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18/02/2004
-
08h44
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S.Paulo
No redemoinho de mudanças radicais que cobre o atual mundo da música, o Brasil se vê diante de uma dúvida cruel: a indústria local sobreviverá até que se defina um modelo econômico viável de substituição ao moribundo CD?
As vendas de CDs despencam e garantem cada vez menos a sustentação da indústria musical. No mundo a ordem do dia é a distribuição de música pela internet. Na contramão, o Brasil engatinha na revolução virtual.
O único site local especializado, iMusica, comercializa cerca de 15 mil downloads por mês --o modelo internacional, iTunes, vendeu cerca de 20 milhões de downloads em menos de um ano.
Gerente-geral da Universal, José Antônio Eboli é um dos que afirmam que não há o que fazer, a não ser esperar e contar com o que resta de consumo da matéria física (CD, DVD etc.).
Ele diz que a Universal, dita gravadora número um no país, não poderia explorar seu extenso catálogo nacional numa loja virtual equivalente ao modelo vitorioso da Apple (o iTunes, que vende downloads de música a U$ 0,99).
"Não há como intervir e entrar nisso agora. A gente é só parte de uma multinacional, esbarraria em normas e procedimentos que ainda não estão definidos", diz Eboli.
Ele enumera objeções à inclusão imediata do Brasil na nova era. Argumenta que apenas 2% dos brasileiros têm acesso a internet de banda larga, vital para a velocidade dos downloads. Lembra que o aparelhinho-sensação iPod (capaz de armazenar até 10 mil músicas) custa cerca de R$ 3.000.
Conclui que uma gravadora como a Universal suportará a travessia sustentada, ainda, pelo decrescente mercado físico de CDs.
João Marcello Bôscoli, presidente da gravadora nacional Trama, bate de frente com essa visão. "A indústria esvaiu o modelo até matá-lo, construiu edifícios enormes sustentados por uma caixinha de plástico (o CD)", critica. "As empresas quebraram, e seus dirigentes estão milionários."
Ele continua: "As pessoas têm raiva das gravadoras, mas é preciso separar. Quem está doente é a indústria, não é a música. Precisamos voltar a dissociar o que é indústria do que é música e artista".
Filho de Elis Regina, Bôscoli critica também o acomodamento dos próprios artistas: "O artista alienado, que só quer sair na revista "Caras", é co-responsável por essa situação".
Leia mais
Loja virtual vende só 15 mil faixas por mês
Gravadoras apostam em shows
Brasil se atrasa na corrida que deve substituir indústria de CDs
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da Folha de S.Paulo
No redemoinho de mudanças radicais que cobre o atual mundo da música, o Brasil se vê diante de uma dúvida cruel: a indústria local sobreviverá até que se defina um modelo econômico viável de substituição ao moribundo CD?
As vendas de CDs despencam e garantem cada vez menos a sustentação da indústria musical. No mundo a ordem do dia é a distribuição de música pela internet. Na contramão, o Brasil engatinha na revolução virtual.
O único site local especializado, iMusica, comercializa cerca de 15 mil downloads por mês --o modelo internacional, iTunes, vendeu cerca de 20 milhões de downloads em menos de um ano.
Gerente-geral da Universal, José Antônio Eboli é um dos que afirmam que não há o que fazer, a não ser esperar e contar com o que resta de consumo da matéria física (CD, DVD etc.).
Ele diz que a Universal, dita gravadora número um no país, não poderia explorar seu extenso catálogo nacional numa loja virtual equivalente ao modelo vitorioso da Apple (o iTunes, que vende downloads de música a U$ 0,99).
"Não há como intervir e entrar nisso agora. A gente é só parte de uma multinacional, esbarraria em normas e procedimentos que ainda não estão definidos", diz Eboli.
Ele enumera objeções à inclusão imediata do Brasil na nova era. Argumenta que apenas 2% dos brasileiros têm acesso a internet de banda larga, vital para a velocidade dos downloads. Lembra que o aparelhinho-sensação iPod (capaz de armazenar até 10 mil músicas) custa cerca de R$ 3.000.
Conclui que uma gravadora como a Universal suportará a travessia sustentada, ainda, pelo decrescente mercado físico de CDs.
João Marcello Bôscoli, presidente da gravadora nacional Trama, bate de frente com essa visão. "A indústria esvaiu o modelo até matá-lo, construiu edifícios enormes sustentados por uma caixinha de plástico (o CD)", critica. "As empresas quebraram, e seus dirigentes estão milionários."
Ele continua: "As pessoas têm raiva das gravadoras, mas é preciso separar. Quem está doente é a indústria, não é a música. Precisamos voltar a dissociar o que é indústria do que é música e artista".
Filho de Elis Regina, Bôscoli critica também o acomodamento dos próprios artistas: "O artista alienado, que só quer sair na revista "Caras", é co-responsável por essa situação".
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