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18/05/2003 - 09h01

Para ator Wagner Moura, leis de incentivo são dúbias

JANAINA FIDALGO
da Folha Online

"Ao mesmo tempo que eu concordo com a argumentação de que a cultura em si já é uma contrapartida social, acho que é de interesse de todo mundo que essa cultura chegue na população mais carente que não pode pagar R$ 14 para ver um filme", diz o ator Wagner Moura, 26, sobre as mudanças propostas pelo governo federal para as leis de incentivo à cultura.

O ator defende o debate entre o governo e a classe artística e afirma que o cineasta Cacá Diegues "não quis representar ninguém" na reunião da qual participou, no Rio, com o ministro Gilberto Gil (Cultura) e o chefe da Secom (Secretaria de Comunicação do Governo e Gestão Estratégica), Luiz Gushiken.

"Ele foi por ele (...). Eu tenho certeza que o Cacá foi lá falar uma coisa que ele acreditava."

Acompanhe mais um trecho da entrevista do ator:

Folha Online - E esta polêmica criada sobre as leis de incentivo à cultura? Qual é sua posição?

Moura -
Eu tenho acompanhado o que está acontecendo. Eu acho o Cacá uma das figuras mais lúcidas da cultura brasileira. Uma das inteligências mais interessantes da nossa cultura. Eu não acho que o governo quis impor nada, mas acho a posição que o Cacá tomou importantíssima. E inclusive, a posição que os outros cineastas tomaram mandando o abaixo-assinado também é importante.

Folha Online - Para gerar debate...

Moura -
Justamente por isso. Porque se o governo lança uma proposta dessa e a classe acata, é uma cagada. Se o Cacá se coloca e os outros cineastas acatam e se sentem representados por ele, também está errado. Mas o Cacá, inclusive, não quis representar ninguém. Ele foi por ele. Não acho legal é o rancor. Se houvesse qualquer tom rancoroso eu acho equivocado. Eu tenho certeza que o Cacá foi lá falar uma coisa que ele acreditava.

Folha Online - Mas qual é sua postura em relação às mudanças propostas pelo governo? Você defende a existência de uma cota para participação popular?

Moura -
Eu acho difícil quando se fala de cinema porque os produtores não têm esse controle. Os caras produzem, mas a distribuição e exibição dos filmes não está ao alcance deles. É muito dúbio.

Ao mesmo tempo que eu concordo com a argumentação de que a cultura em si já é uma contrapartida social, acho que é de interesse de todo mundo que essa cultura chegue na população mais carente que não pode pagar R$ 14 para ver um filme. Mas não sei dizer de que forma isso tem de acontecer.

O Brasil tem um problema grave, especificamente falando de cinema, que é um número muito reduzido de salas. Acho que os filmes americanos, não sei como é isso, talvez esteja falando uma coisa que eu desconheça, mas acho que tem de haver uma certa taxação em relação aos filmes americanos, de imposto mesmo, para que seja revertido para a gente poder fazer o nosso. Isso eu acho justo. (...) Eu não quero parecer nacionalista, mas acho que é uma indústria que merece e promete. Pelos filmes que estão em cartaz agora, vê-se que é um cinema de qualidade, que pode ser desenvolvido um mercado bacana para esse cinema. Às vezes, você concorre com um blockbuster americano que te toma... Eu não sei dizer quais são as coisas que tem de acontecer.

Folha Online - Neste ano, mais dois filmes seus chegam às telas brasileiras. Quando estréiam?

Moura -
Eu não sei. "O Homem do Ano" eu fiz uma participação pequena. Estou menos inteirado do que acontece. "O Caminho das Nuvens" vai ser lançado em setembro, se não me engano.

Folha Online - O que você tem engatilhado, quais trabalhos já estão certos?

Moura -
De cinema nada. O que está mais ou menos engatilhado é a minha continuação no "Carga Pesada". No teatro, o momento agora... Com essa discussão das leis de incentivo, os produtores culturais não estão conseguindo captar. É difícil falar de uma coisa concreta quando não se tem dinheiro para fazer. Tenho esse projeto com a Xuxa e com a Eliane. Acho que o da Xuxa ela já tem o patrocínio, mas "Gota d'Água" não tem nada ainda. Ninguém conseguir captar nada. Eu espero que se resolva em breve. Essa coisa de patrocínio está sendo bem complicada. Acho que a discussão é interessante, mas não ela devia paralisar tanto porque enquanto se discute as coisas estão paradas.

Folha Online - Fora a discussão das políticas culturais, que avaliação você faz do atual governo?

Moura -
Boto a maior fé no novo governo. Eu votei no Lula, eu acredito muito nele, acredito no PT. Acho que o PT está sendo responsável, mesmo sendo alvo de críticas pesadas de facções do próprio partido. Eu acredito no presidente. Acho que eles estão fazendo o que têm de fazer. Espero que as reformas passem, a reforma tributária e da Previdência. Acho que são reformas importantes. Há coisas a serem discutidas, tipo a taxação dos inativos, mas a discussão é importante.

Folha Online - Você consegue acompanhar as notícias?

Moura -
Não consigo acompanhar muito, não consigo estar muito bem informado sobre...

Folha Online - Sobre tudo...

Moura -
[risos] Sobre nada, na verdade. Mas eu tento pescar um pouquinho do que está acontecendo, lógico.

Folha Online - Como é seu dia-a-dia quando não está gravando, viajando?

Moura -
Eu agora estou tranquilo porque como eu acabei de gravar o "Carga Pesada" e não estou fazendo outra coisa, estou podendo ler e tal.

Folha Online - A TV dá muita visibilidade. Como está seu relacionamento como o público?

Moura -
O reconhecimento que eu tenho tido nas ruas vem do cinema, basicamente. Até hoje, a não ser alguns amigos, ninguém veio falar comigo por causa do "Carga Pesada". Até porque eu estou todo barbado e com o cabelo diferente.

Folha Online - Como é a abordagem? O assédio mudou sua rotina?

Moura -
A abordagem é sempre muito carinhosa, muito respeitosa. Eu estou super contente. Não estou estranhando, não estou achando que estou sendo invadido. Eu continuo fazendo tudo igual. Vou à praia, vou ao cinema. Tudo igual. Fui ao Maracanã ver o Vitória jogar com o Flamengo. É gostoso, cara. Eu te confesso que tenho gostado. Não tem sido um choque, não tem sido uma coisa traumática, até porque não é uma abordagem como deve acontecer com os caras que fazem TV há muito tempo, uma histeria. Não tem isso.

Folha Online - Você é caseiro?

Moura -
Eu estou num momento mais caseiro, mas já fui de ficar na rua. Hoje em dia estou mais a fim de ficar em casa. Até porque a gente corre tanto, viaja, trabalha fazendo tanta coisa. A hora que pode ficar em casa é tão bom.

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