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11/03/2004 - 08h34

Celulares são novo porto seguro da indústria musical

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DIEGO ASSIS
enviado especial da Folha a Miami

A indústria fonográfica enxerga dois vilões responsáveis pela crise por que passa: os fabricantes de CDs piratas e (genericamente) os adolescentes que trocam diariamente pela internet milhões e milhões de músicas sem o pagamento dos devidos direitos autorais.

Enquanto luta na Justiça para punir os seus culpados, as chamadas "majors" parecem ter finalmente encontrado um porto seguro para a distribuição de seu conteúdo: os telefones celulares.

Bastante popular no Japão e na Coréia do Sul e recentemente incorporada aos mercados europeus, a tecnologia permite "baixar" faixas de artistas conhecidos disponíveis nos sites das operadoras com as quais a indústria mantém parcerias e carregá-las, em formato MP3, no telefone celular.

O assunto, que já havia sido debatido na feira internacional de música Midem, realizada em janeiro deste ano, em Cannes, foi também destaque na Miami Music Multimedia, conferência que levou 8.000 profissionais da área (artistas e empresas) à capital da Flórida no último fim de semana.

"[A distribuição de música por celular] é um mecanismo que funciona. As gravadoras estão entusiasmadas para trabalhar nesse novo espaço porque sabem que serão pagas por esse conteúdo", afirmou Peter Lurie, advogado da Virgin Mobile USA, braço do grupo Virgin dedicado essencialmente à telefonia celular. Para ele, "em cinco anos o celular substituirá o iPod [espécie de walkman digital da Apple, que virou febre na Europa e nos EUA]".

O principal motivo para que isso não aconteça, digamos, amanhã, é que, ao contrário do que já ocorre hoje nos países da Ásia e em alguns lugares da Europa, tanto as operadoras de telefonia da América do Norte quanto as da América do Sul não possuem infra-estrutura para distribuir grandes quantidades de dados em um curto espaço de tempo.

A maior parte das "faixas" distribuídas hoje são na verdade os "ringtones", toques de celular que têm duração curta comparada a uma música inteira. Além disso, a memória disponível para armazenar músicas em um telefone celular é mínima (cerca de dez faixas, no máximo), se comparada às milhares de músicas que podem ser portadas em um iPod hoje.

"O que estamos fazendo é criar novas formas para que as pessoas ouçam um disco. Os 'ringtones' já são bem populares, mas é difícil dizer que benefícios [financeiros] isso vai trazer. Estamos falando em centavos", ponderou David Pakman, co-fundador da MyPlay.

Sony Music, Universal e Warner também anunciaram recentemente sua entrada no mercado de música por celular, disponibilizando parte significativa de seu catálogo para os usuários na forma de "ringtones" ou MP3.

Ainda que relativamente distantes do Brasil, as mudanças nesse cenário começam a reverberar por aqui numa parceria mundial da MTV com a Motorola. A idéia é que o canal musical forneça conteúdo para seus aparelhos.

O DJ e radialista inglês Pete Tong, da Radio 1/BBC, também aposta no formato. Batizado de "FastTrax", seu programa consiste em boletins sobre bandas e DJs especificamente desenhados para serem projetados no celular.

"Já começamos a desenvolver técnicas de filmagens específicas para esse fim. Já tenho encomendas para fazer um programa só de surfe, um só de rock e até um de cozinha. É uma grande oportunidade para se envolver. E ninguém tinha pensado nisso ainda", concluiu Tong.

O jornalista Diego Assis viajou a Miami a convite da Motorola

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