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29/01/2006 - 11h35

Para contemporâneos de Romário, fonte da juventude é o estilo de jogo

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FÁBIO SEIXAS
da Folha de S.Paulo

Está no diário do ex-zagueiro André Cruz na internet. "Voltamos a fazer uma boa apresentação. Pressionamos bem o adversário, e os gols vieram com naturalidade. Esperamos que agora a equipe continue neste caminho."

O time, o Goiás, continuou. Ele não. Sem o fôlego de outrora e sem uma proposta interessante para prosseguir, parou. Foi o último registro no diário. A data, 21 de setembro de 2003. Um dia antes, ele comemorou seus 35 anos.

"Resolvi apostar numa outra carreira, de empresário de jogadores. Vou tentar juntar uma garotada de qualidade, com passaporte europeu, e mandar para clubes de lá", afirmou à Folha, do alto dos seus, agora, 37 anos.

Pelos mesmos motivos pararam, antes dos 40, Bebeto, Jorginho, Ademir, Taffarel, Aloísio, Geovani... Jogadores unidos por um elo, o time que apresentou Romário ao mundo, a seleção dos Jogos de Seul.

Dos 21 jogadores medalha de prata em 88, só um continua em atividade, o aniversariante de hoje. Exceção que ganha mais ar de façanha com a seguinte constatação: cinco integrantes daquele grupo são mais novos que Romário.

De lá para cá, alguns dos candidatos a estrela emplacaram, outros caíram no ostracismo. E hoje quase todos estão novamente juntos, longe dos holofotes. A exceção, mais uma vez, o que mais brilhou: o melhor jogador do mundo em 94, segundo a Fifa.

Companheiros de um Romário quase adolescente, eles têm as mesmas opiniões para explicar o Romário que entra nos 40.

"Talento puro. Isso explica tudo. A qualidade dele dentro da área é absurda. Nunca joguei com alguém parecido", diz o ex-lateral Jorginho, que ontem enfrentou o colega olímpico e da conquista do tetra numa situação inusitada.

Técnico do América, tentou, em vão, armar seu time para impedir que Romário avançasse, em cima deles, na sua busca pelo milésimo gol. Ontem, ele somou 950.

O ex-zagueiro Aloísio, que se aposentou em 2001, aos 38, viu o surgimento do atacante de uma posição privilegiada. "Dividi o quarto com ele em Seul. O baixinho sempre foi talentoso e autoconfiante e acho que esses são os motivos para ele continuar", afirmou, por telefone, de Portugal.

"Ele já não corre mais como antes, mudou o comportamento dentro de campo, mas não esqueceu o que aprendeu quando era moleque: fazer gols", declara o armador daquele time e parceiro de Romário no início de carreira no Vasco, Geovani, que também pendurou as chuteiras aos 38.

Para o meia, a "falta de pernas" foi determinante na hora de parar. "Eu já não achava agradável jogar. A perna não acompanhava a cabeça e ainda havia a dificuldade de jogar num lugar que não é central para o futebol do país."

Nos últimos cinco anos de carreira, o atual deputado estadual pelo PSDB atuou por clubes de seu Estado natal, Espírito Santo.

Jorginho, que deixou os campos em 2001, aos 37, não pretendia "ficar pingando de clube em clube pequeno", enquanto Aloísio só queria mesmo evitar "fazer feio".

Mas, além do talento e da mudança de postura em campo, há outra razão "boleira" para Romário prosseguir. Foi confidenciada a André Cruz, o mesmo do diário interrompido, na última vez que os dois se encontraram numa área, no Maracanã, em 2002.

"Uma hora estávamos ali, só eu e ele, tantos anos depois de Seul e ele me disse: "Pô, André, esses caras de hoje são muito fracos. Vamos ter que continuar até os 40."

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