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22/04/2007 - 16h10

Passeio noturno mostra intimidade dos bichos no zôo de São Paulo

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ADRIANA KÜCHLER
da Revista da Folha

Na cidade que não pára, nem os bichos têm direito de descansar. Não sem serem observados. Enquanto macacos, girafas e elefantes dormem, é possível bisbilhotar a vida dos animais que não acordam com as galinhas em um passeio noturno ao Zoológico de São Paulo.

E não faltam curiosos. Os passeios só acontecem às sextas-feiras, e as reservas precisam ser feitas com cerca de um mês de antecedência. Crianças e adultos formam um público bem heterogêneo que embarca nessa miniaventura perto das 19h (há grande chance de atraso, pela proximidade da hora do rush) com breve apresentação de alguns bichos no auditório do zôo.

Antes que alguém demonstre sinal de medo, o lagarto-rabo-de-macaco se assusta e faz xixi "na calça", quer dizer, na mão do treinador. Fora do script, mas em boa hora para relaxar o grupo.

A visita é conduzida por biólogos-guias, com lanternas de luz vermelha (que não machucam os olhos dos animais), por caminhos iluminados por tochas. Para respeitar os bichos, fotos só sem flash e celulares desligados.

A trilha noturna, que percorre aproximadamente 40% do zoológico, passa também por uma área restrita ao público durante o dia, o cambiamento. É ali, em jaulas menores, que os bichos comem e passam a noite. O grupo chega muito perto dos animais, a menos de 1 m de distância.

Se a visita noturna perde pela variedade, atrai pela movimentação. É à noite que os felinos ficam despertos. O que significa que o visitante não terá de se contentar em ver o tigre bocejando ou o leão roncando na relva.

"Os grandes predadores, principalmente os felinos, ficam acordados porque preferem caçar durante à noite, quando conseguem se esconder melhor e evitar o desgaste de energia que uma caçada durante o dia exige", explica o biólogo do Zoológico de São Paulo Guilherme Domenichelli.

Os primeiros a serem visitados são Kit e Kat, duas suçuaranas de pouco mais de um ano, que perderam a mãe para um caçador no Tocantins e vieram parar no zôo de São Paulo. Sem um adulto por perto, por volta das 20h, as crianças brincam de caçar: perseguem cocos e catam pedaços de carne escondidos em um monte de feno.

Eles, como quase todos os bichos do local, participam do Peca (Programa de Enriquecimento Comportamental Animal), que propõe aos animais várias atividades para diminuir o "estresse" do cativeiro: tirar uma fruta de dentro de um bloco de gelo é uma dessas atividades relaxantes.

Às 21h30, a leoa Nina, vinda de um circo, está com a macaca e marca território, inquieta, perto das grades da jaula, enquanto a onça-pintada Simba deita sem dar muita bola para as visitas. A intimidade é tanta que, na hora em que o tigre Trigo decidiu ir ao banheiro, foi preciso tomar distância para o xixi não respingar.

Fora do cambiamento, uma das visões mais surpreendentes do passeio não é a de nenhum bicho que se costuma ver no zoológico: no meio da escuridão, centenas de vaga-lumes reluzem ao piscar seus abdomens sobre o lago. A época para observar esses parentes do besouro é agora, já que eles só costumam aparecer de outubro a abril.

O passeio só fica um pouco assustador quando é hora de visitar a casa de dona Tetéia, uma "senhora hipopótama" argentina, que divide espaço com a filha Sininho. Considerados agressivos e territorialistas, os hipopótamos passam o dia na água, fugindo do calor e, à noite, vem abrir suas bocas enormes bem perto dos convidados enquanto tiram a barriga da miséria, comendo seus 40 kg diários de capins e afins.

À noite, também é possível observar, com menos intimidade, os bichos avessos à badalação noturna. Do alto de seus 36 anos, o velho macaco gibão se esconde das câmeras e vai dormir dentro de sua casinha. As girafas Zagalo e Sapeca até desfilam para a platéia, mas, depois das 22h, têm mais o que fazer e vão comer.

A essa altura, as crianças do grupo já estão famintas e cansadas (quando não estão dormindo) e podem, junto com os adultos, aproveitar um lanche oferecido ao final do passeio.

Na cidade que não pára, os bichos têm só dez horas de folga até as próximas visitas chegarem.

Zoológico Noturno
Quando: Às sextas, a partir das 19h. Não há passeio em feriados
Onde: Zoológico de São Paulo. Av. Miguel Estéfano, 4.241, Saúde, tel. 5073-0811; www.zoologico.sp.gov.br
Quanto: R$ 40 (crianças de cinco a dez anos) e R$ 60 (a partir de 11 anos). É recomendável reservar com um mês de antecedência

Esta reportagem foi publicada pela Revista da Folha em 01/04/2007

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