsia que constatou que o método só funciona bem em um tipo específico, no qual o foco epiléptico fica no córtex (a camada mais externa do cérebro). "Quando o problema está profundamente situado no cérebro, não conseguimos atingir", explica Brasil-Neto.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul também já pesquisa a EMTr, principalmente para alucinações auditivas --comuns em pacientes com esquizofrenia.
"Os resultados são muito interessantes. Não só os sintomas diminuem como a qualidade de vida melhora. Pacientes que não ficavam mais do que 15 minutos com a família já conseguem passar todo um fim de semana", conta o psiquiatra Paulo Belmonte de Abreu, coordenador do Programa de Esquizofrenia e Demências do HC de Porto Alegre.
A psiquiatra Marina Odebrecht Rosa explica que, nesses pacientes, a EMTr é usada para inibir zonas em que o metabolismo cerebral é muito intenso. Ela também investigou, na USP, o uso do método em 11 portadores de esquizofrenia grave que não reagiam a remédios. Seis receberam a estimulação real e cinco foram submetidos a sessões simuladas. "Em duas semanas, dois pacientes atingiram melhoras excelentes e se livraram das vozes por três meses. Mas houve também casos que não apresentaram melhora", pondera Marina.
Criatividade
Não é só para aliviar doenças que a EMTr tem despertado interesse. Já há quem estude seu uso em pessoas saudáveis, para estimular áreas do cérebro ligadas a capacidades cognitivas.
Na Austrália, por exemplo, o Centre for the Mind, ligado à Universidade de Sidney e à Universidade Nacional da Austrália, tem usado a estimulação magnética para tentar melhorar temporariamente a criatividade das pessoas.
Nos Estados Unidos, o Departamento de Defesa encomendou um estudo com um dispositivo portátil de EMTr que pudesse potencializar os reflexos de soldados. "A técnica melhorou a performance de homens que não tinham dormido nas últimas 36 horas. Mas o efeito foi menor do que o de uma xícara de café", diz Mark George, que conduziu o teste.
"Acontece com toda técnica", afirma Joaquim Brasil-Neto. "Abre-se um leque enorme e pensa-se em usar para uma série de coisas. Com o tempo, só os usos mais interessantes são incorporados."
No próprio HC da USP já foi constatado, em uma pesquisa, a melhora de um tipo de memória em estudantes saudáveis. "Temos que ir com calma. Ainda faltam estudos. E, mesmo que funcione, há uma questão ética, pois isso pode ser usado com objetivos que não são adequados", alerta Marcolin.
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TATIANA DINIZ
da Folha de S.Paulo
Por se tratar de um novo campo de pesquisa, as perguntas sobre estimulação magnética ainda são muitas. Não há, por exemplo, diretrizes que padronizem como o tratamento deve ser feito para cada doença -duração da sessão, intensidade e intervalo entre os pulsos etc. Em geral, para depressão, são feitas aplicações diárias durante um mês -alguns pacientes melhoram antes.
"Os protocolos variam muito. É preciso criar padrões. Também não se sabe quanto tempo dura o efeito das sessões. Os relatos vão de semanas a vários meses", diz o neurologista e neurofisiologista Joaquim Brasil-Neto, da UnB (Universidade de Brasília).
No laboratório de neurociências e comportamento do Instituto Central de Ciências da UnB, a técnica é aplicada principalmente para depressão.
Mas já foi feito um trabalho com epilepsia que constatou que o método só funciona bem em um tipo específico, no qual o foco epiléptico fica no córtex (a camada mais externa do cérebro). "Quando o problema está profundamente situado no cérebro, não conseguimos atingir", explica Brasil-Neto.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul também já pesquisa a EMTr, principalmente para alucinações auditivas --comuns em pacientes com esquizofrenia.
"Os resultados são muito interessantes. Não só os sintomas diminuem como a qualidade de vida melhora. Pacientes que não ficavam mais do que 15 minutos com a família já conseguem passar todo um fim de semana", conta o psiquiatra Paulo Belmonte de Abreu, coordenador do Programa de Esquizofrenia e Demências do HC de Porto Alegre.
A psiquiatra Marina Odebrecht Rosa explica que, nesses pacientes, a EMTr é usada para inibir zonas em que o metabolismo cerebral é muito intenso. Ela também investigou, na USP, o uso do método em 11 portadores de esquizofrenia grave que não reagiam a remédios. Seis receberam a estimulação real e cinco foram submetidos a sessões simuladas. "Em duas semanas, dois pacientes atingiram melhoras excelentes e se livraram das vozes por três meses. Mas houve também casos que não apresentaram melhora", pondera Marina.
Criatividade
Não é só para aliviar doenças que a EMTr tem despertado interesse. Já há quem estude seu uso em pessoas saudáveis, para estimular áreas do cérebro ligadas a capacidades cognitivas.
Na Austrália, por exemplo, o Centre for the Mind, ligado à Universidade de Sidney e à Universidade Nacional da Austrália, tem usado a estimulação magnética para tentar melhorar temporariamente a criatividade das pessoas.
Nos Estados Unidos, o Departamento de Defesa encomendou um estudo com um dispositivo portátil de EMTr que pudesse potencializar os reflexos de soldados. "A técnica melhorou a performance de homens que não tinham dormido nas últimas 36 horas. Mas o efeito foi menor do que o de uma xícara de café", diz Mark George, que conduziu o teste.
"Acontece com toda técnica", afirma Joaquim Brasil-Neto. "Abre-se um leque enorme e pensa-se em usar para uma série de coisas. Com o tempo, só os usos mais interessantes são incorporados."
No próprio HC da USP já foi constatado, em uma pesquisa, a melhora de um tipo de memória em estudantes saudáveis. "Temos que ir com calma. Ainda faltam estudos. E, mesmo que funcione, há uma questão ética, pois isso pode ser usado com objetivos que não são adequados", alerta Marcolin.
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