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29/01/2006 - 10h59

Genética e talento tornam Romário, 40, exceção

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RODRIGO MATTOS
da Folha de S.Paulo

Está registrado no departamento médico do Vasco: Romário, 40, 1,69 m, está com cerca de 8% de gordura corporal e aproximadamente 72 kg, valores bem inferiores aos que começou o ano. São também menores do que os números do craque em 1988, há 17 anos, pela seleção brasileira. Então, o jogador tinha 2% a mais de gordura e 2 kg a mais --era considerado acima do ideal pela comissão técnica da equipe nacional.

Ao fazer seus 40 anos, hoje, o atacante alia a genética privilegiada a uma dedicação física inédita para se manter no topo e lutar pela marca de mil gols. Ele melhorou seus índices de testes médicos e reduziu seu desgaste muscular.

"Nos exames de sangue e urina, que fez quando chegou ao Vasco, o Romário tinha físico compatível com um homem de 39 anos. Mas agora ele tem índices de um atleta", explicou o vice-presidente médico do clube, Pedro Valente.

Foi o dirigente e médico que o convenceu a adotar a dieta do higienismo, surgida nos Estados Unidos e usada por lutadores de jiu-jitsu no Brasil. Segundo Valente, ele pratica 60% do regime, mais do que lhe foi pedido.

O refrigerante do vestiário foi trocado por sucos de frutas e água-de-coco. Na churrascaria, passou da carne vermelha para o sushi, o frango e a salada.

Sem comer alimentos pesados, o jogador tem mais facilidade para digerir, o que melhora o seu rendimento físico. E perdeu de 5 kg a 6 kg em 2005, disse Valente.

Se diminuiu seu peso, Romário evitou a redução do ritmo da morte das células do seu tecido muscular do tipo 2, que têm reação mais rápida e são ideais para piques. A maior parte das suas fibras musculares tem essa característica, o que lhe permite chegar à frente em distâncias curtas.

Mas elas sofrem um desgaste com a idade. Esse processo é conhecido como sercopenia. Segundo o médico André Pedrinelli, especialista no esporte, depois dos 30 anos, o homem perde 1% de seus músculos por ano.

Romário minimiza o processo com uma ou duas sessões em aparelhos de musculação e outras duas de piques por semana. A interlocutores, disse que não dava tanta atenção aos treinos antes. "Ele está entre os melhores do grupo [nas corridas curtas], incluindo os mais jovens. Assim consegue ganhar dois ou três centésimos na frente do marcador, o que representa 50 cm de vantagem no campo", diz o fisiologista vascaíno, Daniel Gonçalves.

Nesta parte, entra a inteligência de Romário. Sabendo que perderá dos rivais nos piques de 10 a 15 metros, prefere jogar nos espaços curtos.
"Normalmente, os caras adaptam seu jogo quando ficam mais velhos", disse Pedrinelli. "Mais de 70% da performance de um atleta depende do fator genético."

Mais uma vez a herança ajuda. Neste ano, os dados genéticos do jogador foram verificados por avaliação isocinética e pela análise das impressões digitais, método russo usado para atletas olímpicos. Ambos os testes apontaram que sua musculatura é menos propensa às contusões por ter fibras mais coordenadas. Para conservar esse patrimônio, o fisioterapeuta Marcelo Coutinho acompanha Romário até nos treinamentos em casa.

Viagens longas, especialmente de avião, são evitadas pelo desgaste das articulações e mudanças de campos. Entretanto, neste início de ano, em forma, Romário agüenta até duas partidas por semana, afirma a comissão do Vasco. E assim se aproxima da marca dos mil gols na carreira.

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